Cap. 53

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Jake Dornan On

Agora eu teria que ligar para Marina pedindo desculpas. Eu entendo o lado dela. Ela quer atenção, e a meses eu não estou conseguindo dar à ela. Imagina se ela soubesse que eu trouxe Jade para o meu apartamento enquanto ela esteve longe? Eu nem quero pensar nas possibilidades. Se fosse comigo eu também não iria gostar, então eu tenho que ser mais fiel à ela e mostrar que sou o homem certo para Marina.

Eu ligava, ligava, ligava, mas sempre dava na caixa postal. Mandei umas cinquenta mensagens para ela, deixei mais de quinze ligações em seu celular. Nenhum sinal dela. Mano, acho que o único jeito de eu poder falar com ela, é indo na casa dela. Mas e se ela não estiver lá? Não, eu conheço Marina. Toda vez que ela fica triste, eu sei bem para onde ela vai.

Tomei um banho rápido, vesti uma bermuda simples, na cor branca, uma camisa preta, e por fim, os meus chinelos. Era tudo realmente muito simples.

Desci para a praia, em dez minutos eu cheguei lá. Copacabana tinha lá suas vantagens. Estava deserta. Tinha apenas algumas pessoas, mas a maioria já de pé, indo embora. Entre elas, vi uma moça. A minha moça. Corri com toda a vontade, até chegar nela. Toquei em seus ombros, ela se assustou de primeira, mas depois fez como se eu nem estivesse ali.

— Ei, eu sinto muito. Eu não queria ter te tratado daquela maneira. Me perdoa. Você sabe que não estamos planejando o casamento, aquela festa toda, os preparativos, escolhendo os convidados, gastando horas, dias, meses, com tudo isso, para nada, não é? Eu te amo, acredite. Em três anos você conseguiu ser a mulher da minha vida. Em três anos foi você quem esteve lá quando eu precisei. Você precisa saber, eu te amo.

— É?

— Sim, claro que sim.

— Então por que Jade Williams saiu do seu apartamento com você a trinta minutos atrás?

Puta merda, que deslize. Como ela viu? Onde ela estava? Meu Deus, agora que meu casamento acaba de vez.

— Amor... — passo as mãos pelos cabelos. — Como posso começar...

— Pelo começo? — ela realmente estava brava, e com motivo.

— Jade tem um irmão adotivo de uns trinta e poucos anos. Ele é uns oito anos mais velho que ela. Sempre abusou de Jade, sempre bateu nela. Ontem eu vi ela na rua com esse ser. Eles conversavam alto, era como uma discussão. Ele ameaçava ela, dizia coisas horríveis, e como um psicopata, eu não consigo imaginar o que faria com ela ali. Por mais que já tenhamos sido namorados, ficantes, não importa, quero que saiba que eu fiz aquilo porque ela é minha amiga. Fiz aquilo por bondade, como faria com qualquer um. Então eu prendi Louis, Jade passou um pouco mal e até desmaiou. Coloquei os dois no carro e parti para a delegacia. Jade acordou no meio do caminho. Ao chegar, expliquei ao delegado tudo desde o início, nos mínimos detalhes, e, como Louis já tinha uma ficha criminal péssima, foi fácil mantê-lo ali e explicar o motivo. Jade fez corpo de delito e deu positivo, como se alguém, sendo Louis, tivesse deixado marcas em seu pescoço. E para que não fale que estou mentindo, pode perguntar ao delegado e as pessoas que trabalham lá. Depois disso eu levei Jade para o meu apartamento, ela dormiu lá, mas eu dormi no sofá, e ela no quarto. Pode ficar tranquila perante isso. Ela ficou lá a tarde inteira porque eu deixei. Eu mantive ela lá dentro. Mas foi para garantir o bem dela. Semana que vem ela terá uma audiência e eu terei que participar por ser uma testemunha. Eu levei ela para o apê dela, nada mais, você viu o quão rápido eu cheguei, não foi?

— Por que trancou ela no seu apê? Por que? Tinha necessidade disso?

