Quarenta e Um

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Mais quatro dias se passaram até que achasse o lugar perfeito. A saga com as casas foi grande, nenhuma batia com a minha expectativa para um lar, até que eu achei uma perfeita. Tinha certeza que Olívia iria amar. Então eu corri para arrumar tudo. Combinei com ela um encontro enfrente a casa sem dizer o que seria. Eu já estava passando em frente a joalherias desde que cheguei na Austrália, mas de uns cinco dias até hoje, tenho entrado em cada uma delas em busca da joia perfeita. Então eu o achei. Era um anel de aproximadamente 7mm, de ouro branco com um diamante grande em seu centro, e com pequenas safiras azuis contornado o diamante. Era lindo, simples e elegante. Como Olívia. Na mesma hora o comprei e o guardei com cuidado no bolso do meu blazer, afinal não queria perder-lo. Não sei se acharia outro que combinasse tanto com ela.

Com o coração a mil a hora de ir ao local chegou. Pedi ao corretor que eu pudesse mostrar a casa a ela sozinho. O mesmo então iria ao local abrir a casa e quando eu acabasse ligaria para o mesmo ir fechar, já que ele iria ficar num café próximo da casa. Eu desço do carro e espero por Olívia. Alguns poucos minutos o interfone toca e é Olívia, abro o portão e vejo seu carro passar. Ela estaciona ao lado do meu e logo que desce do carro vem falando:

— Estevão, por que estamos aqui?

Eu espero ela chegar próximo de mim e a beijo com paixão. Ela se segura em meus ombros para se manter firme e corresponde. Eu selo nossos lábios finalizando o beijo e digo:

— Queria que você me ajudasse a avaliar esse local, e no final eu te digo o porquê.

Olívia sorri com cara de curiosidade e diz:

— Já que é para avaliar... Posso começar?

Eu aceno positivamente esperando sua avaliação.

— Esse bairro é maravilhoso, tem excelente localização, infraestrutura e ótimos colégios e cursos, sem falar que esse condomínio é maravilhoso e tem a praia particular ali atrás né! Já na entrada dá para ver que é uma casa maravilhosa, com muito luxo. Tem aquele mega portão para entrar com o carro, ou o do lado para pessoas, fora essa fachada. Olha isso! É maravilhosa! Mas provavelmente é absurdamente cara!

Eu sorrio com sua avaliação, eu sabia que ela iria gostar. A casa é sim, maravilhosa, mas não é intimidadora, pelo contrário, é aconchegante. O portão de entrada é vazado e aberto para a rua, tirando a impressão de fortaleza. As árvores e o muro de plantas dá um belo aconchego a entrada. Puxo Olívia pelas mãos e vou indo de cômodo a cômodo com ela. Atento as suas observações e reações. Ela estava aparentemente adorando a casa, na suite master ela quase pirou com a vista para o mar e o tamanho do closet. As cores eram claras em contraste com as madeiras aconchegantes, havia janelas por toda a casa trazendo luz natural. Depois de ver a parte de dentro levo Olívia para a parte de fora. Ela puxou o ar com a surpresa. Lá estava o que mais me fazia amar aquela casa. O deck de madeira com o pergolado, a piscina grande e convidativa, a jacuzzi luxuosa, e o melhor, tudo isso, de vista para o mar. Havia uma rampa com um portão que nos deixava direto na areia da praia. Olívia não sabia para onde olhar e eu sorri ao vê-la sem reação.

— Estevão, é absurdamente maravilhosa!

Após ela observar cada detalhe do quintal eu a levo em direção a rampa, em direção a praia. Nós tiramos nossos sapatos, como típicos brasileiros, e fomos descansos caminhando na areia em direção ao mar, molhamos nossos pés na água gelada e Olívia gargalha me zoando pelo choque que levei com a água. Ela estava bem, e feliz, e percebi no olhar que ela havia amado o local. Mas eu deveria perguntar, não posso comprar o nosso lar sem a aprovação dela.

— Então meu amor, o que achou da casa?

