Capítulo Vinte e Dois - Explodir

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Capítulo curto






     Millie havia se afastado do Finn. O garoto permanecia mudo, olhando para baixo.
     — Fala, Finn! Você que viu meu diário? Você entregou meu diário pra ela? — falava mais alto que o normal. Pela primeira vez, estava nervosa e  chateada com o cacheado. Seus olhos estavam cheios de lágrimas prestes a cair.
     — Eu... Mills, eu estava te esperando no quarto e abri o diário. Mas eu não pensava... não sabia. Não sabia que era um diário. Achei que fosse um caderno. — falou com uma voz alterada. Havia um nó formado na sua garganta.
     — E daí? Decidiu mandar para a louca da sua namorada? Isso não faz sentido.
     — Quando eu vi meu nome, gravei no meu celular e...
     — Você o que? Gravou meu diário? — interrompeu.
     Ela não estava acreditando no que ouvia. Aquilo tudo era pessoal. Millie sempre teve problemas em demonstrar direito seus sentimentos, e logo agora aquilo acontecera. Pela primeira vez, ela estava sentindo raiva e estava muito decepcionada. Sua vontade era de mandar Finn ir embora da sua vida.
      — Millie, por favor! — Finn falou enquanto se aproximava.
      Algumas lágrimas escaparam dos olhos da pequena garota que agora com raiva estava irreconhecível.
     — Não se aproxima de mim, Finn. Eu vou embora. Isso foi ridículo. Não esperava isso de você. Esquece tudo o que leu naquele diário, ESQUECE! — falou alto e depois se afastou de Finn.

     Millie estava a caminho de casa. Chorava, chorava muito. Ela não sabia mais o que fazer. Acabara de se tornar a mais nova piada da escola... de novo.
Tudo que Mills sempre desejou foi um ano novo em uma escola nova, sem apelidos, sem precisar lanchar no banheiro da escola, como fez por anos.
     Millie entrou em casa e foi rapidamente para o seu quarto, deitou na cama e lá desabou a chorar. Ela se sentia envergonhada e magoada pelo menino que fazia seu coração acelerar. Ficou aí por horas, chorando.
     Depois que já não havia mais lágrimas descendo em seu rosto, Millie se sentou na cama e pegou seu diário e a caneta que agora estavam no criado mudo. Abriu em uma nova página e começou a escrever.

     Hoje o meu dia foi um dos piores. Na verdade, meu primeiro dia ruim aqui na Carolina do Norte. Amber copiou partes do diário em que eu falava do Finn e espalhou pela escola inteira. Todos estavam me olhando e eu me senti tão humilhada... mas não tanto quanto eu senti quando soube que Finn que gravou todas aquelas partes no celular. Sempre tive tantas dificuldades para falar sobre sentimentos, e agora isso acontece. São tantas mágoas que guardo em mim e as vezes sinto que estou prestes a explodir. Rejeitada até pelos meus pais biológicos. São tantas humilhações só por eu ser quem sou. Não sei o que devo fazer. Finn estava me salvando desse meu poço de rejeição, mas agora sinto como se ele me afundasse.
Ficaremos alguns dias de aula, mas quando eu voltar, todos irão me humilhar, falar sobre mim. Sinto medo disso. Sinto medo de me tornar alguém ruim por isso.
E não, isso não é só sobre Finn. É sobre  todas as pequenas coisas que se juntaram e fazem eu me sentir um fardo para todos. Talvez Amber tenha razão. Talvez seja a hora de me mudar novamente. Talvez seja hora de fazer isso tudo parar.

(Concluída) O Amor Mora ao Lado (Fillie)Onde histórias criam vida. Descubra agora