Capítulo Vinte e Oito - O Pior Dia (parte II)

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     Millie estava saindo da biblioteca com vários livros que havia pego. Se sentou na escadaria e começou a ler alguns dos livros.
     — Tchau, menina! E vá para casa, jajá vai escurecer. — falou a senhora fechando a biblioteca.
     Depois de ler mais algumas páginas,  Millie começou a andar rapidamente já que logo ficaria escuro e com certeza seus avós ficariam preocupados.
     Prestes a atravessar a rua, três meninos estavam parados na calçada conversando, rindo alto e passando de mão em mão uma garrafa. Millie parou no meio do caminho, reconheceu um dos meninos. Era Jeff. O ex namorado da Alisha, a menina que sempre fazia as outras meninas jogarem lixo ou humilhar Mills de qualquer outra forma. Jeff era mais velho, vivia repetindo de ano. A dois anos atrás os pais o mandaram para um internato só para meninos, mas antes da Millie se mudar para Carolina do Norte, ele foi expulso por violência. Apesar dele já ter idade suficiente para ser preso, seu pai sempre o livrava das coisas em que se metia, o que era muita coisa. Além de ajudar a Alisha humilhar os outros, prendia meninos no banheiro, batia, roubava lojas, já foi expulso de 3 colégios e tem uma fama de fazer coisas com garotas, mas elas nunca foram ouvidas e nem chamadas de vítimas. Os dois meninos Mills nao reconheceu de nenhum lugar.
     Millie deu uns passos para trás e foi voltando para a biblioteca. Ela olhou patá trás só para checar se Jeff não havia visto. Para a sua surpresa, Jeff estava indo em sua direção.
     — Ora! Se não é a menina-lixo do colégio. Que saudade de você, boneca!— falou Jeff enquanto andava devagar com os dois meninos atrás dele.
     Millie voltou a andar ainda mais rapidamente. Não havia mais ninguém na rua. Era um domingo e os comércios estavam todos fechados. Por que bem hoje, bem nesse dia, ela estava em um dos bairros mais calmos de Rochester? Ao olhar para trás novamente, viu que os meninos andavam um pouco mais rápidos que antes. Ao virar para uma rua, Millie começou a correr. Esta era mais calma que a outra. Havia casas para vender e algumas estavam abandonadas, bem velhas. Jeff ainda não havia virado para a mesma rua, mas ainda dava para ouvi-lo.
     — Você não vai se esconder! — geitou.
     Antes de virar a rua, Jeff observou todo o quarteirão e encontrou um desses caixote enormes de lixo.
     — Peguem os lixos — falou para os dois amigos que o obedeceram — Andem logo antes que ela fuja!
     Os dois meninos se aproximaram de Jeff com os lixos nas mãos. Provavelmente fazia um bom tempo que o lixeira havia esquecido de passar por esse lugar. O cheiro era insuportável. Os três voltaram a andar em para rua em que Millie entrou, mas não enxergavam mais a menina.
      — Alí! Vamos entrar. — apontou para uma das casas abandonadas.
   
   
      Millie havia entrado em uma das casas abandonadas. Ficou olhando pelo canto da janela e viu os meninos entrando na casa da frente. Ela sentiu um alívio enorme. Logo em seguia, foi até a porta de trás da casa, mas estava trancada. Pensou em tentar jogar algo na mesma mas eles escutariam. A casa era antiga e muito grande. Haviam quadros pendurados nas paredes e os móveis estavam cheios de poeira, pareciam que eram cinzas. Millie deu de cara com a escada e subiu devagar a mesma. A casa fazia barulhos cada vez que ela dava um passo, então tentou tomar todo cuidado do mundo.
    Chegando segundo andar, ficou de frente para um corredor enorme. Foi abrindo todas as portas mas nenhuma delas pareciam seguras. Subiu a próxima escada, era mais um corredor. Abriu varias portas, até que se deu um quarto estranho. Ele estava cheio de estatuas de cera. Alguns estavam cobertos, outros não. Aquilo era assustador. Millie sentiu um arrepio percorrer sua espinha, mas mesmo assim trancou a porta e começou a andar por lá tomando cuidado para não esbarrar nas estátuas. Atrás das mesmas, havia um fogão com panelas, todas com cera dentro. Colheres, facas e alguns instrumentos que ela nem sabia o nome e nem para o que servia.
     De repente, Millie houve um barulho de porta de fechando. Eram eles. Estavam na casa. Ela pegou uma das facas e procurou um lugar para se esconder. Encontrou um pequeno elevador de alimentos, que eram muito usados antigamente em mansões luxuosas. Ele era velho, de madeira, a pequena garota hesitou em entrar, mas os sons de vidro e gritos de um dos meninos fez com que ela entrasse rapidamente e fechou a porta. Sua respiração estava ofegante e quase não entrava oxigênio naquele pequeno elevador. Millie pegou o celular e a única coisa em que estava na cabeça era Finn. Ligou para o mesmo várias vezes, ma ninguém atendeu. Ligou para os seus pais, mas ninguém atendeu. Começou a chorar de desespero. Tentou ligar mais uma vez para Finn, alguém atendeu, mas a ligação falhava.

