ENTREI PELA PORTA DO motorista e percebi que uma música conhecida e animada praticamente estourava os autofalantes. Seria impossível contar qualquer coisa para ela com o som naquele volume, por isso quando ela entrou e esperou eu começar a falar, fiz um sinal que deixaria para depois, somente para vê-la bufar e sair em alta velocidade, indo em direção ao único lugar que eu sabia que não seria incomodada por ninguém.
Muito menos por Fitch.
Quando chegamos ao destino, quis deitar na grama verdinha que se estendia pelo jardim frontal e lembrar as noites em que chegávamos tarde e ficávamos contando quantas pedras de concreto nos levariam até o lago na parte de trás da casa. Pelo que eu me lembrava eram mais ou menos 34 pedras.
Saímos do carro e sem nem ao menos entrarmos na casa, nos dirigimos para a parte de trás, sendo recebidas por uma imagem de tirar o fôlego. Aquela seria uma imagem merecedora de uma fotografia de nós duas, mas as circunstâncias não me pareciam ao meu favor, já que meu rosto estava inteiramente vermelho e inchado.
— Vai me contar o que aconteceu agora? – Claire perguntou sentando-se numa das espreguiçadeiras de madeira que estavam ali fora desde o tempo que eu a conhecia.
Suspirei e abracei meu corpo que esfriou de uma hora para outra.
— Eu não consigo mais ficar longe deles. – e me virei para ela. — Por que homens tem que ser assim? Tão estranhos e inconstantes? Uma hora querem ficar o tempo todo com você, e no outro desaparecem. – minha voz diminuiu relativamente para o final da frase.
Pude ouvir o suspiro de Claire.
— Porque eles são homens.
Ri de leve.
— Mas não é isso que te aflige, amiga. Sei quando o problema é com homens, e esse não é o caso. Tem alguma coisa maior te incomodando.
Um aperto em meu estômago se fez presente, e eu tive que me segurar para não vomitar ali mesmo. A imagem de Anne com o vestido coberto de sangue se propagava em minha mente como um fantasma.
— Ah! – Claire exclamou antes que eu pudesse dizer alguma coisa, batendo a mão na testa e se levantando rapidamente. — Esqueci de te entregar uma coisa. – disse ela, entrando na casa e desaparecendo de minha vista.
Aproveitei o tempo para caminhar pelo pequeno "píer" de madeira que se estendia pela margem do lago até alguns metros adiante, vendo o sol no horizonte claro, tocar a água, sentando-me com as pernas cruzadas, inspirando e expirando tentando controlar meus batimentos e botar as ideias no lugar. Eu sentia como se estivesse enlouquecendo aos poucos. Tudo estava escorregando por entre meus dedos, fugindo de controle. Tudo o que eu não precisava naquele momento.
Ouvi os passos de Claire atrás de mim e não me importei de virar para olhá-la já que conseguia sentir sua aproximação. Ela se sentou ao meu lado e esticou uma pasta com vários papéis dentro.
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A Caçadora
Roman d'amourHelena Jameson é de fato uma adolescente fora dos padrões. Não tem amigos, não se enturma, e nunca deixa que as pessoas se aproximem demais por causa de seu segredo sombrio. Ela é, na verdade, uma caçadora de criaturas místicas. E estar apaixonada p...