Amigos Não Se Beijam na Boca - £ (Helena)

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ELE PEGOU UMA FOTO que estava apoiada perto das xícaras e me esticou

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ELE PEGOU UMA FOTO que estava apoiada perto das xícaras e me esticou. Foi a deixa para largar o chá ruim e observar quem era ela.

A foto era antiga, mas a mulher sorria amigável para o homem ao seu lado, que sorria com a mesma intensidade. Ela tinha os cabelos anelados, olhos escuros, mas profundos e parecendo bondosos, feições finas e angulosas, e cruzava as mãos em cima do vestido florido, parecendo ainda mais com um anjo.

— Essa é Janice? – questionei pegando a foto de suas mãos, com cautela.

— A única. – sua voz ecoou longe e perdida num tempo que eu não conhecia.

Passei os dedos por cima do vidro e vi que além dos dois, tinha mais uma pessoa atrás do homem ao lado de Janice, que sorria para os dois e parecia estar se divertindo.

— Quem são os dois homens ao lado dela? – perguntei.

Max suspirou.

— Eu e Theodore.

— Vocês eram amigos? – a descrença em minha voz era até palpável. — Então por que escreveu aquele artigo sobre ele ser louco?

— Por que ele era! – Max elevou sua própria voz, e tossiu um pouco de sangue nas mãos. — Eu era amigo dele, mas não me conformava em como ele conseguia tudo e eu não. Ele era louco! Por que Janice tinha escolhido ficar com ele e não comigo?

Um momento de silêncio se instalou no cômodo.

— Eu a amava mais do que tudo.

Olhei para Jason e percebi que ele encarava o piso de madeira como se ele fosse a única coisa que o mantivesse entretido. Espiei Polux e vi que ele estava tão parado que chegava a se parecer com uma estátua, e Edward, bem, este chegava e morder os lábios de tão confuso. Ele parecia tentar entender o que diabos Max estava falando, e ao mesmo tempo não sabia se a resposta seria agradável.

— Ainda não me respondeu por que escreveu aquele artigo. – insisti, cruzando os braços em cima do peito, tentando passar a imagem de uma imponente o máximo que conseguia.

Max me encarou com os olhos turvos e molhados, parecendo tão doente quanto antes.

— Ele a fez infeliz, e a fez sofrer! Tudo por uma loucura que acreditava. – sua voz morreu no final, parecendo mais baixa e triste.

— Então você o escreveu por que não aguentava vê-la feliz, é isso? – eu sentia que minhas perguntas o estavam incomodando, mas não conseguia expulsar a sensação de que algo estava muito errado.

Porque Max havia escrito aquilo, e dito à praticamente metade das pessoas que acreditavam nele, que ele não passava de um maluco acreditando em comportamentos distintos de animais que haviam passado a vida toda, presos em celas, e os confundia com os "monstros" que via rondando sua casa.

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