Vinte Nove

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O final de semana passou relativamente rápido, mas muito angustiante. As buscas da polícia não deram em nada.

Os oficiais sondaram os vizinhos de Flávio discretamente em busca de alguma informação de um menino, e nada. Ninguém havia visto nada estranho. A polícia o seguiu discretamente, mas nada no comportamento de Flávio apontou que ele estava com uma criança. E com isso, nós víamos a cada minuto a mais uma Rebeca desesperada e triste, que comia cada vez menos, segundo Raquel, que se ofereceu para acolher ela em casa.

Hoje, segunda feira, é o dia que vamos descobrir se ele irá ou não dar as caras na empresa. O que poderá facilitar muito a nossa vida. Se não for assim, as coisas serão mais difíceis.

A polícia diz que se não o pegarem hoje, já não poderão esperar para ver pela criança. Irão prendê-lo por roubo e assédio, e tentar achar a localização do menino. E se ele não der o local, as investigações continuam até acharem a criança. Mas o problema, é onde, ou com quem o filho de uma puta escondeu um menino de um ano! Eu espero que achemos esse menino bem, porque juro por Deus, que se algo acontecer com essa criança eu mato o desgraçado com minhas próprias mãos.

Como aconselhado, todos chegamos normalmente na empresa. E além de Katherine, Heitor, Raquel e Olívia, apenas o chefe da segurança sabia da vinda da polícia. Então tudo corria normalmente, as pessoas chegando em seus horários, Fernanda inclusive retornou a empresa hoje, mas hoje ela ficaria no lugar de Raquel, que estava em casa com Rebeca por nosso pedido. O relógio bateu as 8:30 am e nada de Flávio, as 9am e nenhum sinal; as 10hrs Katherine resolveu pedir para Paula, a secretaria amiga e cúmplice dele, que ligasse para o mesmo, afirmando ser de extrema urgência a presença dele na empresa. A mulher, Paula, não suspeitou de nada ao que parece, pois ela ligou prontamente e informou que ele não atendia.

Katherine me contou isso desolada, pensando em como a criança estaria e como o acharíamos. Puta que me pariu! O desgraçado sabe! Não tem outra explicação! O canalha descobriu, só não sabemos o que ele descobriu. Então resolvemos ainda manter em segredo.

Confesso que o medo tomou conta de mim. Não pelo que ele fez comigo ou com a minha empresa, mas sim pelo que ele fez a Rebeca e ao filho dela. Não me importa nunca mais ver a cara dele, mas precisávamos achar esse menino.

Olivia a essa altura já estava tremendamente abalada. Ela então resolveu ir trabalhar nas alterações da fábrica para se distrair. Segundo suas próprias palavras, se ela ficasse em casa enlouqueceria e se fosse para a sede da Russell's não teria cara de aturar os cúmplices de Flávio.

Eu entendo a revolta dela por ainda não os termos demitido, mas não poderíamos arriscar que Flávio soubesse da quantidade de acusações que pesam sobre ele e de todos que estavam atrás dele.

Liv resolveu desde sábado a noite que não iria mais ficar no hotel, assim se mudando temporariamente lá para casa. Confesso que a palavra temporária me deixou apreensivo, afinal eu não sei o que ela vai fazer ainda. Nós não tivemos cabeça ou tempo para conversar sobre isso. Apenas nos dedicamos a resolver os problemas finais que ainda tinham na Russell e em ajudar a polícia com o que necessário para acharmos o menino. E ainda havia o fato de eu finalmente conseguir pegar os documentos que estavam no cofre da mesa, eu simplesmente nunca o havia aberto, porque era o lugar do meu pai, onde ele colocava as coisas dele. Pode ser besteira mas não sei, não conseguia usar. Assim, peguei o nome das empresas que estavam ajudando Flávio e amanhã mesmo ligarei para todas para cancelar os contratos. Um barulho me desperta de minhas reflexões e vejo a porta se abrir:

— Senhor Russell — vejo Fernanda entrar — Tem uma senhora dizendo que precisa falar com o senhor. Ela disse que o senhor sabe do que se trata. Seu nome é Mariana Dias. 

ESTEVÃO - Livro Um - Trilogia Russell's CompanyOnde histórias criam vida. Descubra agora