NÃO ME PREOCUPEI em prestar atenção às horas que haviam passado por nós demasiadamente rápidas. De uma coisa eu tinha certeza, estava escurecendo e uma sensação inquietante começava a florescer em minha barriga.
Edward estacionou o carro na garagem, e tirou meu irmão do banco de trás, que com certeza não estava dormindo. Era somente mais uma das táticas dele: "finja que está dormindo, talvez eles não incomodem". E aquilo me irritava profundamente.
Apesar de parte de mim ter consciência de que ele provavelmente estava chocado demais para conseguir sentar e conversar de uma maneira civilizada conosco, a outra só queria receber um abraço dele, dizendo que tudo iria ficar bem. Mesmo que não fosse ficar, no final das contas.
Abri a porta de casa e deixei a passagem livre para Edward passar com meu irmão "desacordado" e seguir até as escadas com ele pendurado como uma trouxa de roupas sobre os ombros. Edward o levava como se ele não pesasse nada, e nem ao menos respirava dificilmente.
Depois de verificar as trancas da porta pelo menos duas vezes, segui até para a cozinha, pegando um copo cheio d'água, terminando com ele em poucos goles. Voltei para a sala bem a tempo de ver meu companheiro descer as escadas e se jogar no sofá. Ele conseguiu sentir minha presença, pois fez um sinal para que eu me juntasse a ele.
Era agora ou nunca.
Contaria toda a verdade para ele. Todos os meus pensamentos, o que aconteceu comigo nessas últimas semanas, em como eu me sentia em relação à Fitch... Absolutamente tudo.
Antes mesmo de me aconchegar a seu lado, fiquei na sua frente e sentei-me na beirada da mesa de centro. Minhas mãos insistiam em se contorcer, deixando os nós de meus dedos esbranquiçados. Mordi minha boca dolorosamente e cheguei a sentir um pouco do gosto de sangue.
— Tem certeza de que quer saber? – perguntei.
Eu não precisaria especificar sobre o que eu estava perguntando. Ele sabia.
Balançando a cabeça afirmativamente, disse:
— É a única maneira de me preparar mentalmente para lhe proteger, Helena.
Assenti.
— Ok.
Respirei fundo diversas vezes, e comecei a contar as batidas ritmadas de meu coração.
— Eu não sei o que aconteceu, ou nem como aconteceu. – sussurrei me levantando. Não conseguia me manter sentada. A ansiedade que me corroía por dentro, fazia com que minhas pernas não obedecessem mais ao comando de ficarem quietas. — Mas eles são importantes para mim. Já me salvaram várias vezes da morte eminente, e eu devo a eles.
Ouvi Edward bufar e me interromper.
Eu sabia o que ele iria falar.
— Você não lhes deve nada.
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A Caçadora
Любовные романыHelena Jameson é de fato uma adolescente fora dos padrões. Não tem amigos, não se enturma, e nunca deixa que as pessoas se aproximem demais por causa de seu segredo sombrio. Ela é, na verdade, uma caçadora de criaturas místicas. E estar apaixonada p...