     Enquanto Millie tentava pedir ajuda, os meninos estavam procurando ainda mo andar debaixo.
     — Jeff, por quê quer tanto isso? Deixe ela em paz, ela estava com medo. Não é o suficiente? — perguntou o menino louro.
      — Mandei mensagem para Alisha, ela quer fotos e... bem que aquela menina está bonitinha. — disse dando um sorriso estranho.
      — Isso é ridículo. Eu vou embora.
      — ah, qual é Zach! Você precisa ser sempre o medroso do grupo? — perguntou Jeff.
      — Isso não tem graça, Jeff. Você sabe que agora pode ser preso, seu pai não pode te proteger pra sempre.
     Assim que Zach terminou de falar, Jeff deu um soco na boca dele o que o fez cambalear. Limpando o sangue que saía da boca, Zach se aproximou novamente de Jeff e revidou o soco ainda mais forte.
     — Você é um covarde. — disse Zack olhando para o Jeff que havia caído na mesa de centro antiga — E você também, Brandon. — falou desviando o olhar para o moreno alto — Eu vou embora.
     — Ah, você não vai não! — Jeff falou enquanto levantava e corria até Zach, tentando socar a cara dele diversas vezes.
     Brandon tentava parar a briga, segurou os braços de Jeff e o empurrou para o lado. O loiro levantou e deu duas portadas bem forte no rosto de Jeff
      — Eu disse que vou embora! — falou enquanto caminhava até a porta
— Você vem, Brandon? Ou vai ficar aí com esse covarde?
     Brandon olhou para Jeff que estava com o rosto sangrando.
     — Foi mal, cara. Você está pegando pesado demais.
     — Vocês são fois fracos! — disse rindo e ainda cuspindo o sangue da sua boca.
    — Não, Jeff. Achava pesado você pegando pesado com os garotos no internatos, nunca fiz nada e continuei seu amigo. Mas agora com uma menina? Uma menina que ainda esta sozinha? Isso que é fraqueza. — falou Brandon.
     — Qual é, idiotas! Então eu faço tudo sozinho, vai ser maravilhoso.
     Jeff se levantou e subiu a escada correndo. Enquanto isso, Zach voltou para dentro da casa com o celular na mão e ligou para a polícia. Deu o endereço e falou sobre o Jeff, que já era conhecido no departamento de polícia.
     — Acabamos de receber diversas ligações falando sobre uma menina em perigo na região da biblioteca Admont. Estão nessa região?
     — Sim, é na rua do próximo quarteirão. Estamos na casa junto com o agressor e a menina está em algum lugar. Ele está fora de controle.
     — Não tentem nada. A polícia está a caminho. Nos mantenha informados.
     — Obrigado.

    
     Jeff ainda estava no segundo andar. Ele quebrava tudo o que via pela frente e Millie permanecia no pequeno elevador do terceiro andar. Havia conseguido falar com alguém mas não tinha certeza que a pessoa escutou o que disse já que a ligação estava péssima. Ela ouvia o barulho abafado das coisas quebrando.  Sentia muito, muito medo e não conseguia respirar direito.
     Jeff entrou em um dos quartos em que haviam diversos quadros de vidros. Ele quebrou todos, tacando todos na parede.
     — Eu vou te achar, boneca! — gritava.
     Até que encontrou a passagem do elevador. Ele ficou em silêncio colocou a cabeça na passagem e olhou para baixo, não tinha nada. Olhou para cima e viu o elevador.
     — Será que te achei? — falou baixo e logo começou a procurar algum tipo de botão ou qualquer coisa que seja. Encontrou uma corda que ficava enrolada e com um nó. Como era antigo era movido manualmente por corda. Jeff desfez a corda e começou a soltar  mesma aos poucos. O elevador descia bem devagar.
      Ao perceber o movimento do elevador, Millie começou a chorar e começou a gritar por socorro. Mas ninguém ouvia. Tentou abrir a pequena porta mas não conseguia, já havia descido o bastante para ficar de frente com a parede. Jeff continuou soltando a corda mas o elevador estava preso. Não saía do lugar, então ele soltou a corda e foi correndo até a escada, chegando no corredor, foi até o último quarto e entrou com tudo quebrando a porta. Olhou as estátuas de cera e jogou no chão todas que estavam no seu caminho. Segundos antes de pegar na corda do elevador para puxar, todos da casa ouviram um barulho extremamente alto. Foi o único momento em que Jeff sentiu medo. Bem devagar ele colocou a cabeça na passagem do elevador e viu o que não esperava, o pequeno elevador desabou até o primeiro andar.
     Segundos depois, ele desceu as escadas correndo em grande desespero e tentou sair pela porta da frente, mas Zach e Brandon o seguraram com força.
     — É melhor rezar para que ela não esteja la dentro. — disse Zach em um tom sério.
     Todos ficaram em silêncio, mas assim que ouviram as sirenes, Jeff tentou escapar, mas não obteve sucesso. Finalmente a polícia chegou ao local.

(Concluída) O Amor Mora ao Lado (Fillie)Onde histórias criam vida. Descubra agora