Por um fio - £ (Helena)

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OS SINOS DA IGREJA soaram mais uma vez antes de se silenciarem por completo, e um carro apressado parou em sua entrada, não se importando de ir parar no estacionamento que ficava à apenas alguns metros de distância

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OS SINOS DA IGREJA soaram mais uma vez antes de se silenciarem por completo, e um carro apressado parou em sua entrada, não se importando de ir parar no estacionamento que ficava à apenas alguns metros de distância. De dentro dele pulou uma senhora de cabelos acobreados carregando uma caixa de papelão pequena nas mãos, que se apressou para entrar na igreja para se abrigar da chuva fraca que começava a cair. Voltei minha total atenção ao carro suspeito, e pude ver que uma pessoa aguardava a mulher voltar. Pelos vidros salpicados pela chuva fina, visualizei seus dedos tamborilando apressadamente no volante, e volta e meia o apertando em sinal de nervosismo.

Da distância que eu me encontrava, não era muito difícil identificar que pela pressa que a mulher aparentava, algo de ruim iria sair de dentro daquela caixa. Nem que fosse pelo menos uma aranha.

Respirei fundo tentando inalar o máximo de ar puro que conseguia, para ao menos me manter calma. Eu adorava trabalhar caçando, aquilo estava no meu sangue, mas algo me dizia que eu sempre estava um passo atrás de todos os outros. Talvez fora por isso que insisti tanto para Fitch me mandar sozinha para minha quinta missão em campo. E apesar de pensar que fosse me sentir muito melhor quando vestisse a roupa e segurasse a balestra¹ firmemente nas mãos, estando somente por minha conta, não era bem assim que as coisas estavam acontecendo. Meu estômago estava dando voltas e se contraindo de nervosismo. Eu não daria para trás agora, não depois de ter enchido tanto a paciência de meus supervisores para poder participar desta missão.

Imagine só, aparecer na empresa e dizer: "Não consegui terminar a missão porque amarelei". Aquilo estava fora de cogitação! Eu provavelmente seria posta para fora e exilada, ou coisa parecida.

— Tem certeza de que vai conseguir, Helena? - Nolan havia me perguntando antes de eu pegar as armas e me dirigir até o carro.

— E quando eu não consigo, Nolan?

Sua resposta fora uma revirada de olhos, apenas. Ele sabia que eu era muito medrosa, mas enfrentava coisas piores quando estava em grupo ou em duplas, por isso não ficara preocupado.

Mas agora a pessoa preocupada era eu!

A noite estava mais escura do que o normal. O céu estava sem estrelas, mas em compensação uma grande e rechonchuda lua se estendia pelo céu como se fosse a rainha dele. Ela parecia querer mostrar que era o espetáculo da noite, e que não precisava de nenhuma estrela para lhe tirar o brilho reluzente.

As primeiras noites de Setembro sempre eram assim, escuras e tenebrosas, mas as pessoas nunca paravam para reparar nisso. Estavam muito preocupadas tentando manter a vida normal e rotina monótona, se protegendo de seus piores pesadelos.

Alguns dias depois que entrei para a profissão de "caçadores de criaturas que não deveriam existir", descobri que as notícias sobre corpos que tiveram seu sangue drenado, mordidas em todos os membros expostos eram causados por criaturas malignas que rondavam a noite, e que na verdade, barulhos que as pessoas se queixavam ouvir todas as noites, não eram de animais que resolviam caminhar pelos telhados de noite porque achava divertido, eram de criaturas místicas que andavam nos telhados por achar divertido assustar os outros. Ou então a história do bicho-papão? Eles eram denominados espérers, e não faziam mal a ninguém, a não ser quando estivessem famintos.

A CaçadoraOnde histórias criam vida. Descubra agora