Cap. 93

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- E nós todos chateados por não sabermos o sexo ainda. - Diego revira os olhos. - Brincadeira. Eu sempre acreditei no seu potencial de se tornar essa mulher grandiosa que tu és, de conquistar o que sempre almejou, ajudar aos outros como se ajudasse a si mesma. E, hoje, olha só como estás. Mãe, policial, uma ótima policial, por sinal. - risos. - E, como sempre quis, vivendo um conto de fadas depois de tudo de ruim que já viveu.

- Wooonnn!!! - nos abraçamos. - Eu sempre soube que podia contar com você, meu amigo, e por isso que estou onde estou hoje.

- Jade, vem aqui um momento, por favor.

Era Monique. Ué, mas o que ela teria de tão importante que teria que ser em particular? Tudo bem, vamos lá.

- Siim, entre aqui. - me direciono até o meu quarto, que era o primeiro do pequeno corredor.

Me sentei na cama e esperei que ela se sentasse também e começasse a me contar os motivos pelo qual me chamou.

- Eu queria te desejar tudo de bom com o meu filho. Sei que as suas intenções com ele são as melhores, e por isso eu espero, de coração, que nada mais atrapalhe essa relação.

- Obrigada, Monique, mas por que quis me dizer isso em particular?

- Eu recebi uma proposta para morar em Portugal, criar uma segunda empresa lá.

- Aaahhh, que legal!!!

- É, mas meus filhos não vão gostar tanto disso. E além do mais, eu nem vou ver direito o crescimento da minha mais nova netinha.

- Sabe, Jake, Lucca e Matheus sofreram sim com a sua ausência na vida deles. Mas você viu, você sabe como recompensou em menos de quatro anos isso tudo. Eles são gratos por terem crescido com as próprias garras, força de vontade. Eu tenho certeza que eles vão te entender.

- Não sei, eu tenho medo de eles aceitarem e depois me tratarem diferente, como se eu tivesse os abandonado outra vez.

- Eu sinto muito em dizer isso, mas eles já são homens crescidos. Eles sabem o que é certo, errado e duvidoso. Eles vão entender que vocês são adultos com vidas feitas e que podem fazer o que quiserem. E sobre sua neta, relaxa, eu tenho certeza que, além de você poder vir aqui visitar a gente, sempre mandaremos fotos e vídeos para você ver como ela está. E, claro, eu irei mostrar o quão bom é ter uma vó, por mais que a outra não esteja aqui. - seguro suas mãos. - Minha mãe se foi tão cedo. Só viu até o meu terceiro ano na escola. Ninguém sabe tanto quanto eu a dor e a falta que eu sinto até hoje ao lembrar dela ou de coisas sobre ela. A mesma coisa com o meu pai. Tiraram eles tão cedo de mim. Eles nem ficaram sabendo de Jake, meu namorado. Da minha filha, neta deles. Sem falar os outros netos e genros. Por isso, Monique, eu te peço que faça o que tiver vontade. Por que assim como eu, eu tenho certeza que Jake e os meninos querem que você e seu marido aproveitem ao máximo, pelo menos em vida. Você não sabe o quanto eu me sinto culpada por meus pais não terem aproveitado bem a vida deles, e muito menos a das filhas deles. Eles tem que entenderem que agora eles são grandes, que vocês já fizeram a parte de vocês, e que agora precisam somente aproveitar. A vida é realmente um sopro. - caí uma lágrima persistente de meu rosto.

- Oh, menina, você é tão forte. Eu admiro muito a sua coragem, a sua fé e persistência nessa vida. Qualquer uma perto do que você passou entraria em caminhos errados, fazendo escolhas erradas. Mas você e suas irmãs escolheram o certo, e hoje estão colhendo frutos do que plantou. Meu filho merece uma mulher como você na vida dele, assim como Lucca e Matheus merecem Cecília e Brenda na vida deles. Obrigada por esse tempo todo ter sido essa ótima e companheira mulher para ele. - assinto e sorrio.

