Theodore - £ (Helena)

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OS DIAS QUE SE SEGUIRAM passaram tão rápidos e calmos, que chegava a ser estranho

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OS DIAS QUE SE SEGUIRAM passaram tão rápidos e calmos, que chegava a ser estranho. Depois da festa e de várias tentativas de me lembrar de algo que teria acontecido de importante para eu ficar tão aflita várias vezes ao dia, acabei desistindo. Tentar lembrar só fazia minha cabeça rodar e latejar. A minha teoria era de que eu tinha ficado tão bêbada a ponto de minha noite ser uma completa lacuna, já que pensar que tinha sido drogada era muito improvável.

A convivência entre Edward e Jason era muito boa, mas como eu estava encarando duas personalidades fortes e desconhecidas, preferia mantê-los longe um do outro até que se ajeitassem. Por várias vezes meu irmão perguntou onde eu estava indo carregando uma arma na cintura, e – acredite ou não – me seguiu até o trabalho.

Estava ficando cada vez mais difícil esconder dele a verdade. Mas se eu contasse provavelmente teria que aguentar ele rindo da minha cara, achando que eu tinha ficado louca de vez.

Estava ficando cada vez mais difícil esconder que eu não tinha passado na casa de nossos pais adotivos, e sim comprado um guarda-roupa inteiro e novinho em folha para ele usar.

Eu nunca conseguiria admitir que era fraca demais para pisar naquela casa novamente.

Levantei do sofá quando era mais ou menos três horas da manhã, depois de uma longa noite de filmes de terror, e caminhei até a cozinha, trazendo comigo a bacia de pipocas já vazia. Uma luz no corredor que levava ao escritório piscou, e meu coração se acelerou gradativamente.

Lembrei-me da cena no filme em que a menina vê o reflexo de seu assassino pelo espelho, mas quando tenta fugir, acaba morrendo, e comecei a me desesperar.

Tateei as gavetas no escuro, procurando alguma coisa que eu pudesse utilizar como arma, como uma faca bem afiada, mas tudo o que meus dedos encontraram naquele momento eram colheres de pau.

Eu não sabia por que tinha tantas colheres de pau já que nem ao menos sabia como cozinhar direito. Acho que eu esperava que Claire cozinhasse para mim quando viesse dormir em casa. Coisa que raramente acontecia.

Segurei firmemente na colher e fechei a gaveta com um baque surdo. Como eu estava descalça, meus pés eram o que me guiavam pela escuridão que a sala estava mergulhada. Eu podia ouvir o som da luz falhando, e piscando várias vezes seguidas.

Pensei em pegar meu telefone para poder ligar pelo menos a luz do visor para me guiar, mas quando ouvi o barulho de papéis sendo jogados na parede, estanquei no lugar.

Eu recitava palavras que me acalmavam mentalmente e tentava manter o coração batendo no ritmo normal, enquanto minhas palmas suavam deliberadamente.

Escorei-me na parede ao lado da porta e vi que aos barulhos de papéis voando na parede ficaram ainda mais rápido. Contando até três várias vezes, resolvi entrar.

Respirei fundo, e enfiei o corpo dentro do escritório, segurando a colher de pau protetoramente na frente do corpo. Como se ela fosse me proteger de alguma coisa.

A CaçadoraOnde histórias criam vida. Descubra agora