EDWARD SE LEVANTOU ao meu lado, e pegou em meu punho, me arrastando para fora do teatro o mais rápido possível. Quando Hugh encontrou meus olhos, fiz um sinal para ele não nos seguir. As portas foram abertas, e o salão entrou em nossa vista, fazendo com que nós dois estancássemos no meio do caminho.
Meu queixo caiu com a imagem à minha frente.
O salão parecia completamente diferente do que tínhamos visto antes. Obviamente o espaço era o mesmo, mas as cortinas de veludo vermelho estavam fechadas, somente alguns candelabros acesos e nenhum dos lustres iluminando. Uma musica mais pesada tocava, e eu me perguntei como era possível estar tamanho silêncio na sala ao lado. Numa parte do salão era possível ver uma cabine de DJ com apetrechos que nem em um milhão de anos eu seria capaz de entender. Tinha uma mesa encostada num canto mais escuro cheio de petiscos e bebidas estranhas e atraentes. Quadros representando partes da história que acabáramos de ouvir fazia parte da decoração monstruosamente assombrosa que causava arrepios involuntários percorrerem minha coluna.
O salão estava decorado, literalmente, como se fosse parte da história. Como se nós estivéssemos vendo a continuação dela. E um clique se estalou em minha cabeça. O homem não tinha continuado, pois o baile era a continuação da história.
- Tem certeza de que entramos por aqui? – perguntou Edward, vendo que as pessoas começavam a passar por nós, jogando-nos olhares de escárnio, como se tivéssemos alguma doença.
- Certeza. Agora fique quieto e me siga. – sussurrei levando-o para perto de um dos bancos, mais longe possível da entrada do teatro, vendo que o salão começava a lotar de pessoas que encaravam abismadas a mudança no local.
Encostamo-nos perto de um dos bancos de veludo vermelho, e me abanei tentando fazer a sensação de tontura passar. Tudo girava de uma maneira nada agradável, e o que me mantinha em pé era o braço de Edward segurando meus ombros.
- Está tudo bem? – ele perguntou se abaixando para ficar com os olhos na altura dos meus.
- Não. – admiti.
Ele abriu a boca para fazer alguma coisa, mas eu o interrompi.
- Tem alguma coisa muito errada acontecendo aqui. – sussurrei.
Edward rolou os olhos nas órbitas.
- Estamos em um baile cheio de criaturas que não deveriam existir, trabalhando em uma empresa que é desconhecida por todo mundo. – ele fez uma pausa breve. – E você tem dúvidas de coisas erradas acontecendo?
Coloquei a mão na testa, e me sentei no banco encostando a cabeça na parede mais próxima, tentando controlar a respiração o máximo que conseguia.
- Você tem razão. – sussurrei.
Ele tirou o braço de meus ombros, e cruzou-os em cima do peito, se recostando na mesma parede que eu estava.
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A Caçadora
RomanceHelena Jameson é de fato uma adolescente fora dos padrões. Não tem amigos, não se enturma, e nunca deixa que as pessoas se aproximem demais por causa de seu segredo sombrio. Ela é, na verdade, uma caçadora de criaturas místicas. E estar apaixonada p...