11 - Amizade e confiança à prova

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*Nota do autor: deste capítulo em diante, é utilizada uma nova técnica narrativa. Com ela, os diálogos são fluídos, a narração é concisa e os capítulos são ordenados em começo, meio e fim distintos. Esforços estão sendo feitos para melhor oferecer uma leitura rápida, prazerosa e de fácil digestão.

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Apesar do choque sofrido na conversa anterior, Daniel estava interessado em ouvir sua colega. Nem tanto por curiosidade: era mais por sincera amizade. Afinal, segundo entendia, antes ser amigo do que ser indiferente.

Porém, embora não guardasse ressentimento, tão pouco sentia-se confortável. Não tinha coragem de ir embora, mas também reconhecia: já desejava voltar para a lanchonete.

Só que, mesmo estando neste humor, continuou sorrindo para Carolina. Mostrava-se atencioso e a sua disposição, como quem se divertia com sua companhia. Pois tinha consciência de que, se lhe pedisse licença para se ausentar, acabaria a magoando. Não a ponto de estragar seu dia, mas o bastante para incomodá-la nas próximas horas. Ou, pelo menos, foi o que pensou.

Então, disposto a agradá-la a curto prazo, bem como preservar sua amizade a longo prazo, Daniel lhe perguntou:

— Pretende pedir desculpas no próximo vlog?

— Não. Pretendo manter o que falei, apesar de toda a polêmica. Se eu voltar atrás, estarei me comportando igual a uma repórter arregona em primeiro dia de trabalho.

— Então vai fingir que nada aconteceu, seguindo com a programação normal?

— Também não. Reconheço a sensibilidade do tema, mas não vou ignorar os comentários da Café com Leite, nem as críticas da Rede Lobo. Prefiro assumir as consequências dos meus atos do que vestir uma máscara de indiferença.

— Sendo assim, lamento.

— Por quê?

— Porque, eliminando as duas opções, só restou bater de frente com a opinião pública.

Carolina, percebendo o pessimismo de Daniel, como quem diz "essa opção é inviável", decidiu encorajá-lo a seu favor. Não era ele quem apareceria diante das câmeras, mas seu apoio já representaria algum consolo.

— Tem medo de discordar dos brasileiros?

— Eu? Pudera, né?!

— Tem dó de contrariá-los?

— Se for pra corrigir caprichos, com certeza não.

— Então porque lamenta enfrentá-los?

— Porque é como segurar um guarda-chuva contra o vento: por maior que seja sua força e teimosia, a armação se dobrará.

Mesmo balançando a cabeça em sinal positivo, concordando com a resposta do colega, Carolina retrucou:

— É um vento feroz e grosseiro, disso não tenho dúvidas. Mas... quer saber de uma coisa?

— O quê?

— Minha armação tem integridade. E esse material jamais se dobrará a uma ferocidade ingrata.

— Bem, se você está dizendo...

— Parece arrogância de minha parte, eu sei. Mas eu te peço: confie em mim.

Antes que Daniel respondesse adequadamente, seu celular começou a apitar, anunciando a chegada de uma nova mensagem de texto.

O vlog de Carolina e o feriado antecipado no calçadãoOnde histórias criam vida. Descubra agora