OUVI ALGUNS PASSOS ecoando pelo quarto. O barulho de saltos no piso de madeira fazia minha cabeça latejar. E de fato, essa dor que se fazia presente era uma das razões pelas quais eu sabia que tinha alguma coisa errada comigo. Eu não tinha uma enxaqueca assim há tempos.
— Bom dia, raio de Sol! – a voz de Claire soou ao meu lado, perto demais.
Abri um dos olhos somente para vê-la se afastar e caminhar até a janela sorrateiramente, abrindo as cortinas num rompante.
Fechei os olhos contra a claridade que banhava o quarto e o mergulhava em um tom branco amarelado, saudando com suas cores alegres. Quase um convite para começar o dia de bom humor.
Quase.
Meu humor não era um dos mais agradáveis naquele momento. Escondi o rosto embaixo dos cobertores e travesseiros, tentando impedir que a luminosidade chegasse aos meus olhos e que me acordassem de vez.
Gemi quando senti a mão de Claire cutucando minhas pernas.
—Vá embora! – resmunguei com o rosto contra um dos travesseiros, puxando-o mais para perto.
Eu já sentia aquela moleza característica de quando estamos prestes à dormir novamente, anunciando que não demoraria muito para eu cair no sono.
— Levante! – ela retrucou alto demais para meus ouvidos, puxando os cobertores brutalmente de meu corpo.
Me agarrei ao travesseiro que ainda era pressionado em meu rosto, e torci para que ela também não tentasse arrancá-lo de mim.
Antes mesmo que eu tivesse forças para completar este pensamento, ele fora arrancado de meu rosto, com a mesma rapidez quanto os cobertores de meu corpo. Sufoquei um palavrão no topo da garganta quando senti o impacto doloroso da mão de Claire em minha bunda.
— Mas que droga foi essa? – gritei irritada, quando ela, não satisfeita, repetiu o movimento.
Bufei alto de irritação, e pude ouvir sua risada baixa. Meus olhos se abriram, e demoraram um pouco para se ajustarem à claridade excessiva.
Ela estava tão ferrada!
Claire simplesmente deu de ombros, e cruzou os braços em cima do peito.
— O que você quer, Claire? – perguntei tentando me controlar para não pular em seu pescoço.
— Que você levante.
Revirei os olhos.
Um traço de confusão se passou por seus olhos, e eu sentei na cama, me espreguiçando, sentindo o pijama de flanela roçar em minha pele.
— Me diz uma coisa, o carinha que te trouxe era pelo menos gato? – ela perguntou descruzando os braços, e se sentando à minha frente.
— Como?
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A Caçadora
Любовные романыHelena Jameson é de fato uma adolescente fora dos padrões. Não tem amigos, não se enturma, e nunca deixa que as pessoas se aproximem demais por causa de seu segredo sombrio. Ela é, na verdade, uma caçadora de criaturas místicas. E estar apaixonada p...