ELE BUFOU E SE LIMITOU a terminar sua comida. Pagamos pela refeição e levando os papéis embaixo do braço com uma força desnecessária, saí da cantina. Mas não sem antes observar o olhar caloroso que a menina tinha dado para Edward. Quis vomitar ali mesmo e preferi fingir não ter visto, indo diretamente para o carro.
Entrei e murmurei quando já estávamos saindo do estacionamento.
— Fitch vai adorar saber que você flerta com todas as mulheres enquanto está comigo.
Ele me lançou um olhar avisando que eu calasse a boca e eu gargalhei.
— Será nosso segredinho.
Edward cutucou minhas costelas fazendo cócegas e eu me contorci no banco, gritando:
— Preste atenção na estrada ou vamos acabar embaixo de algum caminhão!
Ele riu revirando os olhos.
Depois de um tempo curto de silêncio insuportável resolvi ligar o rádio e o carro se encheu com uma música antiga e que eu conhecia as letras. Para meu desespero Edward começou a cantarolar junto comigo, e antes que percebêssemos estávamos berrando as letras com os vidros abaixados, recebendo os olhares estranhos de pessoas que passavam por nós. Tínhamos até coreografia.
Em um momento fiquei em silêncio, ouvindo-o cantar sozinho, tão desafinado quanto uma garça, enquanto eu ria tanto a ponto de minha barriga doer.
— Eu canto muito bem! – ele protestou cantando novamente.
— Chega de música. – disse desligando o rádio.
Uma crise de gargalhadas ecoou do peito de Edward e ele se virou para mim com uma das sobrancelhas levantadas, irritantemente.
— Só está com inveja porque eu canto bem e você parece um CD riscado.
Dei-lhe um soco de brincadeira no braço arrancando um protesto dele, e me concentrei na paisagem que mudava rapidamente, deixando o que parecia ser o pôr do sol tingir o céu de cores como laranja, rosa e azul. Pouco tempo depois paramos em frente nossa casa, e eu expirei pesadamente.
Peguei os papéis direito na mão, me certificando que nenhuma foto ou informação importante pudesse escapar do montinho e acabar em mãos erradas, correndo para entrar em casa. Fui diretamente para a cozinha e recolhi todas as folhas rabiscadas e jogadas em cima da mesa, indo diretamente para o escritório, onde certamente teria mais paz para estudar tudo direito.
Edward não se deu ao luxo de perguntar onde eu estava indo, talvez pela falta de interesse ou por saber que aquela era minha rotina agora, e se sentou a frente da TV alternando os canais entre as notícias e esportes variados.
Fechei a porta do escritório e me concentrei em espalhar todos os símbolos pelo chão, e deixar os papéis com todas as informações necessárias para encontrar Drake e suas prisioneiras. De pé, mordendo os lábios, puxando os cabelos para todos os lados, com um caderno de anotações eu ia desenhando os símbolos que conhecia.
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A Caçadora
RomanceHelena Jameson é de fato uma adolescente fora dos padrões. Não tem amigos, não se enturma, e nunca deixa que as pessoas se aproximem demais por causa de seu segredo sombrio. Ela é, na verdade, uma caçadora de criaturas místicas. E estar apaixonada p...