Trabalho Sempre Atrapalha - £ (Helena)

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ELE ME OLHOU COM OS olhos arregalados, e engoliu seco

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ELE ME OLHOU COM OS olhos arregalados, e engoliu seco.

E eu quis que as palavras voltassem para dentro de minha boca na mesma velocidade que saíram.

— Não existem monstros, Helena. Todas essas coisas são invenções deste maluco.

Algo no meu íntimo se sentiu afetado por suas palavras, mas por mais que eu quisesse estapeá-lo e dizer que era caçando "monstros" que eu havia conseguido me sustentar nos últimos anos, cruzei os braços em cima do peito, e o encarei mortalmente.

— Oh-ou, eu disse alguma coisa errada? - sua voz era cheia de cinismo, mas eu não o podia culpar. Se fosse a situação contrária, eu também teria tido a mesma reação.

— Por que você acha que não existem essas "coisas"? – fiz questão de marcar a palavras "coisas" com aspas no ar.

Ele sentou-se na beirada da mesa, e me olhou com a expressão cansada. Parecia que não tinha dormido nada. Talvez não tivesse mesmo, e havia vindo procurar a lista com os nomes para se ocupar com algo.

— Porque essas "coisas" não existem. – ele imitou o tom que eu usei.

Eu amava Jason e jamais bateria em uma pessoa que estivesse machucada, mas ele estava forçando a barra, e meu sangue parecia borbulhar em minhas veias.

— Só porque você não acredita nelas, não quer dizer que elas não existem.

Ele riu de leve.

— Me prove que existem, e eu prometo nunca mais tocar no assunto novamente.

Sorri satisfeita, e voltei total a atenção à aba aberta, a fim de saber onde as supostas loucuras de Theodore iriam acabar nos levando, e ouvi Jason bufar.

"Hoje à noite, no dia 24 de Setembro de 2010, Theodore Stutch faleceu ao ser diagnosticado com câncer terminal cerebral. Possível causa de seus delírios."

E assim o artigo acabava. Sem dizer como sua viúva havia ficado, ou nem se seus filhos – se ele tivesse algum – conseguiram superar o fato de que seu pai era taxado de maluco por ver coisas e ser seguido por elas. A pessoa que tinha escrito a matéria não parecia se importar com eles.

Max Ploug era o culpado de ter escrito aquilo, mas não da morte de Theodore.

Se ao menos pudéssemos achar a família de Stutch, então tudo ficaria mais fácil. Poderíamos ligar os pontos e saber se eles conheciam alguém da família que pudesse ter dado os dois filhos para adoção.

Janice Stutch provavelmente sabia de algo que estava faltando naquele artigo, e era dela que precisávamos naquele momento.

Abri outra página de pesquisa e digitei: Max Ploug.

Poucos resultados depois e alguns e-mails, consegui localizá-lo em Manhattan, perto do hospital que Jason havia sido levado, e bem mais perto de nós do que eu imaginava.

Antes que eu pudesse abrir a boca para falar qualquer coisa, Jason se pronunciou.

— Precisamos ir atrás desse cara.

Concordei com um aceno leve de cabeça, e peguei um papel para anotar seu endereço. Edward viria comigo na viagem, assim como meu irmão. Eu precisaria começar a contar a verdade aos poucos para Jason se quisesse que ele acreditasse em mim e não me internasse em um hospital psiquiátrico qualquer.

— Mas como vamos fazer para encontrá-lo?

Minha voz quase não passava de um sussurro. Não queria acordar Edward que dormia no quarto acima de nossas cabeças.

Jason espalmou a testa e coçou a nuca, tentando achar alguma solução.

— Podemos ir amanhã logo cedo?

Balancei a cabeça negativamente.

— Não dá. Tenho que ir trabalhar. Podemos ir depois que eu sair do trabalho.

Ouvi Jason bufar.

— Esse seu trabalho sempre atrapalha tudo. Você nunca tira férias, não? – ele perguntou visivelmente irritado.

Não pude deixar de sorrir triste.

— É o que eu faço, Jazy, não posso simplesmente ligar para meu chefe e dizer que resolvi tirar um dia de folga.

Ele fez uma careta quando disse seu apelido antigo, e bufou novamente.

— Não sou mais criança, pode parar de me chamar de Jazy.

Rolei os olhos, e dei um sorriso de canto.

— Eu sei que não é.

Um silêncio desconfortável se instalou no cômodo, e tudo o que eu podia ouvir era nossas respirações altas.

Eu estava agindo como uma péssima irmã por não estar lhe contando tudo de minha vida, mas da mesma maneira que Jason tinha seus segredos, eu tinha os meus. Mesmo que eles fossem um tanto obscuros e loucos.

Não podia sentá-lo numa cadeira e dizer: "Irmão, sou uma Caçadora, e espero que goste de saber que mato criaturas como demônios praticamente todos os dias. O que vai querer comer de jantar?".

Eu iria esperar até a hora certa de lhe falar. Jason era uma criança aos meus olhos, e prometi que o manteria a salvo a qualquer custo. Contá-lo sobre meu trabalho era definitivamente uma maneira de não o manter vivo e saudável.

— Depois do meu trabalho passo em casa e busco você. – conclui, desligando o computador e me virando para olhá-lo. — Não vou sair tarde, então não se preocupe.

Seu cabelo castanho caía sobre os olhos cansados, e ele parecia desabar de sono a cada segundo que passava. Suas mãos apertavam os papéis com os nomes e endereço de Max como se sua vida dependesse deles, e quis expulsar da mente o pensamento de que nosso passado estava nas mãos do tal Max.

— Vamos encontrá-los. Não se preocupe. – murmurei tirando o papel de suas mãos, segurando em seu braço, arrastando-o para o andar de cima.

Coloquei-o deitado em sua cama, e ele apagou assim que sua cabeça tocou no travesseiro. Fiquei o observando por alguns segundos, quando finalmente decidi rumar para meu próprio quarto.

Me joguei em cima da cama, e antes que pudesse dormir, ouvi uma voz conhecida e que provocava arrepios involuntários em meu corpo toda vez, sussurrar em minha mente.

Boa noite, Helena.

Sorri de leve, e me cobri até o pescoço, respondendo antes de cair na inconsciência: Boa noite, Kaus.

A CaçadoraOnde histórias criam vida. Descubra agora