Naquela noite fui dormir com um peso na consciência. Sei lá, eu não conseguia pegar no sono tão fácil. Dormi apenas umas duas ou três horas. Passou-se uns três dias depois daquilo tudo. Hoje é dia vinte e seis de maio.
— Vamos logo, Matheus. Está doente? — Jake perguntava me chacoalhando.
— Calma... — respondi num sussurro.
— Quê? Tá, só levanta.
Ouço sua voz mais distante. Peguei impulso, me levantando de uma vez por todas daquela cama. Coloquei as mãos no rosto, a luz que invadia a janela ainda era um veneno para os meus olhos. Dei um ajeitada no cabelo para ele parar de cair em meu rosto. É, talvez eu estivesse precisando amparar as pontas da franja, que já estava caindo até meu queixo.
Peguei uma camisa branca, minha farda na lavanderia, da qual deixei para lavar na noite passada. Tínhamos que contratar uma empregada urgentemente, não estávamos dando conta de tantas roupas e à fazeres dentro de casa.
Entrei no box após me despir e ligar o chuveiro. Tudo bem que era cinco e meia da manhã e que fosse uma manhã de sábado fria, mas eu me revirei tanto na cama, foi uma insônia tão desgraçada, que eu transpirei demais. Minha camisa estava toda molhada.
Saí do banho depois de uns quinze minutos, mas a minha vontade era de ficar. Estava quentinho, e quando eu saí do banheiro veio aquele ar frio. Não gostei. Vesti a minha camisa e minha farda. Arrumei a minha cama, peguei meu celular, deixei tudo arrumado. Peguei minha bolsa no canto da cama, olhei as horas no celular, era exatamente cinco e cinquenta.
— Matheus? — minha mãe aparece na porta do meu quarto. Era raro ela fazer isso, sempre um ia mais cedo que o outro em determinados dias e não podíamos nos encontrar em casa.
— Oi, mãe. — sorrio, partindo para um abraço apertado. Eu precisava de um abraço materno.
— Tudo bem? Melhorou? — segura minhas bochechas. Eu parecia um bebê daquele jeito, mas era legal e engraçado.
— Estou, mãe. — ponho minhas mãos por cima das suas. — Não se preocupe. Hoje eu vou falar com ela, vou seguir seus conselhos, esclarecer o que sinto e também ouvir ela. — sorrio ao finalizar.
— Isso, meu filho, faça isso. — sorriu. — Me conte tudo na volta.
Risos.
— Sim, pode deixar.
Nos despedimos e eu desci até o estacionamento para ir de carro com destino à Delegacia.
Mais tarde...
O dia foi bem corrido. Tive quatro operações de última hora. Foi bem cansativo. Falei para Jake avisar à mamãe que não estaria em casa para o jantar, eu tinha outros planos. Estacionei o carro numa ótima baliza entre os carros das duas gêmeas em frente ao portão. Talvez fossem guardá-los mais tarde na garagem. Toquei a campainha. Em poucos segundos uma delas apareceu demorei um pouco, em silêncio, tentando reconhecer qual delas era. Era Cecília. Eu sabia. Tinha certeza. Brenda usava uma pulseira de fé e esperança, vermelha, no pulso esquerdo. Aquelas que você fica por anos, só acaba quando sumir.
— Oi, Matheus. — ela disse sem expressão facial e emoção na voz alguma.
— Oi, Cecília... É... Será que... Ãn... Brenda está em casa? — encaro a garota em minha frente.
— Sim. Mas ela não fala muito comigo. Acabou de chegar do Batalhão e parece cansada. Fiquei sabendo que algo aconteceu. O clima está estranho. Quer mesmo tentar falar com a fera?
— Se não for encomodo para você...
— Ela está no quarto. Você sabe o caminho. — sorriu de lado.
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O Capitão 2 (Concluído)
RomanceJade se tornou a pessoa que nunca imaginou ser. Depois de provar dos lábios do Capitão e se apaixonar loucamente, ela estava disposta à continuar com esse amor. Após ser escolhida para servir em uma base dos EUA (Estados Unidos da América), não soub...