Politicamente Correto em Excesso

7 0 0
                                    

Essa semana que passou fui admoestado por uma aluna após ter usado a frase "a coisa está preta" com a seguinte oração: "Professor o senhor não me parece ser uma pessoa preconceituosa, portanto não devia usar frases racistas".

Minha primeira reação foi de calar e agradecer pela informação, mas tenho por habito, a seguir, repensar minhas atitudes e minhas falas. Será que eu estava sendo racista sem o sentir? Até porque, tenho através dos anos tentado diminuir a cada dia minha tendência natural a qualquer pré-conceito.

Fui pesquisar e descobrir que o termo inicialmente foi usado no século XIV em referencia a Peste Negra, que para surpresa de muitos não tem nenhuma referência aos nascidos em território africano e sim as manchas negras que surgiam da decorrência septicemia causada pela doença. Muito menos Peste Negra tinha nenhuma referencia a cor da pele de quem a contraia, já que assolou a Ásia e a Europa. "A coisa está preta" não significa uma frase racista e sim uma referência a Peste Negra, significando que a coisa estava grave e fora de controle.

Fui mais longe e consegui chegar a um texto de Sérgio Rodrigues muito interessante sobre "Humor Negro" referencia as tragicomédias gregas que viam em situações desesperadoras motivo para fazer graça. E aí mais uma vez temos a cor negra sendo associada, não a uma contextualização racista e sim a ausência de todas as cores. Já que o humor é tido como uma narração colorida. Mais uma vez, colorida é usada, não como uma menção a cores e sim a alegria da vida ou o colorido que a vida passa a ter quando estamos de bom humor.

Febre Amarela não tem menção aos nossos irmãos japoneses, conta no vermelho não se refere aos nossos irmãos indígenas e "deu um branco", como falta de memória, não tem conotação negativa aos nossos irmãos arianos. E muito menos "elefante branco" fala sobre um europeu obeso para significar algo que atrapalha.

O racismo existe? Sim. O racismo existe e deve ser repudiado de todas as formas. No entanto, vamos começar a observar o contexto onde as frases e as palavras são usadas, e acima de tudo o animus com a qual elas são proferidas. Vamos parar de incentivar as diferenças e começar a enaltecer as igualdades.

Hoje vejo muito mais negros, em nome da defesa da segregação racial, serem mais racistas do que muitos brancos. Em nome de resgatar uma divida pela escravidão se cobra, nesse país, tratamento diferenciado, onde devem constar vantagens e privilégios. Alguns esquecem, que quem escravizou os negros no século XVI foram outros negros e os venderam aos brancos europeus, e quem os libertou foi uma branca ibero-brasileira. Alguns esquecem que brancos e negros tem o mesmo intelecto e não são inferiores em nada uns aos outros. Alguns esquecem que benefícios devem ser dados a quem está em condição de inferioridade perante os demais. Que aceitar uma diferenciação apenas pela cor da sua pele é assumir sua condição de "ser inferior" ou uma demonstração inconteste de falta de ética e "esperteza". Negros se tornaram escravos, mas na sua essência eram reis e príncipes nas suas tribos. Rainhas e princesas são altivas e orgulhosas da sua condição e não subservientes a esmolas e cotas.

O período de escravidão no Brasil é algo que macula a nossa história, pois para mim é impossível entender homens, seja de que cor for, tornando seus iguais como escravos e impingindo a eles todo tipo de humilhação.

Vamos defender a IGUALDADE sempre, mas vamos parar de fazer patrulhamento ideológico do politicamente correto, e acima de tudo vamos parar de usar pretextos para incitar a segregação. Comece a se perguntar se o racismo está no que o outro falou ou no que você quis escutar. Eu sou responsável pelo que eu falo e não pela interpretação que você quer dar ao que falei.

Quem tem raça é cachorro. Eu não sou da raça branca e nem você da raça negra. Nós somos da raça humana.


Sentimentos - Ensaios e CrônicasOnde histórias criam vida. Descubra agora