— SABEMOS QUE TEM VÁRIAS criaturas aqui dentro, e não nos preocupamos, afinal, já fomos uma delas, e contanto que não nos causem problemas maiores do que os Finnik, estaremos dispostos a lhes propor um acordo.
Merda, ouvi Edward xingar e percebi que ele ainda estava conectado à mim. Eu podia sentir tudo o que sentia. Medo, apreensão, raiva, e mais um pouco de medo.
— Nos ajudem a acabar com os irmãos de uma vez por todas e deixaremos todas as criaturas que estão nesta sala saírem ilesos de qualquer coisa que possa acontecer no futuro. - Susan disse. A voz não tão amigável quanto antes.
Ouvi grunhidos baixos demais para reconhecer de quem havia sido, e Felícia estalou a língua.
— Se os dois estão humanos, então é mais fácil para matá-los. – uma Caçadora da divisão de Ohio disse. Em sua mesa havia pelo menos cinco pessoas, todas elas homens e de aparência assustadora.
— Sim. – Felícia se pronunciou pela primeira vez, a voz era baixa e delicada, muito diferente do que suas feições acusavam. — Mas não é o bastante. Nosso código de conduta não permite que matemos humanos.
Ouvi a Caçadora de Ohio bufar e a vi cruzar os braços em cima do peito, como se achasse toda aquela conversa uma pura perda de tempo. E eu também achava.
— Teremos ainda que arranjar uma maneira de a Caçadora que o está "enfeitiçando" ser recompensada. Afinal, ela é a pessoa que tornará a morte deles possível. – Ela acrescentou com uma mudança no tom de voz considerável.
Engoli seco quando seus olhos pousaram em cima de mim, e por alguns segundos eles desviaram, me deixando com uma incerteza enorme dentro de mim:
Felícia sabia ou não de meu segredo?
— Vocês disseram que também já foram criaturas místicas, – me ouvi falando, procurando tirar o foco um pouco do assunto "a morte dos Finnik será por minha culpa". — o que eram?
Mais uma vez eu era posta no centro das atenções. A cadeira de Edward se arrastou sem ruído até meu lado, e ele estendeu a mão para mim, como se estivesse me dando apoio. Mesmo depois de saber que eu era a pessoa culpada por tudo. Peguei-a e pressionei seus dedos, gentilmente, agradecendo em silêncio por um simples gesto que havia tirado parte de um grande peso de minhas costas.
— George e Alex eram demônios, assim como eu e Susan, - Amélia disse, e lançou um olhar simpático para Felícia. — e Felícia um espérer.
Por isso ela era tão magra e muito menos graciosa do que os outros. Ela não tinha aquele ar de superioridade que todos eles possuíam. Felícia havia sido tratada, por Deus sabe quantos anos, como o lixo da sociedade de criaturas místicas, e por isso eu sentia um aperto no coração ao pensar em quem poderia amar um monstro.
George, que ainda estava do lado de Amélia, entrelaçou seus dedos nos dela, e Alex fez o mesmo com Susan e Felícia ficou ali, parecendo uma criança perdida. Seu olhar encontrou o meu e sorri, mas não foi retribuído, uma vez que ela levantou o queixo, tentando ser tão prepotente quanto os outros, fingindo ser uma coisa que eu tinha certeza não ser.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Caçadora
RomanceHelena Jameson é de fato uma adolescente fora dos padrões. Não tem amigos, não se enturma, e nunca deixa que as pessoas se aproximem demais por causa de seu segredo sombrio. Ela é, na verdade, uma caçadora de criaturas místicas. E estar apaixonada p...