Dezessete

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O almoço com a minha mãe e com Heitor foi ótimo. Já fazia tempos que não conseguíamos sair e rir de alguma coisa idiota. Isso era tão comum antes da morte de meu pai... Antes que a melancolia me acerte esqueço isso. Infelizmente ele se foi, mas nós continuamos aqui e precisamos dar continuidade ao que ele deixou. A reunião com Olívia foi um sucesso absoluto, além dela conquistar mais ainda a meus funcionários, ela conquistou a minha mãe. Sua futura sogra se Deus permitisse. Eu ainda não pensei em como pedirei ela em namoro, ou se ela ao menos vai me aceitar, ou como faremos tal relacionamento dar certo a distância mas eu sei que eu quero tentar. Nada do que eu já senti se compara ao que eu sinto por Olívia. Eu a desejo todos os dias e a quero comigo para sempre.

Ao chegar no escritório vou direto a sala da Raquel, que por algum motivo desconhecido não está em seu posto. Estranho. Sendo assim resolvo ir a sala de Heitor lembrá-lo do jantar que Samanta dará hoje. Como de costume entro diretamente pela porta mas dessa vez a cena não poderia ser mais diferente. Raquel e Heitor estavam aos beijos, tão empolgados que se quer me viram. Confesso estar um pouco surpreso, não tanto pois já havia percebido os olhares de ambos mas de certa forma foi inesperado. Fecho a porta devagar e sigo em direção ao meu escritório, depois eu lembro a Heitor.

Sento em meu computador e resolvo ver os e-mails. Ao abrir a caixa de entrada me deparo com a seguinte mensagem.

"Acho que está na hora de você saber a verdade. O seu papai não era o santinho que você pensa querido Estevão. Aquele velho safado teve um caso de anos fora do casamento. O filho da puta ia se encontrar toda sexta à noite, quando dizia que ia no clube, com a mulher em questão. E quer saber mais? Ele teve um filho com ela, um menino, um menino mais velho que você, um menino que deveria ter todo o direito de primogênito nessa empresa que você e seus irmãos chamam de sua. E não pense que estou blefando, pois tenho provas e estou disposto a usá-las. Se não quiser que toda a sociedade e sua amada família descubram o cafajestes que seu pai foi envie 1 milhão para o seguinte endereço até segunda feira. E não ache que eu sou idiota. Eu saberei se tentar me passar a perna.

Ass: seu querido irmão."

Minhas mãos  tremiam e suavam. Será isso tudo verdade? Se não for por que alguém me enviaria isso? Eu tenho um irmão mais velho? E esse irmão mais velho está me chantageando? Que porra é essa? O que eu faço?

Em uma resposta às minhas perguntas a porta da minha sala se abre e Olívia passa por ela.

— Oi senhor Russell, como...

Antes de completar a frase ela me encara profundamente e para. Com os olhos urgentes ela se aproxima de mim e segura minha cabeça em suas mãos.

— Estevão, fala comigo. Estevão.

Os conflitos dentro de mim são tão grandes que mal posso responder. Apenas a pego e a sento em meu colo, depositando meu rosto em meio a seus peitos e me ponho a chorar.

Sinto suas mãos em meus cabelos e sei que ela diz algo que não consigo entender, mas apenas por te-lá comigo eu sei que tudo ficará bem. Metade do meu coração quer mandar esse suposto irmão se fuder e acreditar na fidelidade do meu pai, mas a outra metade soma os pontos e os sussurros de minha mãe com meu pai quando éramos mais novos e acha que pode ser verdade. Mas porque agora? Se eu realmente tenho um irmão mais velho, já fazem muitos anos que ele deve saber da verdade. Porque agora? Será que meu pai deixou ele desprovido de dinheiro e ele quer mais agora? São muitas perguntas e todas sem resposta. Aos poucos as lágrimas secam e preciso encarar a realidade. Preciso de tempo. Preciso pensar.

ESTEVÃO - Livro Um - Trilogia Russell's CompanyOnde histórias criam vida. Descubra agora