Morto. Seu filho estava morto.
Ana Pullper estava em choque diante da cena que contemplava agora,durante anos zelara a distância pelo bem de seus filhos,mas agora tudo que ela fizera fora por água abaixo. Luid estava morto.
Ela culpava tantas pessoas: Tom,Carolina...mas a nenhuma culpava mais que a si mesma. Mesmo que á sua visão tivesse sido uma mãe presente da forma que pôde,sabia que para seus filhos sempre fora ausente. E agora,vendo Luid sem vida em um dos cantos do castelo de Osen,abandonado; Ana não sabia definir qual sentimento predominava: Se era a fúria ou a tristeza.
Há muitos anos,ela fugira de Beelion. Abandonara seus filhos com Tom,porque precisava; Quisera poupar seus filhos do pior,mas Tom nunca compreendera aquilo.
Ana deu um passo na direção de Luid e se abaixou,esticou a mão para tocar o rosto dele e foi aí que notou algo: A pele de Luid não apresentava a frieza da morte,ainda estava vivo!
Ela tocou a base do pescoço dele para sentir a pulsação,estava ali; muito fraca,mas estava.
Ela se levantou decidida,falaria com o Rei de Osen e o convenceria a ajudá-la; já tinha um plano em mente,e o usaria para tirar seu filho daquele coma fatal.
Estavam todos na sala de jantar quando Carolina e Clair chegaram. Casser que segurava um copo de vinho do outro lado da sala,veio imediatamente na direção delas quando as viu.
-Como correu tudo na casa de Luid? -Perguntou Casser.
-Como era o esperado. -Respondeu Carolina,esboçando um sorriso triste.
De repente ouviu-se o estilhaçar de um copo,os três se viraram imediatamente na direção do barulho; era Diana,que por sua vez havia derrubado vinho no vestido branco de Justina.
Havia algo errado,Casser podia sentir; Algo errado com Diana. Ele avançou na direção das duas,pousando seu próprio copo na mesa ao passar por ela.
-Diana?
A criada se voltou para ele com um sorriso culpado,enquanto se ocupava de arrumar a bandeija que segurava.
-Peço perdão por isso,senhora -Disse a criada a Justina.
-Está tudo bem -Respondeu Justina -Acontece as vezes.
Casser olhou de Diana para Justina e de volta,ainda sentia a atmosfera pesada com...magia. Magia negra. Algo brilhou na bandeja de Diana,quando ela a pousou na mesa: Um punhal com uma serpente desenhada na lâmina,ergueu os olhos cemicerrados para a criada.
-Diana,a quem pertence isso? -Indagou o rei.
A criada baixou os olhos para a bandeja e pegou o punhal,deslizou a ponta de dois dedos por sua lâmina,consequentemente eles sangraram. Casser e Justina trocaram olhares.
-Diana,o que está fazendo?! -Perguntou Casser.
A criada levou os dedos ensanguentados á boca,áquela altura a atenção da maioria dos presentes estava voltada para os três. Diana se aproximou do rei,colocando os guardas em alerta; Ela deslizou uma mão pela nuca do rei,fazendo-o recuar.
-Diana,o que pensa que está fazendo? -Perguntou-Você por acaso bebeu antes de servir o jantar?
Ela sorriu.
-Eu realmente não queria que as coisas fossem assim. -Disse a criada.
Beijou-o no rosto antes que ele pudesse piscar e em seguida se afastou e apertou o punhal.
-Adeus Casser.
Era como se tudo acontecesse em câmera lenta aos olhos de Carol,Diana erguera o punhal e o direcionara para o coração do rei. Clair correra para tentar impedir a tragédia,assim como os guardas presentes; Mas era tarde demais,o punhal fora cravado e o grito de dor que Carol ouvira naquela noite,jamais esqueceria.
Ela correu. Os guardas do rei Casser tentavam detê-la por todos os ângulos,mas ela cravou suas unhas enormes em dois deles que impediam sua passagem e avançou pela varanda do castelo,saltando com facilidade assustadora por ela. Clair já havia saído em seu encalce,assim como alguns guardas.
O peso do corpo de Justina tombou sobre Casser,ela tinha uma das mãos sobre o cabo do punhal e o rosto empalidecido de choque. Justina fora rápida e tomara seu lugar quando Diana avançara com o punhal na direção dele,sendo assim atingida profunda e cruelmente no peito. Casser olhou para Carolina,enquanto posicionava cuidadosamente Justina no chão.
-Fique com ela. -Pediu e se levantou,saindo em disparo na direção que Diana desaparecera a pouco.
-Para onde ela foi? -Perguntou Casser a Clair,ofegante.
-Seguiu por aquelas árvores -Apontou Clair. -Ordenei que os homens vasculhassem,ela não pode ter ido muito longe.
Já havia escurecido muito,e mesmo com as tochas acesas nos jardins do castelo,ainda havia certa dificuldade para enxergar; Em um outro momento,Casser se certificaria de espalhar mais tochas pelos jardins de seu castelo. Talvez Carolina tivesse razão e estivesse mesmo na hora de melhorar o interior daquele lugar,pensou Casser. Aguardaram.
-Tem certeza de que ela seguiu por ali? -Indagou Casser.
-Sim,logo a encontrarão.-Respondeu Clair.
Casser abriu a boca para fazer um comentário,mas nesse instante viu algo úmido e rastejante no chão,uma serpente verde cintilante. Ele se movimentou sorrateiramente,levando a mão ao cabo de sua adaga no cinto; Clair notou o movimento,mas permaneceu imóvel e silenciosa. A imagem da serpente detalhada no punhal retornou á mente de Casser e assim também a voz da árvore,produtora da folha dourada: "A humana rastejante."
Tudo indicava que aquele animal rastejante era...mas não poderia ser,poderia? Ele não esperou mais para saber,com um movimento ágil lançou a adaga sobre a serpente verde; prendendo-a no lugar. Correu na direção do animal,mas recuou quando notou algo começar a acontecer: A serpente emitiu um brilho forte e quase cegante,que fez Casser e Clair esconderem os olhos com as mãos. E então,após toda aquela luz se esvair e ceder novamente lugar á escuridão,tudo que restou foi uma mulher encolhida no chão. Dinorah.
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Rei Das Cinzas - Sombra Das águas (livro 02)
FantastikConquistar um povo não é tarefa fácil,manter um reino de pé e ser sábio o suficiente para governá-lo. Quando Carolina Dae escolheu ajudar o rei Casser,ela traçou um caminho melindroso para milhares de vidas naquele mundo desconhecido; Agora,ela desc...