Ser Escritor

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Em um momento de reflexão fiquei pensando porque escrevo. Porque resolvi me tornar autor de livros técnicos, romances de ficção, crônicas e textos de humor? Com certeza não é porque dá dinheiro. Acho que já escutei umas mil vezes que só quem ganha dinheiro com livros no Brasil é editora. Também não é porque consegui que meus trabalhos fossem lidos por milhares de pessoas. Ainda está longe disso. Nem tão pouco porque fui incentivado a fazer isso. Ao contrário, pois na verdade apoio e incentivo não é bem o que tenho costumeiramente recebido. Então porque perder meses pesquisando sobre um tema, e outros tantos para escrever algo que, pelo menos até agora, tem sido lido por muito poucos? Porque ao invés de estar viajando, saindo para me divertir ou fazendo algo que, com certeza, teria maior retorno financeiro insisto nessa prática? Com certeza não é por loucura e muito menos como castigo.

Primeiramente cheguei à conclusão que escrevo e sempre escrevi por ser péssimo em português e essa prática melhorou em muito a minha relação escrita com o meu idioma pátrio, embora ainda precise melhorar muito.

Também descobri que é algo que me dá prazer, pois ao dar vida às personagens dos diversos livros eu consigo criar do meu imaginário vidas no papel. Isso deve ter alguma coisa de complexo de Deus, mas só a psicologia para explicar.

Já os livros técnicos, me permitem partilhar com tantos quantos o puderem ler todo aprendizado que adquiri durante toda a minha vida, pelos conceitos apreendidos e as experiências vivenciadas. Espero que de alguma forma seja útil a alguém.

Os textos de humor externam meu lado bem humorado e a falsa crença de que sou engraçado. Prefiro acreditar que sim, sou engraçado. Foi uma piada. Será que alguém sorriu?

Outra coisa que descobri, foi que escrevendo posso viajar em sonhos acordado e partilhar as vidas, aspirações, desejos, alegrias e tristezas das personagens que crio e isso, por si só, é enriquecedor emocionalmente. Sem contar que mantém minha mente ocupada e me dá a sensação de que estou sendo produtivo de alguma maneira.

Outra coisa que me chamou atenção, é que toda vez que termino um livro é como se tivesse dando vida a algo, que depois disso terá vida própria e seguirá seu curso sem que mais nada eu possa fazer para alterar o resultado. Parece maluquice, mas é hoje a mesma sensação que tenho em relação aos meus três filhos. Acho que é a sensação mais próxima que um dia eu vou ter do que é parir. Lógico, que sem a dor do parto. Isso pareceu meio estranho, mas que seja.

Ser escritor é ser um mago que dá vida aos seus sonhos. É ser um visionário que acredita que no momento da sua criação está mais perto do seu Deus interior. É ser um obstinado que convive constantemente com frustrações e perseverá no caminho de ser conhecido e reconhecido, pelo seu talento, algum dia. É a prova viva de resiliência e coragem, de determinação e persistência, mas acima de tudo, é a prova mais incontestável de que quando se acredita de verdade que o que faz é realmente bom, se precisa continuar lutando para ter o direito de ver isso reconhecido.

Um escritor é alguém, que precisa sim ter seu trabalho reconhecido, mas que sabe que terá uma longa estrada pela frente até que isso aconteça.

A única coisa que ele tem a seu favor é que suas obras sobreviverão após a sua morte física e isso por si só já é uma dádiva que Deus lhe concede, a dádiva da imortalidade.

Um escritor, mesmo sem ser um alquimista, descobre que com o que cria conquista o acesso ao elixir da longa vida e porque não, da pedra filosofal, que dá a ele o direito de transformar vidas, nem que seja no papel.

Sou um escritor e me orgulho disso.

03.02.2019

Sentimentos - Ensaios e CrônicasOnde histórias criam vida. Descubra agora