Carolina vestia uma camisa vermelha desabotoada, com uma camiseta preta de gola redonda por dentro. Também vestia uma calça jeans azul e joelheiras elásticas pretas, ambas tecidas em sua casa com uma impressora 3D. Seu tênis, escuro e arranhado, era um modelo especial para ciclistas, vendido clandestinamente nas calçadas da rua Sergipe.
Tinha cabelos longos e escuros, com franjas laterais a contornarem seu rosto. Eram hidratados com creme de pentear barato, despencando lisos até as costas, cheirando a shampoo de supermercado.
Seus olhos ardiam com bom senso e maturidade, verdes e vibrantes como a grama do Zerão, endurecidos pela exposição excessiva ao telejornalismo policial. Já sua pele, lisa e macia, corava feito creme de pera sadia, fresca e perfumada, exibindo a saúde dos seus 20 anos.
Após prender sua bicicleta, Carolina seguiu para a entrada da imobiliária, passando ao lado de um painel eletrônico. O painel estava fixo na parede e exibia letras amarelas luminosas, que alternavam entre o desenho de uma paisagem praiana, logotipo da empresa, e um texto comercial. Quando o texto comercial era exibido, podia-se ler o seguinte:
Imobiliária Landschaft.
Comodidade e segurança feitos sob medida.
Agora atuando também em seu entretenimento.
A única a ter seu próprio estúdio de audiovisual.
Pioneira em produção de telejornalismo comunitário.
Notícias do Parque Emam em sua TV.
Lar de "O vlog de Carolina", sucesso da cidade.
Garantimos publicidade positiva ao seu comércio.
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O vlog de Carolina e o feriado antecipado no calçadão
HumorQuando Carolina se tornou vlogueira, ela ainda acreditava no poder da honestidade. Achava que isto sempre falaria mais alto, independente da situação. Porém, ela acabou subestimando o maior vilão deste país: a agressividade da opinião pública brasil...