SUA MÃO ENTRELAÇOU-SE à da mulher ao seu lado, e ele sorriu. E mesmo que a mulher não conseguisse sentir a mesma coisa por ele, se obrigou a esboçar pelo menos um sorriso, apertando seus dedos. A tornozeleira de choque a lembrou de que se ela não seguisse os passos do homem talvez ele a botasse para funcionar. Lembrou-se da última vez e estremeceu. Ainda se recordava das várias horas que passara tentando controlar as mãos que teimavam em tremer por conta dos choques.
— Você não vai entregar carta nenhuma. – ele tinha dito.
E ela havia desobedecido, arrumando uma maneira de burlar as regras e mandar um dos vários mordomos ir colocar as cartas no correio.
O mordomo tinha sido seu melhor amigo durante meses, e agora estava morto.
Maia era a única pessoa que a conseguia controlar, e talvez fosse por isso que toda a vez que a via tinha uma vontade incontrolável de arrancar sua cabeça do pescoço. E apesar de já estar mais enferrujada nos feitiços, conseguia se lembrar de alguns que conseguiam fazer um pescoço ser quebrado em segundos.
O aperto nos dedos se tornou quase insuportável e quase amassando seus dedos frágeis. A mulher se controlou para que seus olhos não transbordassem.
— Controle seus pensamentos, querida, ainda não acabamos aqui. – e sua voz ficou mais baixa conforme ele continuou: — Maia ainda precisa nos autorizar a sair daqui.
Ela quis expressar todo seu nojo por aquele ser que praticamente grudava em sua mão, mas preferiu engolir seco e continuar a encarar o horizonte. Como sempre.
Passando os olhos pela multidão andando apressada pelo saguão do aeroporto de Salem, pode ver os cabelos pretos curtos e bagunçados e a estatura tão pequena quanto uma criança de dez anos. Maia trajava um vestido todo tribal na altura do joelho, com uma bota rasgada e velha, um chapéu daqueles de praia na mesma cor dos cabelos, e óculos escuros tão grandes que cobria até mesmo parte de suas bochechas.
Quando se aproximou do casal que se portavam de maneira estranha no meio de todas aquelas pessoas que se esbarravam e não pediam ao menos desculpa, exclamou baixando a única que mala pequena que tinha trazido.
— Que viagem extenuante. – sua voz ressoou como agulhas no ouvido de ambos.
Nenhum dos dois se deu ao trabalho de respondê-la.
E tirou os óculos, deixando os olhos grandes e protuberantes à mostra, rindo com os dentes da frente separados.
— Espero que saiba muito bem o que está fazendo.
Ambos engoliram seco e inconscientemente a mulher apertou os dedos do homem num desespero que somente ela conhecia.
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A Caçadora
RomanceHelena Jameson é de fato uma adolescente fora dos padrões. Não tem amigos, não se enturma, e nunca deixa que as pessoas se aproximem demais por causa de seu segredo sombrio. Ela é, na verdade, uma caçadora de criaturas místicas. E estar apaixonada p...