Capítulo Vinte e Quatro - Querido Diário...

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     Finalmente, Finn começou a ler a folha. Ele estava tão ansioso e lendo tão rápido que acabou não entendendo nada e pulando várias palavras. Então, colocou o papel na cama, se levantou e lavou o rosto com a intenção de se acalmar. Pegou seu celular e o fone, colocou uma música e foi para a segunda tentativa.
    Primeiro, deu uma bela olhada no papel por inteiro, viu seu nome diversas vezes. Amber só colocou mesmo as partes que falava dele. Dessa vez, começou a ler devagar, apesar das suas mãos tremendo.
  
(Não está na ordem)

"Querido diário, hoje eu cheguei na minha nova casa. Estava indo tudo bem, mas um menino chamado Finn Wolf nos trouxe uma cesta. Não sei porquê, mas a presença dele me causou coisas estranhas, mesmo eu não reparando muito nele (...)"

"(...) então fomos até a rua do meu futuro Colégio. Pela primeira vez, reparei bem no Finn. E ele é lindo. A pele é tão branca, me lembra muito a neve. Eu amo neve. Os cabelos dele são enrolados e pretos, parecem tão macios (...)

"(...) e aí começou a chover. Corremos para a casa dele e reparei que seus olhos são negros como os cabelos. E o sorriso dele é lindo. Quando meu pai chegou para me buscar, fiquei chateada. Era como se eu quisesse ficar lá com Finn. Eu queria."

"(...) Eu me sinto uma burra, confusa, estranha. Hoje no Colégio soube que Finn tem namorada. Senti uma coisa estranha, chateada. Não sei nem explicar. Será que estou gostando do menino que mal conheço? Isso não é errado?"

"Finn me contou coisas sobre a Amber. Falei que entendia o lado dele mas não entendo. Ele merece ser feliz."

"Abracei o Finn e ele simplesmente correu pra casa. Sinto que fiz algo errado. Ele me deixou lá na rua sozinha... não paro de chorar. Acho que ele não gosta de mim. Nem mesmo como amiga."

"(...) e Finn ficou comigo no hospital. Ele ficou. Permaneceu do meu lado e me prometeu que não iria para lugar algum. Finn me abraçou e pela primeira vez naquela bagunça eu me senti segura. Foi como se todos os meus problemas sumissem e o tempo congelasse alí. Fiquei sentindo o perfume dele e ele estava tão quente. Alí mesmo adormeci."

"Dormi na casa do Finn e chamei ele para dormir no mesmo quarto que eu. Fiquei nervosa no começo. Ficamos com as mãos entrelaçadas e foi tão incrível... senti uma coisa tão diferente e ao mesmo tempo tão boa! Foi como se esses livros de romances, ou filmes. Como se borboletas voassem dentro do meu estômago. Quando acordei, fiquei olhando para o Finn. E depois eu fingi que estava dormindo. Ele me deu um beijo na testa, e aí fingi que havia acordado naquele momento e beijei a bochecha dele. Ele deu um sorriso foi como se eu ficasse sem fôlego. E algo mais incrível ainda quase aconteceu. Quase nos beijamos. Quase fui beijada pela primeira vez. Isso foi tão maravilhoso. Meu coração acelerou tão rapidamente que o senti na minha garganta."

"Sou novata nessa coisa de arrepios e borboletas no estômago. Sou novata nessa coisa de paixão e amor. Não sei se isso é certo de dizer pois faz pouco tempo que o conheço, mas pela primeira vez preciso ser sincera com meus sentimentos e dizer o que está tomando conta de mim: Eu amo Finn Wolf. Eu o amo muito. Talvez as pessoas achem isso loucura. Não sei se as pessoas são capazes de amar tão rapidamente, se tem data certa, tempo certo, regras... mas, que se dane. Estou quebrando todas as regras. Eu amo Finn Wolf."

"Finn me chamou de amiga. Amiga. Essa palavra nunca soou tão dolorosa antes. Parece que veio com espinhos em volta. Finn não sente nada por mim, somos apenas amigos. Voltando as regras de amor, alguma ajuda a parar de amar alguém?"

     Foi quando leu essa parte que a expressão de Finn mudou. Antes ele estava sorrindo, agora já não estava mais. Sua garganta parecia trancada e seu coração ainda mais acelerado.

"Tive a mesma aula que Finn hoje. Eu estava três carteiras atrás e sentada com o Seth. Finn estava com a Amber. Ela beijava o pescoço dele, o ombro, ficava pegando na orelha dele e tudo mais. Foi doloroso de assistir. Mas preciso aceitar que sou apenas a amiga dele."

"Há alguns dias atrás eu achava o amor a coisa mais linda do mundo. Era tão bom sentir o amor pelo Finn. Agora parece tão doloroso. Não ser amada de volta é uma droga. Dizem que temos que amar sem querer algo em troca. Não sei se é porquê sou novata nisso mas eu não entendo direito."

"Estava no shopping com a minha mãe e entrei numa loja de livros. Peguei um livro de romance que estava nessas mesas de livros mais vendidos e li uma parte. Nele dizia que amar alguém é deixa-lo livre. Querer ver a pessoa feliz, mesmo quando não é com você. Eu amo o Finn, mas o quero feliz acima de tudo. Dói muito dizer isso, mas se ele ama a Amber, que seja feliz com ela.
Dói tanto..."

     Finn limpou algumas poucas lágrimas que deixou escapar. Ele não leu todas as folhas, mas mesmo assim pegou e amassou as mesmas. Sentia tanta raiva das últimas coisas que acabara de ler, que anulou toda paixão que sentiu lendo as coisas belas.
    "Porquê eu não falei pra ela? Eu não quero ser feliz com a Amber, eu quero ser feliz com ela!", falou em voz alta enquanto tacava o celular na parede ainda com o fone. Foi aí que ele começou a chorar. Colocou suas mãos no rosto e desabou. Chorava muito, sem se importar em chorar baixo.
    

(Concluída) O Amor Mora ao Lado (Fillie)Onde histórias criam vida. Descubra agora