PRÓLOGO

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-Uau. – exclamei admirada.

É incrível a diferença entre o céu visto da cidade para visto do campo. Nunca tinha visto o céu tão azul, com tantas estrelas desse modo. Essa foi a primeira coisa que reparei ao descer do carro, a segunda foi como o pessoal da veterinária sabe fazer uma festa.

-Uau mesmo, é hoje que me acabo de cerveja!– Harry gritou animado ao meu lado, e logo em seguida soltou um''uhul'', seguido de Dinah.

-Gente, pelo amor de deus, podem encher o cu de pinga, ficarem loucos, beijar estranhos, mas por favor, não me larguem sozinha, não conheço ninguém aqui. - Pedi pela milésima vez, mas ainda acho pouco, eles ficam muito porra loca nessas festinhas.

Está rolando uma calourada organizada pelos formandos de medicina veterinária para arrecadar grana pra viagem de formatura. Pelo que fiquei sabendo, o namorado de uma das garotas é dono de uma porrada de fazendas aos arredores de Nova York, inclusive esta, uma das maiores produtoras de cevada do estado todo, e emprestou uma parte dela para acontecer A Festa Viking da Cerveja. Sim, este é o nome da festa, pode ser tosco, mas daqui do portal da pra ver que está bombando.

Consigo ver no fundo do espaço um celeiro, pela quantidade de pessoas com copos na filada pra imaginar que ali que está sendo vendido as cervejas. No canto esquerdo tem um pequeno palco montado, uma banda toca músicas instrumentais animadas. O terreno está bem decorado com fileiras de bandeirinhas penduradas, uma enorme bandeira com um símbolo de guerra hasteada no topo do celeiro, bonitos arranjos de madeira, nomeio de tudo uma grande fogueira com um cordão de isolamento ao redor. Indo para o lado direito se alcança a plantação de cevada,ótimo pra quem tá querendo se agarrar com alguém.Ficou tudo bem organizadinho, exceto a caracterização do pessoal, inclusive a minha, que ficou um lixo. O tema da festa era Viking, portanto o certo seriam os rapazes virem como bárbaros e as moças com aqueles vestidões, certo? Pois é, acontece que isso aqui está uma zona,pelo que pude enxergar daqui, muita gente se confundiu de cultura, e a maioria dos caras simplesmente tirou a camisa.Eu, por exemplo,decidi vir de última hora, na correria do momento vesti uma roupa que usei pra fazer cosplay da Roberta do RBD no colegial, só fui perceber o quanto isso não tinha nada a ver no carro, só que já era tarde demais.

-Relaxa Chancho, você acha mesmo que largaríamos nossa bebe desprotegida no meio de um tanto de macho bêbado? – Já havíamos alcançado a fila e esperávamos nossa vez de pedir.

-É! Ainda mais você assim, igualzinha a um fetiche de algum japonês pedófilo. – Harry acrescentou. – Camila, sua miopia voltou? Porque garota, essa roupa tá alguns bons números abaixo de você, ficou bem piranha.

-Eu adoraria levar a Mila bem piranha atrás da gente Hazza, o problema é que ela tá parecendo nossa filha, e não uma mulher vestida com vulgaridade. –Eu ri. Ri muito. Eles dizem que me visto muito comportada e devia mostrar mais. No Halloween é sempre uma luta para escolher a minha fantasia, eles querem pegar o que escolhi e transformar numa versão safadinha.É ótimo ver eles frustrados.

-Hey! – Vou me defender um pouco, senão eles me pesam a noite toda, mesmo ridícula estou me divertindo horrores com essa roupinha. – Não acho que fiquei piranha, e muito menos com cara de criança. – Chegou a vez da Dinah na fila. – Talvez um pouco fora de contexto, mas todo mundo aqui tá avacalhado, tô melhor que muita gente.

Chegou minha vez na fila.

-Boa noite! Vou quer- – Fui interrompida.

-Moça,posso ver seu RG? – Ele me olhou com a testa franzida.

-Ham?– Não entendi. – Você não pediu o de ninguém, por que o meu?

-Não posso vender bebida pra menor de idade. – Dinah e Harry já riam de colocar a mão na barriga.

-Eu não sou menor de idade. – Falei já meio nervosa. Que homem abusado! Não esperei tanto a maioridade pra passar por isso.

-Então me mostra o documento, por favor. – Ele tá me testando ele.

-Você tá me tirando né? – Não tenho cara de criança! – Olha a minha cara, realmente acha que não tenho pelo menos dezoito anos?

Ao meu lado chegou uma novata da minha faculdade, bem conhecida no campus por ter ingressado na universidade somente com dezesseis anos.

-Duas Budweiser, por favor. – Pediu ela.

-Claro. – O mesmo atendente sorriu e entregou a ela.

Não acredito. É agora que armo um barraco nesse lugar!

-Olha  aqui, moça. – Ele voltou seu olhar pra mim. – Eu posso te vender um refrigerante, temos uma limonada suíça muito boa também.

-Escuta aqui, garoto, vou te dizer onde você enfia essa limon- – Fui interrompida, de novo.

-Mila! – Vero,uma conhecida nossa chegou por trás do escroto. – Você tá vermelha garota, tá passando bem? – Ela olhou pra trás de mim. –Oi Harry, Oi Vadinah. – Acenou pros inúteis que riram a discussão inteira e nada de me ajudar.

-Opa, Vero! – Acenaram pra ela.

-Você tá trabalhando aqui? – Perguntei.

-Tô sim, vim dá uma força pras meninas, estava atoa mesmo.– Todo mundo conhece a Vero, tipo, todo mundo mesmo.

-Dá pra você então, por favor, me vender uma heinken? Esse cara aqui é cego,acha que sou menor de idade!

-Essa roupa não tá ajudando muito Mila — Vero me olhou de cima a baixo e prendeu a risada. Relevei. – Parece uma criança que se vestiu com pouca roupa pra parecer adulta – aff. – Mas aqui. – Me entregou uma longneck. O cegueta já tinha ido atender outras pessoas. – Boa festa, passa aqui depois pra gente trocar uma ideia.

-Obrigada, Vero, passo sim. – Acenei pra ela. Os meninos também.

Olhei feio para os dois.

Tongue TiedOnde histórias criam vida. Descubra agora