Trinta e Oito

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Essa, sem dúvidas, foi a maior viagem da minha vida. Não apenas por que a Austrália é do outro lado do mundo de forma literal, mas por que eu contava os segundos no voo para ver Olívia, além do muito que eu tinha que pensar sobre a proposta que meus irmãos haviam me feito. Foi preciso apenas um dia para eu conseguir arrumar todo o necessário, passagens, malas, hotel, até tudo ficar ok. Katherine foi minha cúmplice e descobriu o endereço da casa de Olívia, afinal eu faria uma surpresa e precisava descobrir onde Olívia morava e quando estaria em casa, até porque nessa ponte aérea que ela estava fazendo eu não poderia arriscar viajar a tão longe e ela não estar, assim Kat descobriu tudo para mim, e para minha felicidade Olívia passaria os próximos três dias na Austrália. 

Minha chegada em Sydney é tranquila. Já de cara, vejo a diferença entre o Brasil e Austrália. Além da diferença mais óbvia, a língua, havia a questão da educação das pessoas, o volume em que elas falam, a limpeza extraordinária do local e outras coisas mais. Resolvo me arriscar na mão inglesa e alugo um carro, afinal eu ficaria no mínimo três dias aqui, e no máximo três semanas. Hoje é segunda feira, e a cidade funciona a todo vapor. O aeroporto é consideravelmente longe do centro, mas tudo é novo para mim, então aproveito para observar a cidade. 

Tudo é lindo e organizado como só a Austrália é. O caminho é longo, mas relaxante. Olívia mora em Bondi Beach, uma das praias mais famosas de Sydney. O sol estava brilhando no céu azul e a paisagem de Bondi me tirou o folego. Eu dirijo até o hotel que é próximo da casa de Olívia e me instalo lá. Passo o dia trabalhando no hotel, sentando na sacada do quarto observando a vista e as pessoas. Realmente o local é apaixonando e eu compreendo o porque de Olívia gostar tanto de lá. Durante o dia saí para almoçar em um dos restaurantes próximos do hotel e sai novamente depois para tomar um café. 

A noite cai e o horário que Olívia chegar em casa se aproxima. Meu coração se aperta com a expectativa de vê-la. Meu facetime toca e vejo que é Olívia. Saio da sacada para não correr o risco dela conhecer o local e deito na cama. Afinal, uma cama é uma cama em qualquer lugar do mundo né. 

  — Oi meu amor! — sorrio ao atender. 

Vejo em seu rosto um sorriso brilhante e meu coração bate mais forte. Seu olhar está cansado e eu gostaria de ajudá-la a descansar de alguma forma.

— Hi baby! Como vai? — Liv diz.

Como Olívia voltou para a Austrália o seu sotaque ao falar português aparece, não que isso me incomode, mas é curioso como quando ela está no Brasil falando português toda hora ela realmente parece brasileira, e já quanto tá na Austrália ou em Londres que ela fala inglês o tempo todo, o sotaque aparece, fraco, mas aparece. 

— Vou bem, com muitas saudades! Queria te ter aqui comigo.  — respondo. 

— Eu também — ela diz suspirando —  Deus sabe como eu queria você aqui. 

Fico aflito e pensativo. O que eu vou fazer? Falo logo que estou aqui? Digo que alguém vai na casa dela? Não digo nada e simplesmente apareço lá? Não posso nem disfarçar ligando para enganá-la porque meu número do Brasil não funciona aqui. Eu já havia pensando rapidamente no que ia fazer quando ela diz:

— Onde você está Estevão? Por que está com as luzes acesas se é de manhã no Brasil?

Puta que pariu! Como essa mulher é observadora. Tinha esquecido de como Olívia é perspicaz. E agora? O que eu faço?

— Ah amor, as cortinas ainda estão fechadas, então com preguiça de levantar, acendi a luz. 

Espero que ela acredite. Ela me olha desconfiada mas resolve não insistir em nada. 

— Bom — digo mudando de assunto — Eu sei que está cansada e que chegou agora em casa. Então vou deixar você tomar seu banho e então você me liga.

