New Life

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Nicolas abriu a porta devagar soltando o cinto, logo em seguida descendo do carro.
Não sabia se era possível um conjurador cair em um feitiço do outro, mas a idéia me deixava amedrontada.

- Nicolas, volta aqui! - Tentei impedi-lo mas não consegui.

Nicolas manteve uma certa distância de Bárbara, parecia não confiar nela. Seus olhos marejados brilhavam, e ela continuava parada como uma estátua, mas dessa vez virada na direção de seu filho.

- Eu não acredito que é você. - Nicolas falou boquiaberto, as lágrimas agora rolavam em seu rosto.

Bárbara não disse nada.

- Como você pôde mentir tantos anos fingindo estar morta? Me largar sozinho na porra do inferno e sumir? - Ele falava tudo com desespero. - Como você fez isso comigo?

- Eu fiz o que tinha que ser feito. - Bárbara disse com uma certa frieza.

- Você é uma péssima mãe! - Ele gritou limpando as lágrimas na camisa azul social que usava.

- Precisa levar Alice pra minha casa, Lúcifer irá atrás dela.

- Ela nunca irá com você!

- Ela precisa vir.

- Só por cima de mim!

Pulei pro banco de motorista, fechei a porta e liguei o carro, trancando automaticamente todas as portas e janelas, por sorte o carro era blindado.

Nicolas olhou pra mim pelo vidro do carro

- Corre. - Pegou um de seus amuletos no bolso. Bárbara parecia não precisar de um, mas também ficou alerta.

Não pude ficar pra ver a briga, tinha que manter o meu filho a salvo e nesse momento, a vida dele era a única que importava.

Eu não tinha muita prática em dirigir, não sabia muito bem aonde estava, mas tinha que dar meu jeito. Pisei no acelerador, virei o carro entrando em uma estrada de terra no meio de uma floresta, não podia correr demais pois ainda não tinha prática, mas andava o mais rápido possível.

A floresta em si era só escuridão, a única coisa que dava luz a esse lugar era o farol do carro de Leonardo e os olhos das criaturas que me observavam mata a fora.

Ao longe, avistei uma espécie de clareira. As árvores pareciam não querer crescer nesse local, mas essa floresta me assustava, queria e precisava sair daqui.

Quando de repente, um bicho atravessou no meio da estrada, não deu tempo de ver o que era, não era muito grande, talvez um porco do mato. Virei o volante muito rápido no susto, na tentativa de desviar do indefeso animal, quando o carro de Leonardo bateu em uma enorme árvore e minha cabeça bateu no volante começando a sangrar em um corte.

A frente do carro estava esmagada, não tinha condições de continuar andando.

- Ah, merda! - Gritei batendo as mãos no volante, estava tonta e meu corpo doía.

O cinto tinha causado ematomas nos meus ombros, o sangue da minha cabeça pingava, abri a porta descendo meio tonta me apoiando no que restava do carro.

Fui em direção a clareira, e coincidentemente a lua estava bem no centro agora.

- E agora sua infeliz, nenhum tipo de ajuda? - Me encostei em uma árvore me sentando fechando os meus olhos.

Quando os abri novamente, havia um gato sentado a centímetros de mim. Ele era incrivelmente lindo, seus olhos eram em um tom amarelado, suas cores variavam entre preto, branco e cinza, era todo rajado e em sua cabeça havia um desenho, o surpreendente era que o seu pelo mesmo havia formado esse desenho.

- Olá amiguinho. - Falei tentando acaricia-lo. Senti meu corpo pesar em um imenso cansaço, e em instantes tudo ficou escuro.

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