Seus olhos estavam brilhando ao por do sol e eu não sabia o que ela mais pelo, a paisagem ou a mulher radiante a minha frente. Olívia joga seus braços por volta de mim e diz:

— Eu adorei! É uma casa maravilhosa, eu já disse. Poderia morar facilmente num lugar desse. Nunca mais ia querer sair de casa. Eu imagino alguns bebês correndo pelo gramado, tomando banho na mini piscina e depois os pais os ensinando a nadar na parte funda. Ou numa noite fria um banho naquela jacuzzi observando as estrelas. Simplesmente perfeito.

— Então porque ao invés de morar em um apartamento pequeno, você não morou numa casa assim? Sabemos que não é por dinheiro, você é rica o suficiente para ter mil dessas ou mais.

Olívia gargalha profundamente e após a crise de risos ela me pergunta:

— Acho que você pode responder... por que você também mora em um apartamento menor ao invés de numa casa dessa? Sabemos que você é rico o suficiente para comprar mil dessas ou mais.

Eu rio e gargalho com vontade por causa da brincadeira de Olívia. Ela sabe como me pegar. Então eu reflito sobre a pergunta dela. Depois de alguns minutos eu acho a resposta:

— Bem, eu nunca quis um lugar tão grande para viver sozinho. Um local assim deixaria óbvia minha solidão. Além do fato de ser um local tão... familiar. Uma casa para uma família, com filhos, com pessoas que... aproveitariam tudo isso... juntos.

Olívia concorda com a cabeça e acaricia minha face.

— Agora você sabe o porquê. — sussurra Olívia.

— Mas agora nós não precisamos disso, nós temos um ao outro. Para sempre. Podemos ter esse lugar para nós. Para nossa família. Família essa que futuramente, quando você estiver pronta para parar de tomar seu remédio, nós aumentaremos e preencheremos todos os quartos dessa casa!

— Mas Estevão, essa casa tem 6 quartos! Você está falando de 5 filhos! Cinco crianças. — Olívia protesta.

— Não se preocupe meu amor, se não for suficiente nós compramos a casa do lado.

Olívia sorri e cai na gargalhada. Ela se apoia em mim e me beija calorosamente.

— Eu te amo. — ela diz.

— Eu também te amo. — respondo — E é por isso, que eu não posso mais viver sem você. Você é minha motivação, você é minha esperança de que pessoas boas existem. Você é tudo que um dia eu sempre quis. Eu sei que não sou perfeito e que você também não é, mas nós somos perfeitos juntos, um para o outro. Eu prometo a você que por todos os dias da minha vida eu vou lutar por nós e por essa família que vamos ter. E é por isso Olívia, por esse amor tão grande, que eu não suporto a ideia de te ter apenas como minha namorada, eu te quero como meu sol, minha lua, minha órbita, minha companheira, minha amiga, minha amante, eu te quero meu amor... como minha esposa.

Os olhos de Olívia estão cheios de lágrimas que escorrem por seu, ela está com as mãos suando nas minhas. Na realidade não sei se o suor é meu ou dela. Meu coração está descompassado e o nervosismo está presente mais do que nunca. Olívia está muda absorvendo cada palavra. Eu então crio coragem, pego a caixinha do anel no blazer, e finco meus pés no chão em frente a Olívia.

— E é por isso e por muitas coisas a mais, que eu quero hoje meu amor, com o céu, o mar e se você aceitar, nosso futuro lar como testemunha, eu quero te fazer a pergunta que vem me tirando o sono.

As lágrimas correm pelo rosto de Liv. Ela parece perplexa. Meu coração se encolhe de medo, mas meu amor por ela me enche de coragem. Eu abro a caixinha e deixo o anel brilhar ao por do sol. Eu me ajoelho perante ela, da melhor forma possível e digo finalmente:

— Minha vida, Olivia Agrizzi Stirling, você quer se casar comigo?

ESTEVÃO - Livro Um - Trilogia Russell's CompanyOnde histórias criam vida. Descubra agora