- Quando você vai partir?

- Era para ser essa madrugada, mas como eu faço de tudo para ver a felicidade do meu filho eu vou ficar até a festa de vocês. - sorri de lado.

- Um abraço? - risos.

- Claro.

E aí eu senti o quão bom é o abraço da minha sogra.

- Bom, vamos voltar para a sala, o pessoal deve ter estranhado o nosso breve sumiço.

- Verdade. - respondo, apenas.

Todos ainda estavam ali, porém, Lívia e Diego de pé.

- Amiga, eu só esperei me despedir, vou para casa, as crianças estão caindo de sono. - ela sorri e me abraça.

- Entendo, até amanhã.

Amanhã eu e as meninas vamos para um clube, assim como os meninos e Jake vão para o paintball.

- Tchau, coisa feia. - bagunço o cabelo de Diego e ambos riram.

- Você que é feia, sai fora. - risos.

Me despedi de Pollo, somente, e dei um cheiro em sua irmã mais nova, aquela que dormia como um anjinho nos braços do pai.

A noite passou tão rápido que nem vimos. Foi tudo tão bom, mas tão rápido também.

- Jake, Lucca, Matheus, um momentinho, por favor. - eles estranharam de início mas acompanharam a mãe até o corredor que ficava o elevador.

Lá ela iria contar a novidade. Iria falar que ficaria por um tempo indeterminado, talvez uma vida, em Portugal. Iria falar que estava triste com a decisão de deixar os filhos mas que merecia viver em paz depois de tanto caos em sua vida.

Sinto o sofá afundar um pouco ao meu lado, alguém teria sentado nele. Mas eu não vi. Nem queria. Minha concentração estava presa em uma foto minha e de Jake na estante. É aquele famoso momento em que você paralisa olhando para algo ou alguém.

- Obrigado.

Foi o que eu ouvi. A voz era grave e eu conhecia bem. Finalmente me viro para olhar seu rosto. Leonardo Antonnie era o dono da voz. Fiz uma expressão confusa, eu realmente não sabia do que ele estava falando.

- Você viu o sorriso do meu filho hoje? Aliás, o sorriso dele desde que você voltou e, principalmente, desde que recuperou a memória. Jade, você foi uma das poucas, senão, a única mulher a fazer Jake sorrir tão sincero daquele jeito. Você fez ele mudar de certa forma. Por mais que não pareça para você, ele é um novo homem. E eu e Monique só temos que agradecer por isso. Daqui a dois dias estamos indo para Portugal, de coração partido, claro, por dois motivos: não vermos nossos filhos e nossa netinha frequentemente. Mas sabemos que você e suas irmãs estão aqui para continuarem fazendo dos nossos eternos meninos os homens mais responsáveis e respeitáveis do mundo.

- Vocês dizem tanto de mim e de minhas irmãs, mas, não, os filhos de vocês mudaram, mas também foi por livre e espontânea vontade. Não temos culpa se eles foram criados em ótimas mãos. - sorrio. - E poderão ter certeza de que aqui, conosco, continuaremos fazendo deles seres humanos cada dia mais evoluídos. Felicidades a vocês e que vivam intensamente.

- Obrigado. - ele sorri e me abraça, eu retribuo.

Naquela noite eu pude notar que eu tenho muitas pessoas ao meu lado querendo o meu bem. Como eu sou grata por tudo isso, meu Deus. Vi Jake e os meninos voltarem com os rostos, talvez, meio inchados. Ele se sentou ao meu lado e me abraçou. Eu apenas retribui. Eu sabia tanto quanto ele que agora ele precisaria de colo, e já que não era o da mãe dele, poderia ser o meu. Aquilo de certa forma pareceu o reconfortar, e isso me deixou mais tranquila. Ele teria que aumentar o astral para o nosso casamento depois de amanhã, e merecia saber que os pais dele estariam felizes com ele onde quer que estivessem.

O Capitão 2 (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora