O Capitão 2 (Concluído)

Cap. 63

Jade Williams On

Eu tinha pegado no sono, acordei com mais uma ligação. Ainda sonolenta eu peguei o celular no criado-mudo da direita, onde eu estava mais próxima. Me acostumei com a claridade da tela do aparelho. A ligação terminou, antes mesmo de ver quem era. Fui na minha caixa de ligações, havia umas cinco de cada amigo meu. Nossa, que estranho, eles não são muito de me ligar. Será que era alguma notícia de última hora? Algo que esteja passando na TV ou na internet?

Entrei no meu Facebook, depois de uns dois minutos nele eu, mesmo sem querer, acabei vendo uma imagem horrível. Um homem cheio de sangue no asfalto.

- Aff, por que as pessoas ainda compartilham essas coisas?

PM por amor (nome da página)

Ainda agora ocorreu um atropelamento na rua ****** *******, ao lado da igreja ****** ******. O motorista, segundo policiais, parecia estar bêbado e fora de si. Ele foi levado ao hospital com ferimentos leves, como cortes e ralados em algumas partes do corpo. O carro ficou totalmente amassado, se partindo ao meio com o impacto. A vítima foi Jake Dornan

Jake Dornan...

Jake Dornan...

Jake Dornan...

- Aahh!!! - joguei o celular na cama e levei as mãos à boca. Meus olhos começaram a dar vestígios de que lágrimas estavam por vir, e vieram.

Peguei novamente o celular, tremendo e chorando como uma condenada.

Capitão do 47° Batalhão da Polícia Militar do Rio de Janeiro. Ele foi levado às pressas ao hospital, e não temos notícias de seu estado clínico ainda. O acidente aconteceu à nove minutos atrás, e foi o suficiente para fotógrafos amadores tirarem fotos e gravarem vídeos, postando nas redes sociais.

Que falta de respeito! Eu estava em choque, e por um momento tive medo daquele nervosismo todo prejudicar o bebê. Respirei fundo, por mais que os soluços não deixassem.

Me levantei correndo, peguei um vestido simples e básico, preto. Tirei o meu vestido do casamento, do qual eu não tinha tirado ainda, e coloquei o vestido escolhido agora. Tudo com muitas lágrimas. Peguei meu celular, a minha bolsa, onde já estava com tudo dentro. Vi o endereço do hospital, era daqui da região mesmo.

Luna pulou em mim, talvez pelo meu desespero.

- Calma, meu amor. - sorrio com lágrimas nos olhos. - Tudo vai ficar bem, ok? Daqui a pouco eu volto.

Deixei água e ração de sobra para ela. Tranquei o apartamento, levando a chave comigo. As pessoas no elevador me olhavam curiosas, algumas com pena da situação que eu me encontrava, mas o meu foco era em Jake. Quando finalmente tudo parecia estar indo bem... POW! Algo ruim acontece e me desmorona por inteiro. Meu filho tem que conhecer o pai. Ele vai conhecê-lo. Jake tem que estar aqui para eu lhe dar a notícia. Arrepios percorriam todo o meu corpo, e aquele frio na barriga, medo de perder alguém amado, batia forte no peito. Era uma dor que eu não sentia, assim como Jake nesse acidente, mas era um dor sentimental, que doía tanto quanto.

Eu estava sendo paciente no trânsito, não por mim e por essas leis, mas, sim, pelo filho que eu esperava. Logo essa semana, da qual eu ia marcar a primeira ultrassom e começar o pré-natal. Onde também eu poderia saber de quantos meses eu estava e como estava meu bebê. Mas com essa notícia de última hora me fez perder o ânimo.

Cheguei ao hospital. Estacionei ao lado, numa vaga. Respirei fundo e entrei. Fui até a recepcionista, que ao ver o meu estado meio que adivinhou o que se passava.

- Jake Dornan? - ela questiona.

Olhei bem para ela. Como ela sabia?

- Sim, como sabe?

- Todos nós sabemos que ele é seu colega de trabalho, senhora. Mas precisamente, Capitão.

- Ah, sim. - sorrio sem graça.

