Quarenta e Dois

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Felizmente, Olívia aceitou o meu pedido de casamento e além disso aceitou a casa como nosso lar. Mas insistiu seriamente que ela pagaria metade do valor. Como não adiantaria discutir com ela eu apenas concordei e disse:

— Meu amor, todo o dinheiro é nosso. Não faz diferença no final.

A partir dali a correria começou, Olívia tinha que concluir o trabalho com Joseph, nós tínhamos que agir tudo sobre a nova sede da Russell's, a contratação do pessoal todo, o escritório, a fábrica, novos fornecedores. Ainda não estávamos nem abertos mas já haviam clientes australianos e de países vizinhos ávidos pelos nossos serviços, isso foi era um bom sinal. Ainda havia a questão da decoração da nossa casa. Compramos a casa dos sonhos mas precisávamos mobilha-la e decora-la.

Sem falar do o casamento, que resolvemos fazer o mais rápido e intimo possível, e o ''mais difícil'', no Brasil. Decidimos fazer no Brasil devido a maioria de nossas famílias estarem lá e especialmente pela condição delicada de Alice. Seria mais fácil, Olívia e eu, mais meia dúzia de amigos daqui irem para o Brasil do que quase 50 pessoas virem para a Austrália. Resolvemos que a cerimônia e festa seriam na praia, em Búzios na casa que os pais de Olívia tem na beira da praia seria a cerimônia, já a festa seria num hotel próximo. Os preparativos foram uma loucura, Olívia e eu viajamos para o Brasil umas 8 vezes para arrumarmos tudo. Foram meses cansativos. Ao que nos leva a hoje, 4 meses depois. Faltando um dia para o casamento.

Já estamos todos em Búzios, alguns familiares na casa de Olívia, alguns outros, separados em dois hotéis aqui perto. A única pessoa que ainda falta é Joseph que virá direto para o casamento amanhã. Eu estava sentado na saleta do meu quarto, quando Heitor entra no quarto. Ele vai direto ao aparador e prepara um whisky para ele.

— Você quer um? — Heitor pergunta.

Eu aceito acenando a cabeça. Heitor prepara puro como eu gosto e para ele com gelo. Ele se aproxima de mim com o copo a sua frente e aguarda eu pegá-lo, eu o pego e ele logo se senta no sofá em minha frente.

— É amanhã maninho! O grande dia... Como vai hoje sem poder ver Liv?— diz Heitor melancólico.

— Estou nervoso por não poder vê-la, mas não precisa parecer tão triste. Você sabe que sou mais feliz com Olívia hoje do que jamais estive. Eu vou ficar bem, nós vamos.

Heitor toma mais um gole de sua bebida e me olha pensativo.

— Eu não estou triste por você. Estou por mim, e minimamente por Kat.

Eu o lanço um olhar de interrogação, preciso de uma explicação. Porque ele ou Kat estariam tristes?

— Você é nosso irmão mais velho, nossa referência. E não se engane, eu estou feliz por você, muito! Se existe uma pessoa que merece ser feliz esse alguém é você e Olívia, com certeza, minha cunhada é foda! Mas não é isso, é que eu não sei, eu tenho a sensação de que nunca vou ter uma pessoa assim. Sinto, inveja.

Heitor se levanta e despeja o restante do conteúdo do copo pela garganta. Ele se levanta e vai andando em direção a porta. Eu apenas observo tentando compreender o que meu irmão queria dizer. Ele se vira para mim e diz:

— A inveja não é por Olívia, ela é maravilhosa mais é sua, e para mim ela é como a Kat,minha irmã. Mas por saber, no fundo do meu coração, que nunca nenhuma mulher vai me olhar com tanta ternura como ela te olha, ou com tanta devoção.

Ele parece aliviado por falar isso para mim. Mas parece querer fugir do que falou.

—E sobre a Kat — ele continua — Ela descobriu que o canalha do Mason estava traindo ela há tempos. Pega leve com ela, ela não quer te contar para você não se preocupar, mas ela vai estar mais cabisbaixa e não será por você e sim por ela.

ESTEVÃO - Livro Um - Trilogia Russell's CompanyOnde histórias criam vida. Descubra agora