Sem Resistência - ¢ (Polux)

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PAREI A BEBIDA no meio do caminho, e a baixei

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PAREI A BEBIDA no meio do caminho, e a baixei. O que eu deveria dizer? A verdade? Não. A verdade custaria minha vida e a dela. Por ora era mais fácil optar pela resposta de sempre:

— Trabalho. – sussurrei tentando dar de ombros.

Helena me analisou por alguns segundos, rindo de leve. Seu corpo irradiava algo que me deixava elétrico e acordado. Ela era como minha dose diária de cafeína. Com ela eu me sentia invencível.

— Por que não aproveita a festa, Polux?

Foi minha vez de rir. Ela dizia meu nome muitas vezes, e isso já estava provocando sensações que nem eu conseguia explicar direito.

O desejo brotava em meu peito, e cegava meus instintos de me afastar.

— Gostou de dizer meu nome? – perguntei mudando completamente de assunto, esperando que isso a fizesse se distanciar de mim. Mas assim que as palavras saíram de minha boca, quis instantaneamente me desculpar.

Suas feições desmoronaram, e o sorriso que antes se encontrava em seu rosto, desaparecera por completo.

Droga, pensei exasperado.

Ela mordeu os lábios e enrolou a ponta do cabelo nos dedos, brincando, totalmente envergonhada. A culpa me arrebatou, e tudo o que eu queria era pegá-la no colo e acariciar seu rosto por minutos a fim, sem sermos interrompidos.

— É um n-nome diferente. – ouvi-a gaguejando, olhando para todos os cantos, e menos para mim.

Quis rir de sua atitude, mas isso somente a deixaria mais envergonhada ainda.

Eu fazia tudo errado, não? Eu e minha grande boca!, ouvi mais uma vez sua mente.

Não que eu estivesse lendo-a de propósito, mas ela era tão indecifrável por fora que eu não resistia em dar uma espiada em seus pensamentos.

Apontei para o céu acima de nossas cabeças, e lembrei do por quê meu nome era aquele, um estalo se fazendo presente em minha cabeça.

— Meu nome é Polux porque minha mãe era uma fanática por estrelas.

Ela assentiu ainda envergonhada, e continuou a brincar com seu cabelo. Segurei sua mão tentando a fazer parar. Suas batidas que antes eram ritmadas, agora já haviam perdido o compasso. E parte de mim estava radiante por saber que aquilo era por minha causa.

Coloquei a taça em cima da bancada, e enlacei sua cintura, sussurrando baixo:

— Não precisa ficar com vergonha.

Eu só via seu rosto parecendo estar vermelho de vergonha, e sua boca entreaberta em choque. Mas uma vez que a mesma havia sumido de vista, uma nova Helena se erguia à minha frente. Uma Helena que eu amava, e que havia me conquistado desde o primeiro dia que botei os olhos nela, há tantos anos atrás.

A sedutora sorriu de canto me provocando.

Ela parecia lutar contra dois sentimentos dentro de si, e quem ganhava me preocupava.

E se ela nunca mais quisesse olhar para mim? O que eu iria fazer?, perguntei-me incansavelmente.

Ignorando qualquer alarme que pudesse estar soando dentro de sua cabeça, aproximei meu rosto, deixando um espaço mínimo entre nós. Eu a deixaria fazer sua escolha. Ainda dava tempo de voltar atrás. Não havia acontecido nada demais.

Ela ainda estava à salvo.

Minha voz se projetou, e meu âmago se apertou com o desejo reprimido.

— E além disso, gosto do som de meu nome em seus lábios.

Ela mordeu os lábios, e se inclinou para alcançar meus ouvidos.

Ela vai me recusar. Vai dizer para eu a esquecer, sussurrei com um pesar grande caindo em minhas costas.

— Polux? – perguntou ela.

Sua voz fez com que meu corpo se arrepiasse de uma maneira descomunal, e tudo o que se passava em minha mente era: eu a quero como nunca quis alguém. Mesmo que ela não me queira, vou lutar por seu coração.

— Por que está demorando tanto para me beijar?

Quando essas palavras saíram de sua boca, meu instinto foi gritar de alegria no interior. Nossos lábios se encontraram, e procuramos com urgência colar mais os corpos, tentando fundir-nos em um só ser. E apesar de estar adorando ter Helena perto de mim, meu lado perigoso ameaçava aparecer caso continuassem. Ela trazia o melhor e o pior de mim. E eu ainda estava lutando uma batalha contra meus sentimentos para saber se aquilo era uma coisa boa ou não.

Minhas mãos apertavam tanto sua cintura e nuca que eu já podia ver os hematomas se formando sob a pele clara. Mas isso não me fez parar.

Ouvi passos se aproximando, e dei-lhe uma mordida no lábio inferior, sabendo que isso somente a atiçaria mais.

— Tem alguém vindo. – sussurrei dando-lhe um curto beijo, e correndo para sair dali o mais rápido possível, deixando para trás uma Helena chocada com tudo o que havia acontecido.

O acompanhante dela chegou com a bebida, que ela fez questão de beber em questão de segundos, puxando-o pela mão gritando alguma coisa, e indo diretamente para a pista de dança, onde corpos dançavam ao ritmo de uma música que eu não estava familiarizado, parecendo cansados e suados.

O desejo por Helena ardia em minhas veias, e tive que parar para respirar antes de continuar a buscar pelo salão a única pessoa que eu podia contar naquele momento. Encontrei os olhos que me eram tão familiares, e minha respiração ficou presa na garganta.

O que Kaus está fazendo aqui?, perguntei mais irritado do que nunca, sentindo meu desejo ardente se aquietar até sumir quase que por completo.

Procurei-o novamente, mas ele havia se perdido no meio da multidão.

Espero que isso só tenha sido uma visão, irmão, sussurrei na mente de Kaus.

Ouvi sua risada grutal. Vamos dizer que estou de volta. Deveria se sentir extasiado com essa notícia, irmãozinho. Afinal, vamos finalmente derrotá-los. Depois de tantos anos. Sua voz parecia séria o suficiente.

Tentei procurá-lo, e seguir sua mente, mas ele insistia em se afastar cada vez mais.

Quando não senti mais sua presença, corri para achar a pessoa que eu verdadeiramente estava interessado em encontrar naquele momento.

Eu precisava de Cali. Ela era a única que me entenderia verdadeiramente.

Era a única que podia me ouvir naquele momento.

A CaçadoraOnde histórias criam vida. Descubra agora