- Ele está passando por um cirurgia.

- O que? Para que? O que ele tem? Não me esconda nada, me fale, por favor. - eu já comecei a me desesperar novamente.

- Se acalme. Não posso dar tantas informações porque nem mesmo eu, sei de tanto assim. Apenas o médico pode dar o diagnóstico completo. Mas sei que essa cirurgia é por causa de seu braço, que quebrou. Não sei se quebrou mais alguma parte do corpo, mas em breve você terá mais informações. A sala de espera é logo ali, à direita. Amigos e familiares dele também estão lá.

Assenti e enxuguei as lágrimas com as mangas do vestido preto. Estava um tempo meio fechado lá fora. Parecia que mais tarde iria cair um toró. Andei devagar pelos corredores daquele hospital. Eu odeio hospitais, me vem lembranças tão ruins. Ou me lembra mortes, ou momentos em que eu sofri, como agora. Cheguei na sala de espera, imediatamente e automaticamente todos olharam para minha cara de derrotada.

- Amiga... - Fernanda vem correndo me abraçar.

Talvez aquilo não adiantasse nada, talvez aquilo não mudasse nada, mas talvez fosse o que eu precisava. Ela me abraçou, e foi o abraço que me confortou. Eu chorava, chorava demais. Não tinha fim para essas lágrimas. E todos viram o meu sofrimento. Aliás, todos sabiam o quanto eu ainda amava Jake Dornan.

- Ei... - me afastei de Fernanda ao ouvir uma voz familiar. Olhei para a bela mulher ao meu lado. Era Marina. - Pode nos deixar a sós, Fer?

- Claro, se precisar de mim eu estou aqui. - ela aponta para a cadeira e se senta na mesma.

Nos olhamos no fundo dos olhos, ela estava acabada! Parecia bem sincera.

- Eu não vim aqui para arrumar confusão, não vim aqui para falar que você é a culpada, nem nada disso. Eu vim aqui para dizer que, independente se Jake sair daqui ou não, ele te ama demais. Nunca duvide. Olha para mim... - ela segura no meu maxilar levemente. Após eu olhar para ela, a mesma sorri. - Ele te ama, e você ama ele. O destino é cheio de pregar peças na gente, mas Deus nunca manda desafios e obstáculos que não podemos cumprir. Eu posso ter sido deixada no altar e todos julgarem Jake por isso, mas eu sabia que desde que você chegou ele começou a me ligar de outro jeito. Apenas como uma boa... Amiga? E eu via o brilho nos olhos de ambos quando se encontravam. Eu posso ter feito ele feliz em todos esses anos, mas um amor que marca a gente, nem que por um minuto, deixa rastros e memórias por uma eternidade. Me promete que se ele sair daqui, você vai fazê-lo feliz? Bem mais do que eu o fiz. Que vai aproveitar cada momento, que vão estar juntos e felizes novamente?

Eu fiquei um tempo em silêncio. Eu não conseguia responder àquela pergunta. Afinal, aquela moça à minha frente era a noiva que Jake deixou no altar. Que disse não. Era a mulher que foi deixada e teria mil motivos para matar Jake e eu.

- Sim, eu prometo.

- Você é uma mulher de ouro. Jake também é um homem maravilhoso, e qualquer mulher tem que se sentir sortuda ao lado dele. Olha, esse homem não é para qualquer uma não, viu? Se esse moço olhou para você com um olhar diferente e viu o que muitos outros caras não viram, com certeza, foi amor a primeira vista. Eu espero que vocês sejam felizes, e que ultrapassem quaisquer tipos de obstáculos que a vida os impor. Sim, eu continuo sendo a noiva que foi deixada no altar. Mas eu sei que foi por uma boa causa. Eu sei que ele não queria isso, porém, foi a melhor decisão. Vamos rezar para Jake sair ileso dessa.

NA😪

Olá, Corujinhas de Plantão!! Capítulos tensos, não?! Eu espero que estejam gostando. Me perdoem a demora, eu estou com dor de dente e qualquer movimento que eu faça dói. Relevem❤