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-Pois bem -Disse Casser. -Creio que talvez eu devesse lhe dar as devidas honrarias por sua piedade para com minha vida?.

Seu tom de voz era zombeteiro e ele notou que a garota diante de si percebera,a carranca que ela adquiriu o fez sorrir ainda mais. Ele a viu engolir seco e ergueu uma das mãos.

-Venha cá,aproxime-se um pouco mais para que eu possa te ver melhor. -Ordenou Casser.

Acanhadamente,ela o fez. Era uma figura franzina vestida com uma roupa de combate escura que a emagrecia ainda mais,os cabelos negros e ondulados estavam presos no alto da cabeça e alguns fios grudavam em su têmpora; Casser se perguntou se o suor era devido á temperatura ali dentro ou ao medo que ela pudesse estar sentindo.

-Olhe para mim. -Ordenou.

A jovem ergueu a cabeça devagar e empinou o queixo delicado,seus olhos escuros abrigavam um brilho de coragem e medo ao mesmo tempo.

-E então,o que tem a me dizer? -Perguntou Casser.

Ele estava novamente em sua postura relaxada e avaliativa,uma mão sob o queixo.

-Me foi dada a missão de detê-lo. -Disse a moça apenas.

Ele revirou os olhos e sacudiu a mão.

-Sim,sim. -Respondeu impaciente. -Disso eu já sei,todos sabemos.

-Então o que o senhor quer saber? -Perguntou a garota.

Ele inclinou a cabeça acinzentada para ela.

-Você deveria ter me matado. -Atirou.

-A profecia diz que uma jovem surgiria para detê-lo. -Lembrou a moça.

Casser endireitou-se no trono,encarando-a atenciosamente.

-Disso eu já sei! -Disse impacientemente entredentes.

-Casser. -Era Diana,advertindo-o.

Ele lançou um olhar irritadiço na direção da criada e então voltou-os para a jovem diante dele.

-Qual o seu nome? -Perguntou.

A jovem hesitou um pouco,mas logo ouviu-se sua voz suave e baixa.

-Carolina. -Respondeu.

Ele recostou-se no assento.

-Carolina,pois bem. -Disse,tentando recobrar a paciência. -Por quê não me deteve quando teve oportunidade? e de fato você teve muitas,eu nem sequer a vi se aproximar de mim no palácio Pullper.

Ela empinou o queixo um pouco mais.

-Porque para mim DETÊ-LO,não significa necessariamente matá-lo. -Respondeu a jovem.

Casser a encarou mais atento.

-Sua amiga,a moça de cabelos parecidos com os seus... -Disse Carolina.

Clair,ele sabia que ela estava se referindo a ela.

-Ela me interceptou quando eu estava prestes a seguí-lo para o palácio,e disse que eu não deveria matá-lo; que o senhor era uma boa pessoa. -Contou a jovem.

-E você acreditou nela? -Perguntou Casser,curioso para saber onde aquela história levaria.

Carolina o estudou sabiamente e então continuou.

-Não acreditei de início,precisava me certificar de que o que ela dizia era verdadeiro. -Respondeu a moça. -Então segui-o até o palácio e o vi lamentar a perda de seu amigo,eu ouvi todas aquelas coisas que Zion havia feito a você. -Baixou os olhos para as próprias mãos. -E...achei que o senhor...que talvez...que talvez aquela moça na floresta estivesse dizendo a verdade. Talvez eu tenha sido uma tola.

Rei Das Cinzas - Sombra Das águas (livro 02)Onde histórias criam vida. Descubra agora