DEPOIS DE MUITOS minutos andando, passando por parques, casas, ruas e pessoas, me vi caminhando para dentro do parque Woodland. Os resíduos da chuva que caíra há algumas horas ainda se encontrava nas flores, moitas e etc. Elas deixavam o ambiente úmido demais para meu gosto. A terra fofa cedia sob meus pés a cada passo que eu ousava dar, e as árvores começavam a crescer cada vez mais ao meu redor. Tudo o que eu conseguia pensar era seguir em frente, e só parar quando estivesse cansado o suficiente para dormir por longas horas.
Quando me vi cercado de árvores, sentei no chão e senti a dor crescer novamente, desta vez de uma maneira que fez com que eu me curvasse. Eu sentia algo rasgar minhas entranhas e me partir ao meio. Era como se algo estivesse querendo sair do fundo de minha alma.
Os pensamentos que se repetiam em minha mente variavam entre pedidos de socorro e o desejo de morrer logo, para não ter que enfrentar a dor horrorosa que ainda se ocupava de meu corpo. Forcei meus pés a se firmarem no chão, e tentei me levantar.
Minhas calças começaram a rasgar na altura das coxas, e minha camiseta se fez em pedaços. Meus músculos pareciam ter triplicado de tamanho, e a dor não era tão mortal quanto antes. Parecia até agradável. Uma queimação boa que corria por minhas veias.
Senti meus ossos quebrando, e isso foi a gota final para eu desabar, e deitar ao chão, derrotado pela dor.
A mordida ardia de uma maneira nunca sentida antes. Meu pescoço estalou quando virei rapidamente para dar uma checada nela, e tive que sufocar um grito na garganta.
Ela estava curando!
Pude ver a pele se regenerando e juntando, deixando no lugar da mordida uma marca clara e em alto relevo. Descendo por meu braço, uma forma irreconhecível fazia um desenho todo trabalhado, contrastando com a pele branca e doente que eu havia tomado depois de ficar com febre e vomitar por diversas vezes.
Passei os dedos levemente em cima, e pude ver que parecia ser permanente. Era a forma de um lobo tribal, analisei, e certamente chamaria a atenção.
Como me recusava a ver todos os outros caçadores não sabia se eles tinham o mesmo desenho no braço, e muito menos como havia sido a primeira transformação deles. Nossas conversas variavam entre: "Sua mordida já curou?" e "Quando vamos para casa?" Sempre essas duas perguntas.
E, obviamente, eu não questionava nada que não fosse de meu interesse.
Recebi uma lufada de ar gelado, e meus músculos se contorceram mais uma vez, antes de explodir em uma onda de excitação e alegria que eu não podia explicar de onde vinha.
Fechei os olhos sentindo esse sentimento provocar sensações engraçadas por todo o meu corpo, e de repente me senti aquecido. Como se eu estivesse revestido por uma camada de pelos por todo corpo.
Abri os olhos e encarei a floresta à minha frente. Tudo parecia vibrar com cores brilhantes e eu conseguia ver tudo, mesmo no escuro. Não precisava mais de meus óculos.
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A Caçadora
RomanceHelena Jameson é de fato uma adolescente fora dos padrões. Não tem amigos, não se enturma, e nunca deixa que as pessoas se aproximem demais por causa de seu segredo sombrio. Ela é, na verdade, uma caçadora de criaturas místicas. E estar apaixonada p...