— Não, não tinha, mas... Ai, amor, me desculpa. Eu te imploro, vamos esquecer essa história. Esse mês, daqui à duas semanas estaremos em cima de um altar, recebendo a bênção divina em nossa relação. Você tem que me perdoar.

— Não, Jake. Eu não tenho que te perdoar. Isso foi mais que uma traição. Você não confiou em mim o bastante para me contar essa história quando ela aconteceu. Eu te liguei hoje de manhã, você não me contou NADA. Quando eu cheguei antes de você, eu senti sim, um cheiro de perfume de mulher. Pensa que eu não percebi isso? E acho que você estava adorando, não é mesmo? Por que me regulou sexo? Por que me regulou beijos? Jake, nossa relação está sendo desgastada! E tudo isso por causa da volta de Jade Williams.

— Eu sei, você está certa. Não te culpo, eu estaria como você, pedindo satisfações e nervoso, com direito, depois de saber de algo assim. Mas eu prometo que isso não irá se repetir, você tem a minha palavra.

— É, Jake, acontece que eu não acredito mais em você. Em nada que sai e não sai da sua boca. Parece que tudo que fazemos agora é na base da mentira.

— Me perdoa, tudo vai mudar. Nós vamos nos casar, montar uma família, ser felizes. Isso que importa.

— Se eu não te amasse tanto assim, eu juro que te afogava nessa água azul até ver você roxo.

— Nossa, que maldade. — risos.

— Mas eu te amo demais, e vou te dar essa última chance para mostrar que mudou e que está disposto a seguir nossos planos, como falou.

— Eu te amo.

Joguei ela na areia, ambos riam muito. Nos beijamos, rimos, dei cócegas nela, e por fim, olhamos para o céu, admirando cada estrela.

— Aquela ali é a que mais brilha. — ela diz.

— Qual?

— Aquela. — aponta.

— Iii, vai nascer uma verruga bem no seu dedo.

— Deus é pai. Idiota! — ela dá um soco no meu ombro.

— Estou brincando. Ela parece muito com você. — sorrio.

— Comigo? Como? Em qual aspecto?

— Todas brilham, certo? — assente. — Porém, ela brilha mais, e com a luz própria, faz as pessoas ao seu redor, as que te admiram, ter essa curiosidade.

— Que curiosidade?

— "O que será que ela passou para ter tanto brilho assim?" "O que ela teve que enfrentar? Será que esse brilho todo ela ganhou no caminho?"

— Ai, para de ser bobo. — ela ri e bate de leve em meu peitoral.

— É sério. Você acha que eu não teria me apaixonado por você se o seu brilho não fosse diferente das demais?

— Desse jeito você me deixa sem graça. — se encolhe no meu pescoço.

— Como foi o trabalho hoje? Aliás, como está sendo a vida de uma doutora profissional?

— Melhor impossível. — dava para ver o brilho em seus olhos.

— Melhor como?

— Em todos os sentidos e aspectos. É legal ver a emoção dos pais ao entrarem naquela sala e ouvirem o coração do bebê deles. Ou então quando descobrem o sexo. — ela ri alto. — Ai, meu Deus. Melhor parte. Ou eles choram ou eles choram.

— Bom... Se Deus quiser...

— Um dia seremos nós. — ela completa e sorrimos.

— Sim, exatamente. Seremos os pais mais babões. Tadinhos dos nossos filhos.

— Mas, e você? Como está no trabalho?

— Ah, muito puxado. Esses dias um policial foi morto ao sair do Batalhão.

— Nossa! — ela leva as mãos à boca.

— É, ele prendeu o dono de um morro e os moradores se revoltaram. Moradores. — digo como se fosse algo anormal, e realmente era. Porém, ultimamente está se tornando rotina mortes de policiais por causas assim.

— Nossa, por que a sociedade insiste em defender esses sujeitos? Vocês são heróis por onde passam, por que ainda levam a má fama de tudo?

— Nunca saberemos...

O Capitão 2 (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora