Excesso de Opções

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Li um texto, que me foi enviado por uma grande amiga e a minha reação ao terminá-lo foi de concordância com o que estava escrito, e pensei: "FATO. Assino embaixo, o autor está coberto de razão".

O texto falava de quão tênues são as relações hoje.

Estamos hoje no tempo do "Ficar", do "to nem aí", do "romântico é careta". É uma época de descartáveis, de relações com tempo de validade. Não serviu troca ou joga fora. Não se conserta mais nada, que dirá relações. Se as coisas não estão se encaixando ou as pessoas não estão se entendendo para que ficar insistindo, "a fila anda". Estamos no período do "amor" por temporada.

Sem contar das facilidades. Hoje tem facebook, twitter, celular, sms, whatsapp, email, par perfeito, badoo, eharmony, instagram, wechat, msn, bate papo da UOL, da BOL, da YAHOO, tinder e mais trocentos sites de encontro que aumentam as probabilidades de encontrar alguém interessante à enésima potencia. São infinitas possibilidades de relação, qualquer tipo de relação, ao alcance de uma teclada.

Se Adão e Eva tivessem internet teriam sido expulsos do paraíso por bigamia muito antes de comer o fruto proibido. Sem contar que adão teria sido assediado pela cobra que é transexi e Eva pela macieira que é lésbica. Teria opções para todos os gostos. Como é hoje.

A primeira discussão em uma relação hoje é partilhada no Facebook e recebem mil curtir, oitocentos compartilhamentos e mais de dois mil comentários, dos quais, mais de noventa e nove por cento aconselhando a dar "um pé na b.." do parceiro ou da parceira. Não há casal que resista. Não há relação que dure.

Tem gente que está comemorando como bodas de ouro, um ano de casamento e olha que passa a ser surpresa geral. Passa a ter comentário em todas as redes sociais e tem vezes que é divulgado até na rádio local como fato surpreendente. Se não tiver havido traição então é caso para estudo e pode virar case de sucesso para algum Nobel.

Além de todas as dificuldades que existem na relação entre duas pessoas com criação diferente e realidades muitas vezes bem diferentes, ainda tem os "seca pimenteiras" de plantão torcendo para não dar certo, só para dizerem: "Não falei que não durava".

Como se não bastassem ainda tem os "bicãos" ou "biconas", que são conhecidos também como biscates de plantão. Esses ficam orbitando o casal a espera de uma fraqueza, de um momento de instabilidade para oferecer o ombro amigo (que fica normalmente localizado no órgão genital). Só secando a mulher ou o homem alheio facilitando para que as coisas não tenham concerto e deem errado. Normalmente são vitimas de seus próprios venenos, pois o que fazem com os outros acabam fazendo com eles.

A instituição família a cada dia que passa está mais descaracterizada no seu conceito básico. Temos família sem família, temos família de uma mãe que é pai também, temos família de um pai que é mãe também, temos uma família de pais avós, temos uma família de dois pais, temos uma família de duas mães, temos até uma família de um pai, uma mãe e filhos, essa fadada a extinção. Com isso cada dia mais pessoas sem limites, sem um porto seguro e sem um lugar de destino.

Uma das causas disso e concordo com o autor do texto que li, e sinto não lembrar o nome, é o "excesso de opções" (copiei o titulo para facilitar achar o autor ou a autora que foi a inspiração para que eu escrevesse esse texto). As pessoas estão se tornando descartáveis e trocadas pela primeira que aparece logo a seguir. Cada vez é maior a perda do significado das palavras amor, paixão, amizade, sempre, eterno, duradouro. O "amor duradouro" propagado no Facebook dura uma semana e é logo trocado por outro "amor para sempre". A amizade dura o tempo da primeira contrariedade, logo a seguir acaba. E a família. Que família? Essa está cada vez mais banalizada e inexistente.

Está na hora de resgatar coisas que um dia já foram importantes: Família, Amor, amizade, etc.

Se permita reconhecer que o outro é tão imperfeito quanto você. Se permita julgar o outro, se tiver que julgar, com a mesma generosidade que você gostaria de ser julgado. Comece a dar a mesma lealdade, atenção, carinho e fidelidade que gostaria de receber.

A fruta da casa do vizinho sempre será mais gostosa, mas quando você estava com fome foi a sua fruta que estava ao seu lado para atender as suas necessidades. Lembre-se que macaco que muito pula do galho acaba se estabacando no chão e que quem muito quer acaba sem nada.

Excesso de opção pode mascarar péssimas escolhas e na maioria das vezes não dá pra voltar atrás, pois a "fila anda". Pense nisso.

Sentimentos - Ensaios e CrônicasOnde histórias criam vida. Descubra agora