Dezesseis - Olívia

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Depois de almoçar num restaurante perto da empresa, me dirijo ao andar do departamento de compra e venda. Antes de subir, passo pela sala da Raquel e digo:

— Raquel, boa tarde. Poderia me acompanhar em uma reunião agora por favor? O Heitor me disse que se quisesse você emprestada um pouco poderia lhe perdir.

A mulher se levantou em toda sua beleza loura e acenando com a cabeça em um sorriso ela diz:

— Claro senhorita, será um prazer.

Raquel e eu seguimos em direção a sala de Fernanda, antes de entrarmos me viro para Raquel e digo:

— Raquel, eu sei que você é fiel aos seus patrões, mas o que você vai ouvir aqui hoje não pode contar a eles ainda, estou desconfiada que alguém está roubando da empresa, e até que eu consiga todas as informações que eu preciso não posso falar para Estevão ou Heitor, ambos vão querer tomar medidas na hora e podem prejudicar a sí mesmos sem saber.

A cara de horror e surpresa que passou na face de Raquel me mostrou que ela nunca sonhou que alguém poderia fazer alguma coisa assim alí. Ela acenou positivamente confirmando seu silencio.

— Isso é horrível! Tomara que descubra logo o que precisa. — e muito sem querer a jovem soltou — Será difícil esconder isso de Heitor.

Ao perceber o que falou, as bochecas da secretária ficaram vermelhas e por solidáriedade resolvi não comentar sobre isso, simplesmente finji que não escutei. Mas como assim? Será que eles tem algum tipo de relacionamento? Se tiverem são muito discretos porque nunca vi nada. Mas enfim, vou prestar mais atenção.

Ao chegarmos na sala de Fernanda, batemos na porta e a mesma abrindo sorri ao nos ver e devolvemos o sorriso em conjunto. Olho para os lados e observo se tem algum sinal de Flávio por ali. Aparecentemente o homem não chegou de seu almoço ainda, mas não custa nada perguntar.

— Fernanda, boa tarde. Poderia me dizer se o Flávio se encontra?

— Não senhorita, ele ainda está em horário de almoço. Gostaria de deixar algum recado?

— Não, na verdade eu gostaria era de falar com você mesmo. Só não gostaria que ele estivesse presente.

Vejo a tensão irradiar do corpo da jovem e já pude perceber que ela sabe de alguma coisa. Raquel me olha confusa.

— Si- sim senhora. Em que posso ajudar?

— Vamos até a sala de reuniões, não demorará muito, não se preocupe.

Ambas caminhamos em direção a sala. Chegando lá nos sentamos na menor mesa e resolvi me arriscar, já que se eu estiver certa, a Fernanda não tem nada a ver com essa história.

— Bom Fernanda a história é o seguinte, eu gostaria de saber, porque é a Paula que trata dos contratos junto com o Flávio? Sendo que deveria ser você...

— Bem senhorita, desde que eu cheguei já era assim, e quando eu perguntei a antiga secretária na semana em que ela me treinou, ela disse que eu ficasse longe disso, e o mais longe possível do senhor Queiroz. E assim eu fiz. Achei que eram ordens de cima e que não me desrespeitava.

Bom então a antiga secretária deveria saber de algo e ter algo contra o Flávio. Me viro para Raquel que estava sentada em meu lado e digo:

— Raquel, você sabe o motivo da demissão da antiga secretária do senhor Queiroz?

— Na verdade, foi ela quem pediu demissão. Nos disse que havia aparecido uma oportunidade melhor.

Nesse momento Fernanda abre a boca em grande surpresa e diz:

— Sério? Ela havia me dito que saiu porque iria se mudar para a Paraíba para criar seu filho longe do pai...

— Gravidez? Rebeca estava grávida quando foi embora?

Eu apenas observo a surpresa das duas e as peças se encaixam na minha cabeça. A secretária descobriu alguma coisa e ele a ameaçou. Algo assustador de se descobrir.

— Bom — resolvo dizer — Não importa mais não é mesmo. Agora para encerrar, Fernanda, você lembra de alguma pasta pessoal do Flávio que só a Paula tenha acesso?

A jovem de cabelos negros me encara e a dúvida passa em seus olhos, mas por algum motivo ela resolve abrir a boca e dizer:

— Pelo amor de Deus dona Olívia, não coloque meu nome no meio caso ele descubra, eu tenho um filho para criar... mas por Deus, esse homem precisa ser pego por seja lá o que esteja fazendo. Existe sim, é uma pasta branca que fica na última gaveta da mesa dele.

Algumas lágrimas escorriam pelo rosto de Fernanda e pude ver o desespero estampado nelas, ela dependia daquele emprego para sustentar um filho que eu nem sabia que ela tinha. Parecia tão nova.

— Fica tranquila, nada vai te acontecer ou ao seu emprego! Eu sei que você não tem nada a ver com isso.

Raquel se dirige em direção a mulher e a abraça. Parece que ambas são muito amigas, então me despeço e as deixo em seu momento íntimo.

O que eu vou fazer para pegar essa porra de pasta branca? Para piorar essa merda ainda fica na sala dele. Não posso simplesmente ir na sala dele e pegar, como também não posso simplesmente ir lá e pedir. Um plano maluco se forma em minha cabeça e eu só posso pedir a Deus que de certo. Afinal, a empresa do homem que eu amo estava em jogo.

Desço ao RH e peço o nome e a ficha da antiga secretária de Flávio. Preciso saber o que ela sabia, o que fez ela sair e mentir para todos.

Ao pegar o número da mesma, sigo para uma sala distante do último andar para não correr o risco de ninguém me ouvir. O celular está chamando e uma crescente ansiedade toma conta de mim, eu tinha a sensação que o que quer que eu fosse descobrir iria ser importante.

Uma voz suave atende e imediatamente fala:

— Alô? Quem fala?

— Oi, gostaria de falar com a Rebeca aqui é a Olívia.

— Olívia? Aqui é a Rebeca sim mas sinto muito mais desconheço a você. — diz a moça de forma simpática.

— É claro, é que eu sou uma nova funcionária da Russell e eu precisava falar com você.  Poderia...

Antes que eu concluísse a pergunta a chamada se acaba e o sinal da linha me mostra que Rebeca desligou na minha cara.

Essa história fica cada vez mais estranha. Preciso acabar com isso. Logo. Sem Rebeca não posso executar meu primeiro plano. Sendo assim, vamos ao plano b...

ESTEVÃO - Livro Um - Trilogia Russell's CompanyOnde histórias criam vida. Descubra agora