DESCI AS ESCADAS sem esperar que Cali dissesse nada mais.
Eu não poderia arriscar ficar longe de Helena nem mais um segundo. Ficar sem ela seria como morrer. Mas também não poderia a inserir em meu mundo, esperando que ela parasse de trabalhar naquela empresa para ficar com um completo desconhecido.
Eu tinha que encarar os fatos, Helena nunca sairia de lá. Ela estava destinada a aquilo.
Adentrei o salão sentindo sua presença ainda forte, e me dirigi à mesa de bebidas. Teria de tomar uma bebida bem forte para me impedir de procura-la naquele exato minuto e toma-la em meus braços, prometendo o mundo e muito mais.
Merda, pensei tentando tirar Helena de minha cabeça entornando mais uma taça, fazendo o líquido descer queimando minha garganta.
Tossi de leve, e peguei outra, sentido a presença de Helena me afetar mais do que eu deveria. Seu cheiro estava longe, e ao procura-la durante alguns minutos, pude ver que ela se encontrava na varanda que tinha a vista para os jardins laterais.
Seu cheiro inebriante me fez parar para analisa-la. O homem ao seu lado parecia inclinado demais em sua direção para meu gosto sobre ela, fazendo com que eu fechasse a mão que não segurava a taça em punho. Estava pronto para esmurrá-lo, mesmo que para isso não tivesse que usar muito de minha força.
Sorri de canto quando Helena percebeu que eu a encarava, e ela retribuiu abaixando o rosto – provavelmente corando – sussurrando algo para seu acompanhante que eu não pude ouvir, fazendo-o assentir, e se inclinar ainda mais para ela, beijando sua bochecha ao sentir minha presença no local.
Como se ele tivesse o direito de demonstrar algum interesse por uma coisa que é minha!, esbravejei mentalmente ao ver o homem passar por mim. Seu encontrão me instigou à batê-lo até deixá-lo desacordado, mas Helena era minha maior preocupação no momento.
Ela virou o rosto para os jardins, e pude sentir que seu corpo ansiava por estar próximo ao meu. Dei mais um gole na taça, esperando que a sensação de queimação se sobrepusesse à do desejo ardente que eu sentia pela mulher de costas para mim.
Seu cabelo castanho lhe caia pelas costas majestosamente, contrastando com sua pele clara como a luz da lua. Eu ansiava em tirar a máscara que lhe cobria somente da metade para cima do rosto, e poder lhe olhar mais de perto. Quando ela realmente estivesse ciente de minha presença desta vez. Queria que ela visse meu rosto, tocasse minha pele. A queria toda para mim.
Será que ele foi embora?, ouvi a mente de Helena se questionar por alguns segundos, e engoli o nervosismo que formava um bolo em meu estômago.
Me aproximei dela, e relaxei minhas costas na bancada que ela estava. Seus olhos viajaram por meu corpo antes de pararem na linha de meus olhos. Sua mente viajava demais em: "Como ela mataria por lábios como os meus", e sorri de canto, satisfeito por prender sua atenção sem ao menos ter proferido uma palavra sequer.
Sua boca abriu levemente e ela rapidamente a fechou, passando a morder os lábios inconscientemente.
— O que a traz aqui? – perguntei tentando soar o mais calmo possível.
A bebida desceu mais uma vez queimando, mas ainda assim não tirando meus pensamentos de Helena.
— Quem recusaria uma festa quando não há nada para fazer?
Abri a boca para dizer que ela tinha sim coisas à fazer, mas preferi optar pelo silêncio, e um sorriso tomou novamente conta de meu rosto. Ela pareceu perder o equilíbrio, mas se recompôs rapidamente esticando uma das mãos.
— Acho que ainda não nos conhecemos.- É aí que você se engana, minha cara, pensei. – Helena.
Demorei um pouco para raciocinar depois que peguei sua mão. Seria melhor ela saber um nome falso, não? Para mantê-la em segurança.
Vários nomes passaram por minha cabeça, uns piores que outros, e quando percebi que o silêncio estava longo demais, de minha boca saiu o último nome que eu gostaria que ela ouvisse.
— Polux.
A expressão em seu rosto me fez congelar.
Ela sabia sobre mim.
Eu deveria ter falado outro nome.
— Polux? – ela perguntou retirando sua mão da minha, como se eu tivesse a furado com uma agulha.
Por favor, diga que eu ouvi errado. Diga que seu nome é William, e não Polux!, sua mente gritava em desespero.
Ela estava... com medo de mim?
— Sim. – assenti dando-lhe meu melhor sorriso. Apesar de ser forçado, ela pareceu acreditar, e seu corpo relaxou um pouco.
— Então, Polux, o que o traz aqui? – sua voz pareceu levemente craquelada, como se ela lutasse para não gaguejar.
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A Caçadora
RomansaHelena Jameson é de fato uma adolescente fora dos padrões. Não tem amigos, não se enturma, e nunca deixa que as pessoas se aproximem demais por causa de seu segredo sombrio. Ela é, na verdade, uma caçadora de criaturas místicas. E estar apaixonada p...