UMA CAMADA DE SUOR se formava pegajosamente em minha testa, e por mais que eu tentasse limpar, ela insistia em reaparecer em questão de minutos.
Tirei o termômetro de debaixo do braço, e observei com horror ele marcar no visor um total de 42,4 graus de febre. Meu coração batia rápido demais, e o sangue parecia ferver em minhas veias, como lava, apesar da febre altíssima.
Obriguei-me a levantar da cama molhada pelo suor, e não pude deixar de notar que se continuasse com essa maldita febre, esse quarto empoeirado, velho e malcheiroso, poderiam ser as últimas coisas que eu veria. Eu definitivamente não poderia ter escolhido pior lugar para passar alguns dias.
A chuva lá fora já havia parado, mas não me importava realmente. Inclinei-me em direção à janela e inspirei fundo para não passar mal de vez.
A lua era facilmente vista no céu sem nuvens, mas também sem estrelas. Ela estava grande, e gorda, toda rechonchuda. Era uma imagem muito bonita.
Marchei para o banheiro, pronto para vomitar qualquer coisa que tivesse no estômago, o que no meu caso era absolutamente nada, e levantei a tampa da privada, ficando de joelhos, me segurando para não tocar em nada que não fosse necessário. A ânsia me dominava por completo, e meu estômago se retorcia. Fiquei naquela posição, meio agachada e com o rosto enfiado na privada suja que me dava mais enjoo, por pelo menos mais uns cinco minutos.
Talvez os cinco minutos mais longos de toda minha vida.
Levantei devagar sentindo que minhas pernas podiam me trair a qualquer momento, e caminhei ate a pia pequena demais em comparação ao meu corpo. Meus olhos foram instintivamente para o espelho desproporcional que se estendia em cima da pia, e arregalei os olhos.
Aquilo era eu?
No momento que meu cérebro conseguiu entender que aquele reflexo era meu, pude analisar-me melhor, e constatar que eu parecia tão ruim quanto me sentia, de fato.
Era uma versão minha doente e apagada.
Batidas na porta do quarto me despertaram do transe que eu havia ficado preso enquanto olhava para minha versão The Walking Dead no espelho, me fazendo ficar o mais atento que eu conseguia, no estado que me encontrava. Concentrei-me nos segundos de silêncio que se fizeram após a primeira batida, e outras soaram tão altas quanto a primeira. Houve um murmúrio do lado de fora, e tentei me inclinar para conseguir ouvir melhor o que as pessoas falavam.
Mais uma batida soou desta vez mais apressada, e uma voz clara chamou meu nome.
— Fitch? Fitch Monet? Aqui é Cali Press, precisamos conversar.
Minha mente processou aquela informação por alguns segundos. Quem diabos era Cali Press, e por que ela queria falar comigo? Eu não conhecia nenhuma Cali Press, conhecia?
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A Caçadora
RomanceHelena Jameson é de fato uma adolescente fora dos padrões. Não tem amigos, não se enturma, e nunca deixa que as pessoas se aproximem demais por causa de seu segredo sombrio. Ela é, na verdade, uma caçadora de criaturas místicas. E estar apaixonada p...