A MULHER RETRIBUIU o sorriso enquanto caminhava para longe de nós e mais pra perto da lápide, tocando-a e murmurando palavras suaves. Edward praticamente correu em minha direção, ficando ao meu lado e tomando minha mão na sua. Seus olhos estavam escuros e ele parecia um monstro.
— O que foi? – sussurrei me virando para ele.
— Ele está aqui.
Um silêncio absoluto preencheu o lugar, deixando o cemitério tenebroso e frio de uma hora para outra. O sentimento de paz e aconchego sumiu e dava vasão para o medo que percorria cada parte de meu corpo e se alojava em minhas pernas.
— Quem está aqui, Edward? – perguntei, engolindo secamente a saliva, que descia raspando em minha garganta.
Ele pareceu sair de um transe e virou a cabeça rapidamente para minha direção.
— Não importa agora. Vamos? – ele disse, pegando em minha mão firmemente, e colocando os braços ao meu redor, como se tivesse me protegendo de algo que eu não conseguia ver.
A mulher voltou para nós e disse:
— A biblioteca fica no final da rua, não precisam tirar o carro de onde pararam.
A seguimos por aonde viemos, passando mais uma vez pelas lápides e ora ou outra sentindo um calafrio no corpo. Os braços de Edward se apertavam ao redor de meus ombros, e ele olhava para todos os lados, fungando o tempo todo, tentando captar algum cheiro característico.
Como eu não havia percebido que ele se parecia até demais com um cachorro quando franzia o nariz daquele jeito?
Paramos na frente de uma pequena lojinha, que passaria despercebida por mim, com as letras grandes e verdes marcadas no toldo branco. "Cantinho da Sally".
— Suponho que você seja a Sally, certo? – Jason perguntou, enfiando as mãos nos bolsos, olhando para o mesmo lugar que eu.
Ela riu.
— Sim. Foi rude da minha parte não ter dito antes, desculpe.
Os olhos de meu irmão encontraram os meus e vi que ele parecia tão agitado quanto eu. A energia de Jason era tão contagiante que podia ser comparada com a de um menininho numa manhã de Natal, vibrando de excitação para ver o que eram os presentes embaixo da árvore. Eu podia começar a ver seu nervosismo pelo jeito que ele mordia os lábios ou não parava quieto no lugar enquanto Sally destrancava a porta e a abria, fazendo o barulho de sinos.
Sem desgrudar de mim, Edward nos arrastou para dentro da biblioteca quente, e senti sua arma machucando meu quadril.
O lugar era calmo e aconchegante, com as paredes abarrotadas de prateleiras escuras cheias de livros, e sofás avermelhados de tecido. Numa abertura pequena perto das prateleiras, pude ver que havia como se fosse uma janela-sofá cheia de almofadas com matérias de jornal estampadas, combinando com a cor branca e a manta avermelhada que estava jogada no canto. Alguns tapetes estavam dispostos pelo cômodo médio, de maneira graciosa, e largas almofadas coloridas estavam jogadas no chão, feitas especialmente para pessoas se sentarem mais confortavelmente.
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A Caçadora
RomanceHelena Jameson é de fato uma adolescente fora dos padrões. Não tem amigos, não se enturma, e nunca deixa que as pessoas se aproximem demais por causa de seu segredo sombrio. Ela é, na verdade, uma caçadora de criaturas místicas. E estar apaixonada p...