Cap. 47

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— Acontece que depois daquilo tudo eu pedi desculpas para o casal. — bufo e me jogo na cama.

— E isso não é bom? — ele se senta num puff.

— Sim e não.

— Por que do "não"?

— Acontece que não é fácil entregar Jake Dornan, meu ex, capitão do BPM, de mãos beijadas para outra mulher. — coloco o travesseiro no rosto.

De repente o travesseiro é lançado para longe, me assusto. Era ele.

— Vai mesmo me negar que isso seja ciumes? Tem certeza?

— Ok, ok. Depois que eu voltei nós tivemos muitas recaídas. Como no dia em que ele me beijou no...

— Espera... O QUE?

— É. Mas ele deixou claro que não valeu nada e que era para eu esquecer. E eu realmente quero esquecer. Mas o que acontece quando você é comprometida, se encontra com o ex e começa a ter recaídas?

— Sinto muito em te dizer isso, mas você terá de superar.

— Eu sei, e estou tentando. Mas esse lance dele estar prestes a se casar ainda mexe comigo.

— Lorenzo desconfia disso?

— Pior que sim. Ele percebeu que eu estou meio estranha com ele.

— Jade, você ainda ama aquele cara, por que deu ele assim?

— Eu não sei. Mas estou tentando ir pelo lado certo. Ele gosta dela, tem que ficar com ela. E deixou claro que o barco dele tocou. Nada mais justo do que o meu tocar também.

— Olha, eu realmente não entendo vocês. Mas se por acaso você sentir algo mais forte ainda por Jake, termina com Lorenzo. Ele, assim como nenhum homem ou mulher, merece descobrir uma traição para isso.

— Eu sei. Mas ele me deu a maior bronca, dizendo para que eu me afastasse dele e da mulher dele.

— Sério que ele disse isso?

— Sim.

— Bom, o melhor à se fazer é você dar um tempo com Lorenzo. Vai ser doloroso para os dois, principalmente para ele, que não entenderá o motivo, mas só assim para você entender melhor o que está sentindo.

— Será? Lorenzo é um cara tão legal. Esteve comigo em todos os momentos durante esses três anos que estive em New York.

— É, pois é, mas você não o ama, Jade! Abra seu coração, permita-se conhecer e saber de seus sentimentos. Está na cara que você gosta de Jake.

— Mas não dá mais para eu ter algo com ele. Ele vai casar!

— Se ele ainda sentir algo por você ele vai acordar à tempo de cancelar seu casamento.

— Jake não gosta mais de mim. Ele falou com todas as palavras.

— Por isso mesmo. Falar até papagaio fala.

— Ok, vou seguir o seu conselho. Talvez o melhor jeito seja dar um tempo na minha relação e tentar saber o que estou sentindo.

— Isso, faça isso.

Alguns dias depois...  31/03   Domingo

Se passou uma semana. Estou tão ocupada ultimamente com coisas do novo apartamento que eu nem paro direito em casa. Eu vou alugar um apê não muito longe de minha antiga casa, uns cinco minutos, no máximo. Era só umas três ruas atrás dela. Estou saindo do Batalhão agora, tive plantão na madrugada de hoje, por isso fui liberada uma e vinte da tarde.

Eu vou daqui para o apartamento, conversar com o síndico sobre tudo e ver se realmente é como eu quero.

E sobre aquela conversa com Túlio, sim, eu dei um tempo com Lorenzo. Não estamos nos falando desde então, acho que ele levou à sério isso. Eu fico triste, eu não queria, mas foi preciso. Só assim eu entendo, de uma vez por todas, o que estou sentindo. Talvez ele levou isso como um "término". Não sei, mas a saudade já está batendo forte no peito.

De qualquer jeito ele terá que vir para o casamento de Jake e Marina, Lorenzo foi contratado para tirar fotos do casório.

Passei pelo portão do Batalhão, prestes a dar a volta no carro e entrar no mesmo, quando de repente minha visão fica turva. Me apoiei no capô do carro e fiquei assim por longos segundos, que para mim, pareciam minutos.

— Jade? Está tudo bem?

Olho para o meu lado direito, era uma policial que trabalhava no BPM.

— Estou sim. — sorrio.

Dou a volta, entrando no carro. Respirei fundo, nesse momento a tontura já tinha passado um pouco. Eu peguei tanto sol hoje que estou até passando mal. Aff.

O caminho foi um pouco chato, estava um pequeno trânsito do Batalhão até o condomínio. E, logo eu, que não tenho paciência com nada. O síndico já estava na portaria, ele disse que me esperaria ali mesmo. Depois de sair do carro eu travei todas as portas com o botão da chave, acionando o alarme.

— Me desculpe a demora, Sr. Custódio. — dou a volta no carro, parando à sua frente.

— A senhorita chegou no horário, não se preocupe. — ele riu, talvez com o meu desespero.

Falei com o porteiro e os funcionários ou moradores que estavam ali no Hall de entrada, subimos pelo elevador, paramos num corredor com duas portas. Custódio abriu a segunda com uma das chaves de seu molho que acabará de tirar do bolso esquerdo.

Já vi de cara uma sala e próxima dela uma cozinha americana. Ai, meu Deus. Olhar para esse lindo apartamento, por mais que ainda não esteja tudo certo, me faz lembrar o quanto que eu batalhei para estar conquistando tudo isso. O quanto eu sou grata aos meus pais, pois eu sei que por eles terem sido pessoas importantes no BPM, isso abriu muitas portas para eu e minhas irmãs.

— Então, Srt. Jade, tem a sala...

Uma forte dor de cabeça que já estava caminhando comigo desde que saí do Batalhão ataca mais ainda.

— Está tudo bem? — abro os olhos e olho para ele, percebi que estava um tempinho assim, escorada na bancada da cozinha.

— Está, me mostre mais. Estou adorando. — sorrio.

Ele se virou e fiz uma careta. Não era uma simples dor de cabeça, era uma enxaqueca braba.

— A cozinha é moderna, com móveis planejados, de fácil acesso.

Apenas vou assentindo para tudo que ele me dizia, mesmo não prestando muita atenção nas palavras.

— O banheiro é logo ali, ao lado da cozinha. Aqui tem o quarto com a cama de casal que te falei.

A dor de cabeça estava muito forte, parecia que à cada minuto piorava.

— Bom, Sr. Custódio, gostei de tudo. Obrigado por gastar seu tempo me apresentando esse lindo apartamento. Eu vou ficar com ele mesmo, como podemos acertar todos os papéis?

Coloco a mão na testa. Ele nem tinha me mostrado tudo, mas se eu ficasse mais um minuto ali eu acho que eu desmairia, de tanto que eu estou cansada e fraca por conta da dor de cabeça.

— Ah, ok... — o homem de bermuda e camisa vermelha de mais ou menos cinquenta anos pareceu surpreso. — Você pode assinar esses aqui, por favor.

— Aqui? — aponto para a linha pontilhada no final de uma das folhas que ele acabará de tirar de sua pasta.

— Exatamente. Se quiser dar uma lida nos termos do condomínio...

Dou uma breve lida e término de assinar as outras três folhas.

— Hoje a senhorita já pode se mudar permanentemente.

Sim, eu já tinha pagado o primeiro mês e também acertado outras papeladas, faltavam apenas essas, por isso já posso morar aqui. Na verdade eu tinha conversado com Custódio nos últimos dias, ele me mandava fotos, tirava minhas duvidas, só faltava eu ver aquilo tudo pessoalmente. Ah, e eu conhecia Custódio e o apartamento, por isso eu sabia que não era mentira e acertei já as coisas com ele antes de ver o apartamento pessoalmente.

O Capitão 2 (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora