Jason - £ (Helena)

787 93 0
                                    


SENTI A MÃO DE Claire em meus ombros, como se passasse segurança para mim, e ouvi uma voz bondosa suspirar em minha mente: vai ficar tudo bem

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

SENTI A MÃO DE Claire em meus ombros, como se passasse segurança para mim, e ouvi uma voz bondosa suspirar em minha mente: vai ficar tudo bem. Confie em mim.

Polux.

Sorri tendo um choque repentino de coragem para entrar naquele quarto e dizer o verdadeiro motivo pelo qual eu fui praticamente obrigada a abandoná-lo para trás. Tive um ímpeto de balançar os ombros e estalar o pescoço, como se estivesse pronta para entrar em um ringue de luta, mas somente coloquei uma das mãos em cima da de Claire, como se agradecesse em silêncio.

— Está pronta? – ela perguntou, tão ansiosa quanto eu.

Balancei a cabeça negando, a fazendo rir de leve.

— Quer dar para trás agora? – Claire tentou novamente.

Meu corpo tensionou.

O que eu mais queria naquele momento era dar para trás. Meu corpo implorava por isso. Eu simplesmente não queria encarar os fatos de que meu irmão estava do outro lado da porta, e que ele possivelmente poderia me odiar naquele momento. Eu não podia aguentar outra rejeição. Era dolorido demais pensar que meus próprios pais tinham me rejeitado. E ainda pensar que foi pelas pessoas que me adotaram que eu tive de abandonar meu irmão mais novo, sozinho e indefeso.

Era minha culpa dele estar ali naquele hospital.

Era tudo minha culpa.

— Já cheguei até aqui, não custa nada ir até o final. – sussurrei mais para mim mesma, e expirei fortemente mais uma última vez, voltando total atenção para a porta que me tentava a bater.

Levantei a mão direita, e dei uma batida curta, ouvindo uma voz rouca e baixa dizer: entre.

Meu coração palpitou forte, e minhas palmas suaram mais. Como se fosse possível.

Essa era a hora.

Eu iria finalmente ver Jason, depois de todos estes anos.

Sangue de meu sangue.

A única pessoa que me restava neste mundo estava do outro lado da porta, esperando que eu entrasse.

Coloquei a mão na maçaneta, e girei-a, entrando no quarto de cabeça baixa, com medo.

Medo da reação de Jason.

Ouvi um arquejo vindo dele, e levantei a cabeça aos poucos. Jason estava sentado na cama com as pernas para fora, e uma enfermeira arrumava seus curativos no peito e braços. Ele ainda não tinha olhado para mim, mas pude sentir que ele já sabia que eu estava no quarto, mesmo sem me olhar.

Jason estava bem diferente do menininho – quase – inocente que eu havia deixado para trás há alguns anos. Ele era um homem formado. E muito bonito. Seu cabelo estava escuro e curto, até mais escuro do que o meu, seus olhos tinham aderido uma cor mel escuro, que cintilava na claridade da luz do quarto, e ele parecia estar bem mais alto do que eu. Ver a barba rala que agora cobria seu maxilar fazia meu estômago se revirar.

A CaçadoraOnde histórias criam vida. Descubra agora