Cap. 61

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O sorriso no rosto de Marina se desmanchou completamente. Todos emitiram um som de susto. Até eu. Lorenzo parou de fotografar o casal e me olhou. Não sei porque, mas ele suspirou.

Jake saiu correndo da igreja. Diego falou algo com Lívia e foi atrás do amigo, mas, antes, olhou para mim. Por que todos me olhavam?

- Licença. - me levanto, porém, Fernanda me breca, segurando minha mão direita.

- O que vai fazer, louca?

- Falar para ele voltar e aceitar. - respondo como se fosse óbvio.

Após eu aparecer no tapete vermelho todos me olharam. Marina, não preciso nem dizer que estava chocada, ainda sem acreditar no momento que acabou de vivenciar. Coitada, cara. Eu não liguei, eu tinha que impedir Jake de cometer aquele grande erro. Andei até a entrada, rapidamente, e olhei por todos os cantos da rua. Onde ele se meteu? Escutei pessoas conversando, apenas fui seguindo o som, que estava cada vez mais próximo. Vinha de uma esquina. Parei ali por perto, atrás de um carro qualquer, eles não me viram, ainda bem.

- Relaxa, você fez o que o seu coração achou melhor. O que adianta você se casar e não amar sua parceira?

- Eu humilhei ela. - vejo Jake chorando. Isso mesmo. CHORANDO.

- Você apenas desistiu a tempo. Isso não é feio. É ter caráter. Ela vai entender. Por enquanto é doloroso, mas vai passar.

- Ela vai me odiar eternamente, cara.

- Ela vai te entender. E se não era para ser, nada nem ninguém poderia fazer acontecer.

- É que... Eu... Eu não consegui, sabe? Durante todos esses meses que estávamos noivos eu estava tão animado com os preparativos, com o casamento, a cerimônia, a pessoa que eu iria casar, mas depois... - ele enxuga as lágrimas.

- Foi por causa da... - ele assente. Parecia saber o que seu amigo estava pensando.

- Será que um dia Marina vai me perdoar?

- Talvez. Provavelmente sim. Ela tem que entender. Quem sabe ela ache a pessoa ideal para ela. Não era para ser você, mano. Já estava escrito. - toca em seus ombros.

- Eu te falei que estava inseguro com alguma coisa. Quando à vi ali eu... Sei lá, eu travei, sabe?

- Entendo.

- Eu queria poder ter terminado com ela antes. Antes de todas aquelas pessoas estarem ali. Antes de estarmos nessa igreja.

- Não se culpe, você evitou que mais tarde houvesse o famoso divórcio. Seria mais doloroso.

- E agora?

- Agora o que?

- O que eu vou fazer? Como eu explico para ela o meu lado? Será que ela quer me ouvir?

- Eu não sei, não posso responder por ela, mas se ela for alguém consciente, ela vai sentar e ouvir tudo que você tem a esclarecer. E quando esse dia chegar, fala tudo o que sente. Tudinho. Nos mínimos detalhes.

Nossa, aquela conversa estava tão triste. Coitado dele. Dava para ver que ele não queria que o relacionamento deles tivesse aquele fim.

Eu não poderia dizer para ele voltar ao altar e se casar. Era visível os motivos. E eu apenas deixaria ele se sentir mais culpado ainda. Isso seria errado. Eles voltaram para a igreja, e eu continuei ali. Dessa vez eu estava escorada na parede da igreja, imaginando a dor da noiva e do noivo. Demorou um pouco, mas todos começaram a sair da igreja conversando sobre o ocorrido. Era umas quatro e meia, e haviam poucas pessoas no local agora.

- Jade?

Olho para a pessoa que acabará de sair de lá de dentro. Era Luana.

- Oi. - sorrio de lado, sem emoção.

- Você tem alguma coisa a ver com isso?

Cemicerrei os olhos. Eu escutei bem? Balancei a cabeça negativamente e saí dali com um olhar de desgosto para cima dela. E se tudo foi minha culpa? Talvez ela estivesse mesmo certa. Era possível ver lágrimas em meu rosto. Estava muito evidente. Eu não consegui esconder isso, era algo que me machucava. Comecei a seguir o caminho do condomínio, eu não estava a fim de esperar por Fernanda ou alguém me levar. Eu já dependi de muita gente até hoje.

Eu só não tentava outro suicídio porque agora eu não estaria matando somente a mim, e sim, um ser indefeso e que ainda não teve a oportunidade de respirar e viver, como eu.

A minha vida sempre foi tão dolorosa. Sempre tive tantos obstáculos. A morte dos meus pais ainda dói no peito todo dia. Eu sempre imagino eu, onde estou hoje, só que com eles ao meu lado. Seria tudo tão diferente... Eles me mostrariam tantas coisas, os caminhos certos, o que eu deveria seguir ou não. E agora, depois de ver que passei por cima de tudo e e consegui vencer na vida, aos dezenove anos começando como substituta do Capitão, depois como ajudante fixa, mais tarde viajando para fora, Nova York, sendo reconhecida como uma das melhores ali naquele lugar, e voltando três anos depois, respeitada e apreciada por todos, é gratificante, porém, parece que não é o bastante. Sempre tem algo que eu faço de errado, que parece errado.

Eu andava pelas ruas desnorteada, preocupada, cansada. Depois de uns vinte minutos eu cheguei no condomínio, e foi a melhor coisa. Ao entrar no apartamento eu deitei na cama, começando a chorar mais ainda. Eu era uma abominação mesmo! Meus olhos secaram, eu não tinha mais lágrimas para deixar rolar. A menininha forte enfraqueceu tão de repente...

Meu celular não parava de tocar, mas seja quem for, não precisava saber que eu infelizmente estava bem, com vida.

Jake Dornan On

Meu coração estava tão acelerado. E ao ver Marina entrar toda linda, feliz e sorridente naquela igreja, me fez me entristecer sobre a decisão que eu havia tomado. Eu queria ter feito isso antes, a tempo de desistirmos do casamento, mas não deu. Não consegui. E ainda não estava decidido se era isso que eu queria. Agora eu sei, e é tão difícil dizer.

Não.

Foi o que eu respondi quando o padre me perguntou sobre Marina ser minha legítima mulher.

Eu me sinto tão culpado pela decisão que eu tomei, me sinto tão hipócrita em não ter feito isso antes, ter humilhado ela na frente de todas aquelas pessoas. Saí daquela igreja atordoado. Diego me chamou e me seguiu, paramos numa esquina. Ele me ajudou e apoiou a minha decisão. Os conselhos dele eram sempre os melhores. E eu estava precisando de alguns. Por um momento eu senti o perfume de Jade, mas não passava de imaginação. Afinal, seu perfume era tão bom que só de lembrar de Jade eu lembrava dele imediatamente.

As pessoas começaram a ir embora, Marina estava chorando no altar, ao lado de seus familiares e amigos mais próximos. Eu estava até com vergonha de ir até lá e me desculpar. Parecia que ela iria sair me chutando, me chamando de idiota.

Estávamos entre amigos, do lado de fora da igreja, quando Luana apareceu com uma cara nada boa.

- O que aconteceu? - Nathan perguntou o que todos queriam saber.

- Er...

- O que você aprontou, Luana? - Fernanda olha com um olhar mortal para ela. - Cadê Jade? Ela disse que ia atrás de Jake e pedir que não desistisse do casamento. Para ele voltar e aceitar. - ela olha para mim e parece se arrepender por um minuto de ter dito aquilo.

- O que? - o som sai mais para mim do que para os outros, mas foi inaudível o suficiente para todos ali ouvirem.

O Capitão 2 (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora