Cap. 08

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[...]

Deu o horário de eu ir embora. Antes que eu pudesse me despedir de Calleb eu percebi que ele não estava por lá, talvez infiltrado numa operação de última hora. Apesar de ter sido apenas o primeiro dia, eu gostei de ter trabalhado aqui. As pessoas me compreendem e me obedecem sem questionar nada. Além de serem super educadas e respeitarem uns aos outros.

Eu estou andando pelas ruas, que com certeza são mais movimentadas do que eu imaginava. Não sei se por causa do horário, ou algo do tipo. Percebi o quanto estava perto de casa quando comecei a ver o pequeno canteiro do lado de fora. Abri a porta, entrei, fechei, e joguei a mochila no sofá. Logo em seguida era eu que estava ali, jogada também, no sofá. Eu estava morta. Num momento de coragem eu peguei impulso e me levantei. Olhei para o meu Notebook em cima da mesinha de centro e lembrei que ainda não tinha falado com meus amigos ou as minhas irmãs. Até porque não tive tempo.  Foi quando decidi lugar para Brenda, já que Cecília agora tem o Benjamin e certamente estaria cuidando dele. Na terceira chamada, mais ou menos, ela atende.

— JADE!!!! — abre um enorme sorriso ao me ver na telinha.

— Hey!!! — risos. — Como está indo?

— Eu que o diga.

— Bom, está tudo ocorrendo melhor do que eu imaginava. E aí?

— Sem uma pessoa que me acordava pulando em cima de mim e tirava o resto da pouca paciência que eu tinha, me sentindo estranha. — risos.

— Acredito.

— Conheceu muita gente? Fez muitos amigos?

— Como ainda é meu primeiro dia de trabalho, não. Porém conheci duas pessoas super legais.

— Quem?

— Calleb e Lorenzo. Calleb é um soldado do Batalhão. Conheci ele caminhando pelos corredores hoje mais cedo, começamos a conversar e incrivelmente viramos grandes amigos em minutos. Ele me falou que tinha marcado de almoçar com um amigo e que eu poderia ir com ele. Daí eu conheci o Lorenzo, o amigo dele. Enfim, conversamos bastante, eles são bem legais.

— Que bom. Fico feliz por você. Ainda não nos acostumamos em acordar e não ver você, dormir e não dar boa noite para você, ir para o Batalhão sem você...

— Vai demorar. Bastante. Mas quando receber minhas férias, não sei quando, eu irei visitar vocês e matar a saudade.

— Não se preocupe, sua vida vai ficar mais agitada do que já está. E até porque é cansativo.

— Não importa, eu ainda vou arrumar um tempo para aproveitar com vocês. E Cecília, Benjamin...? — sorrio toda bobona.

— Ah, Lucca está com ele nos braços, tentando fazê-lo dormir à um tempo. — vira o Notebook para ele, em pé, e após o mesmo ver ele dá um tchau com a mão vaga e um sorriso no rosto. Retribuo.

— E Cecília?

— Ela está na cozinha tentando fazer algo para comermos. Já que não temos mais um chefe de cozinha por aqui, não é mesmo?! — fico cabisbaixa. — Opa, desculpa, não era...

— Não, tudo bem. Ainda não estou conseguindo engolir esse término. Nunca pensei que fosse doer tanto.

— Calma, você ainda pode encontrar alguém. Principalmente nessa viagem. Pode ser uma oportunidade de você encontrar uma pessoa boa que queria algo contigo. Você ainda é nova.

— Pode ser. Mas à cada um minuto eu não paro de pensar em vocês, no Benjamin, nos meus amigos... Em Jake... — abaixo a cabeça.

— Ei! Você pensa muito em nós. Eu sei que a saudade está batendo forte. Dói em saber que um dia abraçaremos, ou até mesmo, veremos você de novo. Porém, temos que seguir forte. E isso serve para você. Você pensa muito na gente. E por pensar muito em nós que você ainda não conquistou muito mais do que uma simples proposta para ser Capitã nos Estados Unidos.

— Eu sei. Mas é inevitável. Sabe, cada segundo me percorre um arrepio só de pensar que ao invés de minutos temos quase dez horas de distância.

— Estamos morrendo de saudade, mas é a vida, minha irmã. Às vezes temos que enfrentar nossos medos, passar por coisas que nunca passamos, porque a vida simplesmente é assim. Não tem explicação. E isso é bom. Você está tendo uma oportunidade de conhecer pessoas novas, ter um cargo novo e importante...

— Você está certa. Mas ainda vai ser difícil se acostumar.

— Ah, isso é o de menos. De tanto você ver minha cara na sua timeline tu vai é cansar. — risos.

— Melhor do que não ver, né?!

Brenda, é Jade?

— Sim. — Cecília aparece limpando as mãos em um pano de prato. — Jade!!! Que bom te ver.

— Eu também estou feliz em poder vê-la, irmã. — sorrimos. — Está tudo bem com vocês?

— Tirando a parte que já estamos morrendo de saudade, sim, e você?

— Melhor do que eu imaginava. Estou com saudades, já. Mas o tempo passa rápido, logo terei minhas férias e poderei visitar vocês. Assim espero.

— Que assim seja. Bom, tenho que voltar para a cozinha, mas depois te ligo e converso direitinho.

— Tá, vai lá. — sorrio. — Eu estou muito cansada, Brenda. Depois se falamos, ok?

— Tudo bem, você deve ter tido trabalhado dobrado. Vai descansar. — sorri.

— Beijos.

— Beijos.

Encerro a chamada de vídeo e fecho o Notebook. Me deitei no sofá outra vez e dessa vez acabei dormindo.

Eu estava sendo presa. Só isso que eu sabia.

— Como foi capaz de matar suas irmãs? — um dos meus vizinhos perguntou incrédulo.

Eu não... — tentei me pronunciar, porém fui interrompida.

— E seu namorado? Esfaqueado no próprio banheiro? — outra pessoa diz.

— Não, vocês não ficaram sabendo ela matou os amigos queimados?

— Sério? Mas por que essa louca fez tudo isso? — me olha com desprezo.

— Dizem que é porque ela aceitou uma proposta para trabalhar fora. Os amigos, suas irmãs e seu namorado, claro, não aceitaram, e com razão. Daí ela matou todos.

— Aff, que louca.

— Ser presa é pouco para o que ela fez. Deveria ser pena de morte.

— PENA DE MORTE!!!

— PENA DE MORTE!!!

Uma aglomeração se formou na rua da minha casa gritando isso. Eu tentava, mesmo com as algemas, tampar meus ouvidos e deixar de ouvir aquilo, mas era impossível. O som era cada vez mais presente. E me consumiu. Por um momento eu achei que eu ia morrer. O som só aumentava. Até que eu não ouvi mais nada. De repente parou. Abri os olhos e eu estava em outro lugar. Numa sala pequena, sentada em uma cadeira. Eu tentava me acostumar com a claridade, era inevitável não abrir e fechar os olhos em seguida por conta das milhares de luzes que tinham ali. Algo desnecessário.

— Essa é a presa. — olho para trás, me esforçando, por estar presa dos braços às pernas, com cordas firmes. Mesmo assim vi. Todos os meus amigos, Jake, Brenda e Cecília. Todos me olhavam com uma expressão facial anormal. Talvez brava.

— Essa que vai ter pena de morte. — um policial entra na sala.

Eu realmente não entendia o que estava acontecendo. Eu não matei, eu não fiz mal à ninguém.

— 1... 2... 3... — o policial puxou a alavanca.

— AAAAAAAAHHHHHHHHHHH!!!!!!!

O Capitão 2 (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora