09

87 14 1
                                    

Carol ainda ouvia a tosse de Casser de seu quarto,quando ele perambulava pelos corredores do castelo; querendo ou não,aquilo já a estava preocupando um pouco. Já era noite e Diana viera chamá-la para jantar mais cedo,mas Carol se recusara dizendo estar um pouco indisposta. A verdade,era que ela evitava estar na presença do rei Casser.

Seus pensamentos foram cessados quando ela ouviu uma batida na porta. Descruzou as pernas magras e sentou-se em sua cama; fechando sua camisola branca.

-Entre.

Casser,ainda vestido com sua roupa diurna adentrou o aposento e fechou a porta atrás de si. Carol sempre ficava nervosa em sua presença,mas forçou-se a se conter desta vez; Ela entrelaçou os dedos das próprias mãos enquanto Casser se aproximava,para evitar que ele os visse trêmulos. O rei fixou aqueles olhos cinza no rosto dela,avaliativos como o habitual. Casser era extrememante desconfiado,isso não fora algo tão difícil para Carol notar.

-Você não desceu para jantar. -Observou Casser,a voz grave falhando um pouco devido á garganta irritada.

Carol olhou para as próprias mãos.

-E-eu estava...-Ergueu os olhos escuros para o rei. -Estou -Corrigiu-se. -Um pouco indisposta.

Casser a estudou por um breve momento,em seguida limpou a garganta.

-Indisposta? -Perguntou. -Não. não foi por isso que você não desceu.

-E-eu...

-Ouça-me. -Interrompeu Casser,e Carol começou a se perguntar quando foi que ela começara a gaguejar. -Não me interessa muito o motivo,eu vim falar com você sobre outra coisa.

Os olhos de Casser abrigavam um leve tom vermelho nos cantos,e sua expressão era de cansaço extremo. Ele passara todo o dia fiscalizando o treinamento dos novos homens para a guarda do castelo e fazendo anotações,Carol queria perguntá-lo como havia se saído com Lumi Ayola; mas não achou que era o momento oportuno. O rei jogou os cabelos para trás,um gesto de impaciência salientando-se pela milésima vez no dia.

-Como sabe...-Casser começou,mas foi interrompido pela tosse aguda. Ele levou um punho á boca e curvou-se um pouco,quando sentiu-se seguro de que a tosse o deixara retomou sua postura e encarou Carol. -Como sabe,Carolina,eu não posso deixar que você saia deste castelo sem antes descobrir quem você é.

Carol revirou os olhos.

-Eu já lhe disse! -Respondeu a jovem impaciente. -Não tenho nada para te acrescentar,se é o que espera; Já não basta para você o fato de que poupei sua vida?

Casser colocou as mãos para trás,avaliando-a.

-Então acha que lhe devo minha vida? -Perguntou ele,a sobrancelha clara erguendo-se ligeiramente.

-Não. -Respondeu Carol. -Não estou te cobrando pelo que fiz,e não pretendo fazer isso; Mas eu realmente não vejo como poderia te beneficiar com algo mais.

Casser girou e começou a andar vagarosamente pelo quarto,a expressão pensativa.

-Tenho um povo e uma cidade para zelar. -Parou e encarou Carol a uma certa distância. -E você me aparece aqui do nada e ainda por cima com a missão de me matar...

-De detê-lo. -Corrigiu Carol.

-Que seja! -Disse Casser abandando uma mão impaciente. -Eu esperava que a garota da profecia fosse alguém deste mundo,não de fora. Não posso permitir que um intruso permaneça á solta por Beelion,sem que tenha noção dos riscos que o tal possa apresentar para o povo e mesmo para mim.

Casser apertou os olhos,aproximando-se de Carolina e parando tão perto,que ela sentiu vontade de recuar imediatamente; Mas permaneceu imóvel,os olhos fixos nos do rei.

Rei Das Cinzas - Sombra Das águas (livro 02)Onde histórias criam vida. Descubra agora