ELE FICOU EM UM canto do palco que era bastante iluminado, enquanto uma luz mais clara surgia atrás de um toldo branco se estendia por detrás dele. Pouco a pouco duas sombras apareceram no toldo, grandes e imponentes.
Ouvi o homem abrir o livro e pigarrear para eliminar qualquer fiapo que pudesse estar preso em sua garganta. Quando sua voz ecoou pelo teatro, alta e clara, um arrepio percorreu por minha coluna, fazendo Edward colocar as mãos nas minhas.
— Era uma vez, — ele começou infantil, como se tivesse narrando uma história para crianças. — um homem e uma mulher. Esta mulher não estava satisfeita por ter somente um homem em sua vida, e que não pudesse dar a única coisa que ela almejava.
Na imagem refletida no toldo, a figura central — que deduzi ser uma mulher — se virou de lado, e passou as mãos por uma barriga inflada, parecendo ser de grávida. Era isso. O homem não conseguiu lhe dar um filho.
— A mulher procurou por vários dias até encontrar uma pessoa capacitada para fazer seu sonho se realizar. Um homem desconhecido, que havia vindo de algum lugar do Norte Europeu e insistia em cortejá-la toda vez que se encontravam em bailes, ou qualquer coisa do tipo.
"Mas ele não sabia no que estava se metendo. Ela era casada com um verdadeiro monstro. Ele não era humano."
Minha respiração começou a ficar ofegante e eu não sabia o que pensar. Aquele não era o melhor assunto para se tratar em um baile, isso eu tinha certeza. E muito menos perto de caçadores como nós.
Vi Edward tirar o telefone do bolso e escrever alguma coisa rapidamente, me passando logo após.
"Hora de tirar a arma do decote?" ele tentou fazer graça.
Sem tocar no telefone para digitar nada, o bloqueei e balancei a cabeça negativamente.
Definitivamente não era a hora de tirar a arma do decote. Não ainda, pelo menos.
A imagem em cima do palco mudou para uma das imagens beijando a mão da outra, fazendo-a se abanar de leve.
— A mulher enfim teve o que quis, e o homem, desiludido por não ter seu amor somente para si, tirou sua própria vida, se tornando um dos muitos que morreram e até mataram por ela.
"Quando a criança nasceu, toda a atenção que a mulher poderia dar foi direcionada ao bebê, que cresceu recebendo tudo do bom e do melhor, sempre. O marido dela, nunca sequer desconfiou de que o menino não era dele."
A imagem do toldo mostrava uma figura menorzinha saindo de detrás da grande, parecendo segurar em sua mão. Outra sombra, maior afagava de leve sua cabeça. A cena mudou para uma criança correndo por todo o lado.
— Quando a criança atingiu certa idade, sua mãe sentiu a necessidade de ter outro bebê para fazer-lhe companhia. E quando, mais uma vez, seu marido não lhe serviu, ela saiu à procura de outro. – sua voz se projetou mais uma vez.
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A Caçadora
RomanceHelena Jameson é de fato uma adolescente fora dos padrões. Não tem amigos, não se enturma, e nunca deixa que as pessoas se aproximem demais por causa de seu segredo sombrio. Ela é, na verdade, uma caçadora de criaturas místicas. E estar apaixonada p...