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Carol já sentia os ossos doloridos por ficar tanto tempo naquela posição,se perguntava quanto mais suportaria nos braços de cipó daquela árvore até que Luid e Casser retornassem com a folha dourada; isto é,se retornassem.

Luid claramente não tinha o rei em alta conta e Casser também não era dos mais pacientes. Carol se remexeu pela vigésima vez sob o aperto dos braços inanimados da árvore e olhou para baixo,mesmo que o movimento fizesse seu estômago se revirar.

-Acham que eles voltarão logo? -Perguntou a jovem á Clair e Joaquin,que faziam guarda junto aos lobos na base da árvore.

Os dois olharam para cima,Joaquin com os olhos repletos de pena e Clair inescrutável como o habitual.

-Aguente um pouco mais,Carolina -Pediu Clair. -Logo eles estarão aqui.

Carol jogou a cabeça escura contra o tronco da árvore e suspirou desanimada.

-E se fracassarem? -Perguntou.

Clair se virou para a mata,para o local onde Casser e Luid haviam desaparecido.

-Duvido que Casser fracassará -Respondeu a guardiã e olhou novamente para Carol. -E Luid está com ele,executarão a missão com sucesso.

-Meu corpo dói. -Reclamou Carolina.

Os braços dela estavam esticados rente ao corpo e aquela posição impotente a fazia quase entrar em desespero. Joaquin apenas lançou-lhe um olhar culpado por não poder ajudá-la e Clair parecia entretida com os lobos ao redor da árvore. Carol fechou os olhos e esperou,afinal era a única coisa que podia fazer; pensou em folhas douradas e que se morresse ali,talvez voltasse em outra vida como uma.

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Casser e Luid se colocaram em posição para largada,iriam atravessar a ponte correndo o mais ligeiramente possível. Casser olhou de esguelha para Luid.

-Como Joaquin disse antes,á noite a floresta ganha vida -Repetiu Casser -Assim como tudo que ela abriga,inclusive -Ele olhou para a ponte que se estendia á frente deles - a ponte. Ela sentirá quando pisarmos sobre ela. -Ele soltou uma breve risada sarcástica.

-Qual é a graça? -Luid perguntou.

Casser o encarou.

-Ela gosta de brincar e tentará a todo custo nos lançar ao rio. -Contou o rei.

A expressão de Luid se fechou e ele lançou um olhar avaliativo para o rio que corria abaixo da ponte; era bastante denso e agitado.

-Não sobreviveremos se caírmos ao rio! -Disse o rapaz.

Casser focou seus olhos na ponte.

-Por isso vamos tentar ser ligeiros. -Respondeu sério. -Em posição.

Luid obedeceu e se reposicionou ao lado do rei e quando Casser contou três,partiram ponte afora deixando os guardas para trás.

Eram rápidos como relâmpagos,o cabelo prateado constrastando com o castanho a medida que corriam; Luid confirmou a verdade sobre a ponte nas palavras de Casser,quando sentiu a mesma começar a se desitegrar e cair ao rio. Era como se fosse uma ilusão de ótica,mas ele sabia que não era. Mesmo assim,não permitiu que aquilo lhe tirasse o foco e prosseguiu rente á Casser. A última parte da ponte caiu quando os dois pisaram em terra firme,do outro lado da floresta.

Respiravam com dificuldade devido ao esforço e a rapidez,mas tinham conseguido travessar a ponte. Casser jogou o cabelo para trás e pousou as mãos na cintura,Luid o encarou bufando.

-E agora o que ocorre com a ponte? -Indagou.

Casser o olhou brevemente e então indicou a ponte com o queixo.

Rei Das Cinzas - Sombra Das águas (livro 02)Onde histórias criam vida. Descubra agora