Gostosura ou Travessura - £ (Helena)

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SEMANAS HAVIAM PASSADO desde que o incidente na loja de Sally tinha ocorrido, e como era de se esperar, Jason arrumava sempre uma desculpa para não conversar comigo

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SEMANAS HAVIAM PASSADO desde que o incidente na loja de Sally tinha ocorrido, e como era de se esperar, Jason arrumava sempre uma desculpa para não conversar comigo. Ele parecia não querer uma explicação para o que quer que tivesse visto. Para ele, não importava.

Pelo menos era o que parecia.

Já era Hallowen, e Edward não conseguia aceitar o fato de eu não estar vendo somente um dos irmãos, mas sim os dois. E ficava extremamente irritado quando entrava em meu quarto e sentia o cheiro de um deles, apesar de que, nessas últimas semanas, não tinha ao menos ouvido falar de Kaus e Polux. Eles pareciam ter evaporado. Nenhum rastro.

Nem mesmo eu era capaz de rastreá-los. Polux se recusava a atender às ligações e sua caixa de mensagens de voz estava cheia, o que me impedia de lhe importunar ainda mais. O sumiço dos dois me incomodava em proporções que nem eu mesma era capaz de entender. Como era possível, duas pessoas marcadas para morrer, desaparecerem por completo? E o pior: do nada!

Cocei a nuca tentando entender mais uma vez aqueles símbolos estranhos desenhados no papel semelhante a papiro à minha frente. Aquilo já tinha virado rotina. Voltava de um dia exaustivo no trabalho, depois de treinar durante quatro horas seguidas com Jake, e sentava-me à mesa da cozinha tentando entender o que diabos eles queriam indicar, e de onde vinham suas coordenadas geográficas.

Com Jake na empresa, tudo era mais fácil.  Seu lema era: "A dor elimina pensamentos desnecessários", e até aquele momento, eu não sabia o quão verdadeiro ele soava.

Eu ficava suando igual a uma porca depois dos treinos, tentando não gastar todas as minhas horas em pensar em como ficar longe de Fitch e sim em como não quebrar meus dedos socando os sacos de areia. Atirar em alvos móveis estava ficando mais fácil com o tempo. Eu conseguia atirar em longas distâncias, com a arma pesada, e correr com ela nas mãos sem a derrubar em nenhum momento. Edward me fez prometer que eu aprenderia a atirar em demônios de classe A, apesar de eu não querer, pois sabia que Kaus não faria mal algum à mim, mas ele apenas tinha revirado os olhos, engolindo seco, fazendo um barulho de estalido com a língua, insinuando para que eu continuasse com o treinamento.

Edward não confiava em nenhum dos dois irmãos, isso me deixava em um impasse desconfortável. Ele era como um irmão mais velho para mim, e desapontá-lo não era fácil e muito menos agradável. Toda vez que mencionávamos um dos dois ele ficava todo emburrado no canto e me ignorava por exatos cinco minutos. Dizia que era o tratamento do silêncio, e ajudava ele a controlar a raiva e não se transformar no meio da sala de estar. Isso poderia espantar meu irmão para longe definitivamente.

— Estou em casa! – ouvi Jason gritar, e depois dizer mais baixo, quase cantarolando.  — Não que realmente alguém se importe com isso.

Revirei os olhos e respondi no mesmo tom.

— Eu me importo.

Sua risada o denunciou. Sempre denunciava.

Vi sua cabeça com chumaços escuros e enrolados, o rosto corado e um sorriso no rosto.

A CaçadoraOnde histórias criam vida. Descubra agora