Capítulo Oito - Entrelaçadas

2.9K 291 107
                                    

     Matt, Finn e Millie chegaram em casa por volta das 4h20 da manhã. Anne recebeu a Millie com um abraço, emprestou algumas roupas e toalha. Depois de um bom banho quente, a pequena foi para cama. Ela dormiu no quarto do Finn e ele estava dormindo no sofá da sala.
     Quando todos se deitaram, era 5h00. Millie dormiu rápido, mas logo o sono começou a ficar leve e ela acabou acordando. Acordou já pensando nos pais e no irmãozinho.
     "Será que ela já fez a cirurgia? Sera que meu irmão nasceu bem? Ele terá sete meses. Sete. E se ele não conseguir sobrevi...", interrompeu seu próprio pensamento. Ela não queria pensar nisso, pensar que o pequeno irmão não teria chances de crescer, aprender a falar, andar, amar. Não queria pensar como seus pais ficariam devastados se isso acontecesse. Mas pensou. E isso resultou em um nó na garganta, mas ela já não tinha mais lágrimas para chorar.

✥ ✥ ✥

     Millie não conseguiu voltar a dormir e estava com aquel a sensação de choro, pra piorar, estava se sentindo muito sozinha. Ela precisava de alguém alí.
     A pequena decidiu se levantar. Sem acender nenhuma das luzes, saiu do quarto e com passos leves e muito cuidado desceu as escadas.
    Chegando na sala de estar, foi direto para o sofá e se abaixou do lado do Finn que dormia com os fones no ouvido.
     — Finn... — Millie falava baixinho.
     Estava sem jeito pra acordar o menino cacheado que estava dormindo tão vem. Ela respirou fundo pra tomar coragem.
     — Finn! — chamou um pouco mais alto e tirando devagar um dos fones do ouvido dele.
     Ele foi despertando aos poucos e bocejou antes de abrir os olhos. Finn viu a Millie ali do seu lado, tão perto.
     — O que foi Mills? Aconteceu alguma coisa? — disse com voz de sono.
     — Não, Finn! Não se preocupe... é... — falou pausadamente.
     — Pode falar, o que foi? — sua voz era bem calma.
     — Eu só não quero ficar lá sozinha.
     Millie estava com vergonha de dizer aquilo. E Finn ficou mudo por alguns segundos pensando no que acabou de acontecer. Ele realmente não esperava por isso.
      — Esquece, foi besteira — Millie falou enquanto se levantava.
      — Não! Não foi! — Finn se levantou rapidamente — Eu vou la ficar com você Mils. É claro que eu vou! — disse enquanto pegava pegava seu celular, o cobertor e travesseiro.
      Millie apenas sorriu e os dois subiram para o quarto. Chegando no mesmo, Finn encostou a porta e foi até o lado do armário em que tem um espaço entre a parede e o armário, é aonde guarda um daqueles colchões de ar já para quando os amigos Will, Nate e Ryan dormem lá. Ele o colocou do lado da cama e depois jogou seu cobertor e travesseiro no mesmo. Não havia tanta diferença entre a altura da cama para o colchão.
     Finn se deitou no colchão e logo depois Millie fez o mesmo na cama. Ela ficou na beirada, olhando para Finn.
     — Obrigada, Finn. — disse baixinho.
     — Por nada. Eu disse que ficaria com você, não disse? Não vou te deixar, eu prometi que não vou a lugar nenhum. — ele sorriu para a Millie e ela devolveu o sorriso — Me desculpa por ter saído correndo quando me abraçou depois da escola. Eu não queria te deixar chateada.
     — Tudo bem, eu não fiquei.
    Finn se sentou no colchão.
     — Ta vendo essa janela? — ele apontou para a janela lateral — É bem de frente para o seu quarto e eu vi você se debruçando na mesa depois daquilo. Estava chorando?
     — Ah não Finn! — disse Millie sorrindo e com muita vergonha. Ambos começaram a rir — Eu fiquei um pouco sentida. Achei que tinha feito algo de errado e...
    — Não fez. — interrompeu — Eu gostei, aquilo me acalmou. É que eu fiquei mal por lembrar daquelas coisas. Você não errou, só me ajudou. Me desculpa, eu não queria ter feito você chorar.
    — Tudo bem... — falou baixinho e sorriu.
    Ela desviou o olhar e começou a puxar uma das pontas do travesseiro do Finn como se tivesse se distraindo. Finn se deitou novamente e devagar segurou a mão da Millie, acariciando.
     Millie olhou para a mão de Finn e depois para os olhos dele e sorriu, logo voltou a olhar olhar as mãos que estavam cada vez mais com os dedos entrelaçados.
     Ela sentiu uma coisa nova, nunca havia sentido aquilo antes. Era como se houvesse alguma coisa estivesse voando em sua barriga. Ao sentir isso, ela se encolheu ainda mais na cama.
     Eles permaneceram em silêncio com as mãos entrelaçadas e Millie piscava cada vez mais lentamente, até que dormiu.
       

(Concluída) O Amor Mora ao Lado (Fillie)Onde histórias criam vida. Descubra agora