Vinte Oito

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Infelizmente, devo dizer que nem só de sexo e momentos felizes vivem um homem. Eu estava deitado com Olívia conversando e relaxando após nossos momentos quando meu celular toca. Eu olho para Liv que está em meu lado e ela sorri para a minha cara de insatisfação. Pego meu celular e vejo que é o número de Caio, o delegado. Atendo prontamente, e ele me diz que está vindo para cá. Eu confirmo com ele a necessidade de descrição e digo que o aguardo. Ao desligar, vejo que Olívia está me encarando com um sorriso.

— Posso saber do que está rindo?

Olívia sorri ainda mais e me diz, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo:

  — Por que estou feliz — disse me dando um selinho —  Por que amo a sua companhia e amo você!

Pronto. Simples assim, naturalmente ela me disse. Disse que me ama. E eu não podia estar mais feliz por isso. Eu colo nossos lábios e a beijo intensamente, tentando fazer com que ela sinta meu amor através desse beijo. Mas mesmo assim, mesmo tentando me expressar apenas dessa forma não seria suficiente, então quando descolo nossos lábios, a encaro intensamente e digo sem medo:

— Eu também te amo Liv, muito, e Deus me ajude   — eu a puxo para mim — E isso significa que precisamos conversar.

Olívia me encara com seu sorriso lindo e acena com a cabeça positivamente. Acho que ela entendeu o que eu quis dizer.

— Eu sei que sim, mas nós temos todo tempo do mundo, eu te amo e você me ama e isso que importa. Everything will be alright! *(Tudo vai ficar bem) — ela diz me beijando —  E agora, precisamos resolver o restante das coisas da empresa, e as coisas com Flávio e Rebeca.

E era por isso que eu a amava ainda mais. Como pode? Pensar tanto nos outros e tão pouco em si. Ela poderia pedir para ficar longe disso, e apenas querer terminar de fazer o seu trabalho, mas não, ela não é desse jeito.

  — Tudo bem meu amor, seu desejo é uma ordem...

Olívia se levanta da cama e ao se virar para olhar para mim diz:

— Sério? Estou começando a gostar disso, senhor Russell.

Cedo ou tarde a realidade bateria a porta, e bateu

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Cedo ou tarde a realidade bateria a porta, e bateu. Logo após eu e Olívia sairmos do quarto, Heitor e Katherine chegaram na sala, e logo depois Raquel veio trazer Rebeca aqui. Olívia prontamente acolheu as meninas e disse que o delegado já deveria estar chegando. E assim que ela termina de falar isso, a campainha toda. E é ele. O doutor Magalhães entra e trás consigo duas policiais.

Após todas as apresentações formais, todos nós nos sentamos na mesa de jantar para conversarmos, afinal meu escritório doméstico não comporta tantas pessoas, seria necessário uma sala de reunião. Rebeca foi ouvida primeiro, e sabiamente resolveu contar todos os detalhes da história para a polícia, desde tudo que sabia de Flávio até o final onde ele a ameaçou e realmente pegou seu filho. Todos nós demos nossas declarações, e contamos também a nossa parte da história, desde quando isso começou até nossa relação parentesca recém descoberta. Os policiais tomaram nota de cada palavra que dizemos e nos ouviram com a maior atenção. Ao concluirmos nossas declarações, o delegado Caio toma a palavra e diz:

— Mediante a tudo isso, nem preciso dizer que esse homem precisa ser pego imediatamente. Além das acusações de assédio a senhorita Rebeca, tem o sequestro da criança, e o roubo a Russell.

Ouço um suspiro de alívio vindo de algum lugar, mas não me atento a quem. E o delegado continua.

— Como já disse a vocês, as inspetoras que aqui estão —  diz ele apontando para as policiais ao seu lado —  são as melhores que temos na cidade do Rio e elas estão disponíveis para o caso. Como podem ver, já ouvimos todas as declarações e coletamos as informações necessárias. Iremos trabalhar nisso com urgência.

O delegado se levanta, assim como as inspetoras ao lado dele. Todos nós nos despedimos e concordamos em prestar depoimento e estar a disposição caso necessário. Afinal, quando pego, Flávio passaria por um julgamento e precisariam das testemunhas.

  — Senhores, muito obrigado pela disponibilidade. Eu e minha família agradecemos  a colaboração. — digo aos policiais.

— É o nosso trabalho. — diz a inspetora Coelho sorrindo.

Busco Olívia com o olhar, e a vejo falando com Rebeca e Katherine na sala, a mesma percebe o meu olhar e sorri suavemente para mim. Heitor e Raquel estão conversando discretamente num outro canto. Levanto devagar e vou acompanhar os policiais até a porta, olho Olívia de novo e vejo que a mesma já vem em minha direção. Nossas mãos se entrelaçam e andamos em silêncio até sairmos da sala de jantar. Ao sairmos, o delegado diz:

— Precisamos falar com vocês em particular.

Sinto a tensão de Olívia ao meu lado e aperto sua mão a reconfortando. Ao mesmo tempo que fico ansioso com o que é, acho engraçado o modo como tratam Olívia como minha esposa, coisa que devo confessar gosto cada dia mais da ideia. Eu os levo a sala de estar já perto da saída onde ninguém pode nos ouvir.

— O ideal —  diz a inspetora Dias —  seria esperar até segunda feira para ver se ele irá aparecer normalmente no trabalho ou não. Já que ele foi trabalhar ontem, o que demonstra que ele está confiante de que nada vai acontecer. E como estamos com a vida de uma criança nas mãos, não podemos arriscar que ele se sinta ameaçado e faça alguma coisa com o menino. Achamos melhor não expor essa opinião diante da mãe, afinal ela poderia achar que estamos tomando a decisão errada.

Mas é claro que sim. Isso faz todo sentido, seria muito mais fácil pega-lo desse jeito, do que iniciar uma perseguição ao mesmo.

— Tudo bem, eu entendo e concordo com a estratégia. As portas da Russell's estarão abertas a vocês na segunda. Deixarei a segurança avisada. — digo.

Os policiais assentem em concordância, mas Olívia não parecia muito feliz com a ideia.

— Eu já não concordo! — ela diz enfática —  Estevão imagine se fosse um de nossos filhos! Você permitiria que quase 32 horas fossem perdidas?

Os policiais se chocaram com a franqueza de Olivia e eu também. Só de pensar que se isso acontecesse com um filho nosso eu já estaria enlouquecido.

— Mas senhora Russell, se formos atrás dele e ele não estiver com a criança... ele pode nunca dizer onde o menino está. — diz o delegado Magalhães.

— Eu entendo o que vocês dizem, mas Olívia está certa. Comecem as buscas pelo menino. Não podemos negar esse tempo a essa mãe e muito menos a essa criança. Afinal, não sabemos em que estágio de loucura Flávio se encontra— digo.

Os policiais assentiram e concordaram. As despedidas finais foram feitas e as buscas pelo garoto vão começar imediatamente. Olívia suspira aliviada ao ouvir o delegado dar as ordens no rádio para as viaturas, com as características de Flávio e da criança.

Após os policiais irem, Olívia e eu nos juntamos aos outros.

Tantas emoções e o final de semana está apenas começando...

ESTEVÃO - Livro Um - Trilogia Russell's CompanyOnde histórias criam vida. Descubra agora