Era um pouco tarde da noite quando Oliver bateu á porta dos aposentos do rei de Osen,ele o convidara para jantarem juntos e Oliver vira nisso a oportinidade perfeita para ir caindo nas graças do rei aos poucos,e assim também receber o direito de ir e vir daquelas terras e ajudar Casser com informações.
O rei por sua vez não havia se dado o trabalho de se vestir adequadamente,usava apenas um robe de seda vermelha. Ele sinalizou para que Oliver se sentasse diante dele na mesa redonda,e assim ele o fez. A comida lhe era vistosa,mas Oliver não se atreveu a colocá-la na boca enquanto o rei não comeu primeiro; Aprendera com Casser ao entrar para a guarda real,a nunca comer antes que seu inimigo em um banquete.
-Terei que me acostumar com sua presença no castelo,filho -Disse o rei de Osen,desdobrando seu guardanapo para limpar a boca.
-Minha mãe só o mencionou uma vez para mim -Disse Oliver -Para me deixar saber que o homem que me criou,não era meu pai verdadeiro.
-Sua mãe era formosa quando a conheci -Disse o rei- Eu também já fui muito bonito para as mulheres uma vez,mas foi sua mãe quem ganhou meu coração. Ela viera para essas terras na época de festejos,outrora meu filho,Osen era muito diferente da terra sem vida que vê agora. Eu conheci Beatrisse em um desses festejos,nos apaixonamos e então contei a ela que eu era príncipe; E uma noite eu a trouxe para o castelo,sem o conhecimento de meu pai,é claro. Mas ele descobriu e como punição lançou sobre mim a maldição de não poder tocar nenhuma mulher que não fosse a que estava destinada para mim.
-A que estava destinada? -Perguntou Oliver.
-Meu pai desejava que eu me casasse com alguém de nossas terras e com dons,para que nosso herdeiro fosse poderoso suficiente para governar Osen algum dia -Contou o rei -Já havia firmado laços com a família da moça,mas eu não a amava. Amava sua mãe.
-Se a amasse tanto como diz -Disse Oliver -Não acha que ela estaria aqui?
-Deixe-me terminar -Respondeu o rei -Então,após lançar essa maldição sobre mim,meu pai queria punir sua mãe com a morte; mas eu o impedi,disse que se ele a deixasse ir,me casaria com a moça que me fora destinada e nunca mais procuraria sua mãe. Por sorte,meu pai permitiu que ela partisse.
-Então ela já estava...grávida. -Concluiu Oliver.
-Sim,sim. -Respondeu o rei -Passei dois anos sentindo a falta de sua mãe,até que um dia resolvi procurá-la novamente,sigilosamente. Quando cheguei a Gilaan e o vi tão saudável,eu propus a sua mãe que fugíssemos para longe do alcance de meu pai,mas ela recusou e me fez prometer que aquela seria a última vez que eu pisaria em Gilaan. Assim o fiz.
-E agora,resolve me procurar. -Dusse Oliver com amargura.
-Você e sua mãe teriam morrido se meu pai soubesse que eu os havia procurado antes. -Disse o rei de Osen - Você deveria ter tido meu sobrenome,no entanto recebeu o do homem que o criou. -Falou o rei,com desprezo.
Oliver ergueu os olhos do próprio prato para ele.
-E tenho muito orgulho de carregar o sobrenome desse homem. -Respondeu.
-Quando eu soube,Oliver -Continuou o rei -Quando eu soube que sua mãe havia se casado novamente,o ciúme letal tomou conta de mim. Seu pai não podia usurfluir da felicidade que eu não pude ter.
-Esperava que minha mãe passasse uma vida inteira esperando por você? -Questionou Oliver -Ela tinha todo o direito de ser feliz novamente.
-Eu não suportei -Prosseguiu o rei -Então em uma tarde qualquer,saí em busca de seu pai; investiguei e soube que ele era caçador,o encontrei certo dia na mata,não portava nenhum cantil d‛água e parecia faminto. Me aproximei como um homem simples que fazia sua caminhada por ali e o ofereci água,é claro que ela continha um veneno de uma criatura rara de Osen; eu queria matá-lo e fazer parecer que fora uma morte natural,ou sua mãe poderia desconfiar quando convocasse os curandeiros. Esse veneno não deixaria vestígios.
Oliver deixou o garfo que segurava cair,não podia acreditar no que estava ouvindo. A imagem sorridente e saudável de seu pai um dia antes da morte inexplicável lhe veio á mente,e por um momento ele não soube o que sentir primeiro: Se dor ou ódio.
Oliver se levantou de seu assento e tomou o rei pelo colarinho com tanta brutalidade,que as criaturas que montavam guarda nos fundos do quarto avançaram e o ladearam,afastando-o do rei.
-Você o matou,seu verme! -Atirou Oliver -Matou o homem que deu tudo que você não pôde dar a mim e á minha mãe!
Uma das criaturas vermelhas ameaçou dar um soco no estômago de Oliver,mas parou imediatamente o movimento ao ver o dedo erguido do rei.
-Não o machuquem -Ordenou o rei - Oliver,eu o trouxe para este castelo porque pretendo guerrear com Beelion,há muitos anos fomos humilhados pela Princesa Shere,quando ela derramou o sangue de nosso povo e nos nomeou como criaturas desprezíveis! Mas tomarei Beelion e limparei nossa imagem.
-Shere Kharter derramou sangue dos seus porque invadiram Beelion! -Retrucou Oliver,lutando para deixar o aperto das criaturas que o seguravam.
-Isso é o que todos vocês beelianos acreditam! -Rebateu o rei -Os Kharter queriam poder,glória! E havia forma melhor de conseguir isso do que o derramamento de sangue do nosso povo? As pessoas sempre temeram Osen,filho; mas após esse acontecimento,esqueceram-se de nós e idolatraram os comandantes de Beelion. Assim como a Rainha da Luz,todos nos olham de queixo empinado,e assim também seu rei Casser. Você o deixará para me ajudar nessa guerra.
Oliver trincou os dentes.
-Nunca! nunca ajudarei o homem que tirou a vida de meu pai! -Respondeu Oliver -E mesmo que não o tivesse feito,eu jamais trairia Casser! Não sabe o valor de um juramento a um rei? eu jurei lealdade a ele.
-Se não ficar do meu lado por bem,Oliver Garcia -Disse o rei de Osen -Lamento informar que fará isso da pior maneira. Guardas!
Oliver viu dois homens surgirem das cortinas nos fundos do aposento,mas o que fez seu coração gelar foi a mulher que eles traziam consigo: Sua mãe. O rei se virou para ele com um sorriso superior.
-Se tem algum afeto por esta mulher -Disse o rei,apontando para a mãe de Oliver -Então me ajudará,meu filho; ou eu mato os dois.
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Rei Das Cinzas - Sombra Das águas (livro 02)
FantasyConquistar um povo não é tarefa fácil,manter um reino de pé e ser sábio o suficiente para governá-lo. Quando Carolina Dae escolheu ajudar o rei Casser,ela traçou um caminho melindroso para milhares de vidas naquele mundo desconhecido; Agora,ela desc...