— Ia falar isso! Preciso de um banho urgente, mas a vontade de te ver é maior. Vou ligar para pedir alguma coisa para comer, afinal estou um bagaço para sair de casa. 

Hmm. Aí está minha deixa.

— Não pede nada não, eu preparei uma surpresa para você. Toma seu banho e aguarda que daqui a 30 minutos vão bater na sua porta. 

Olívia me envia um olhar de interrogação e um sorriso magnífico. Conseguir alegrar o dia dela me anima e me motiva a fazer a surpresa mais ainda. 

— Estevão? O que vai fazer? O que vai chegar aqui? Como descobriu meu endereço? 

No mesmo momento ela para de falar e pensa por alguns minutos. 

— É por isso que Katherine pediu meu endereço! Era para você mandar algo para mim. Que lindo! Queria poder te agradecer pessoalmente.

— Mas meu amor, você nem sabe o que é ainda! E por favor, avise na recepção que vai chegar um homem com uma entrega para você e ele precisará subir — digo sorrindo. 

— Não importa o que seja, se trouxer qualquer lembrança sua eu vou amar. E pode deixar, vou deixar avisado.  

Nós nos despedimos e Olívia desliga saltitante. Disse que não se aguentava de ansiedade. Imagine se ela descobrisse que a surpresa sou eu. Eu tomo banho e desço rapidamente a um restaurante próximo e pego uma massa para viagem. Me dirijo a casa de Olívia. Na recepção, aviso que sou o cara da entrega para a Senhorita Stirling. A moça me avalia, mostrando com o olhar que claramente algo não estava batendo já que eu não estava uniformizado, mas já que Olívia tinha permitido ela me deixou subir sem problemas. 

Eu entro no elevador com nossa comida e uma garrafa de vinho nas mãos. A cada andar que subo meu coração colapsa um pouco mais, por fim, o elevador chega na cobertura e as portas se abrem. Uma sala de espera se encontra a minha frente, tudo bem clean como Olívia. As cores são claras e suaves, emitindo uma paz maravilhosa. A porta está logo a minha frente e estou apreensivo em tocar a campainha. Eu coloco o vinho e a comida em cima de um aparador a minha esquerda e penso sobre o que fazer agora... espero? toco logo na porta? ligo para Olívia? A vontade de ver Olívia ganha e tomo coragem. Pressiono meus dedos na campainha, esperando Olívia sair lá de dentro. 

A porta se abre e Olívia me encara com nítido espanto nos olhos. Realmente, eu a peguei de surpresa. Ela se aproxima devagar ponderando se eu era real ou não. Então, Liv se joga em cima de mim e só me resta segurá-la. Enterro meu rosto em seu pescoço enquanto a levanto do chão. Ele agarra em mim com força e eu não vou soltá-la nunca mais. Olívia diz em meio ao abraço:

  — I can't believe! Estevão, você realmente está aqui? 

Eu a coloco no chão, sem tirar as mãos dela. Ponho minhas mãos em sua cintura sentindo sua pele enquanto a acaricio. Beijo todo seu rosto freneticamente, tentando entender que ela realmente está aqui.

 Beijo todo seu rosto freneticamente, tentando entender que ela realmente está aqui

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— Puta que pariu, Olívia! Que saudades.

Olívia beija meu pescoço, e arranha suavemente minhas costas com suas unhas. Sinto um arrepio percorrer meu corpo e o desejo ardente vem como uma flecha. 

— Estevão, eu não acredito! Me diz que isso é real. 

Eu pego a mão dela e a guio para meu membro empolgado, e a outra mão ponho em meu coração que bate descompassado. Ela olha para meu peito e depois para baixo onde suas mãos estavam. Em colo nossos corpos o máximo que posso e digo sussurrando em seu ouvido:

  — Isso aqui é real, eu vou provar pra você!  




ESTEVÃO - Livro Um - Trilogia Russell's CompanyOnde histórias criam vida. Descubra agora