LEVANTEI DA CAMA com um sobressalto, palpitações estranhas percorriam todo meu peito, fazendo-me sentir um aperto desconfortável na boca do estômago e o suor pegajoso grudar meu cabelo na testa.
Minha cabeça latejava e doía, e eu não conseguia achar razão para tal dor. Quer dizer, eu não tinha fugido de minha rotina normal e muito menos comido algo que pudesse me fazer mal. Na verdade, não tinha comido nada.
Meu estômago roncou alto, e levantei da cama chutando os lençóis ensopados para longe, lutando para conseguir ao menos ficar de pé.
O que tinha acontecido na noite passada?
Fui até a janela e constatei que o dia ainda não havia nascido, e o Sol estava longe de dar os primeiros sinais de vida. Meu celular estava do lado da cama, mas ao fazer a menção de pegá-lo, o barulho de seu toque me fez travar.
De longe pude identificar que era um número bloqueado e minhas palmas ficaram escorregadias.
Atendi com a palpitação crescendo no peito e se espalhando, deixando minha pele com uma sensação de formigamento.
Não disse nada quando coloquei o telefone na orelha, mas pude ouvir a respiração pesada no outro lado da linha.
"Pensei que não fosse me atender." A voz metálica disse, deixando os pelos de meu corpo todos arrepiados.
— O que você quer? – rebati, tentando fazer a voz soar o mais perigosa possível, falhando piamente.
Ouvi sua risada putrefaz, fazendo meus ouvidos latejarem.
"Dá última vez que nos falamos você não estava tão calmo quanto hoje."
Era nítido que ela fazia de tudo para me irritar.
"Kaus está passando um bom tempo com sua humana, Polux. Como você se sente em relação à isso?"
Fechei as mãos em punho, respirando fundo algumas vezes, tentando impedir de que vários xingamentos saíssem de meus lábios.
— Isso não é da sua conta, Maia.
Mais uma vez risadas e sua voz soou metálica, num estilo mortífero e sabia que um passo em falso era o suficiente para ter minha cabeça cortada.
"Afiado. Gosto disso." Engoli seco. "Estava sentada tomando um copo de uísque sozinha e pensei: por que não fazer uma visitinha à Helena? Ela me parece tão solitária."
— Não se atreva... – e antes que eu pudesse falar alguma coisa, a linha caiu.
Xinguei alto o suficiente para ter acordado todos da casa.
Eu conseguia ouvir os batimentos cardíacos de Cali que ressonava no quarto ao lado, e seus sonhos sobre Fitch. Eles me davam nojo.
Balancei a cabeça tentando espantar os pensamentos ruins que insistiam em percorrer minha mente, e saí do quarto, abandonando o telefone em cima da cama bagunçada.
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A Caçadora
RomanceHelena Jameson é de fato uma adolescente fora dos padrões. Não tem amigos, não se enturma, e nunca deixa que as pessoas se aproximem demais por causa de seu segredo sombrio. Ela é, na verdade, uma caçadora de criaturas místicas. E estar apaixonada p...